O primeiro-ministro conservador da Bulgária, Boiko Borisov, permanecerá no cargo apesar da violência que marcou a madrugada de quarta para quinta-feira nas manifestações anticorrupção que afetam o país há dois meses, segundo seu partido político.
"Depois dos excessos de ontem, não renunciaremos, porque isso significaria que qualquer governo deveria ceder à pressão dos desordeiros", disse no parlamento um líder do Gerb, o partido no poder, Toma Bikov.
Segundo a polícia, 126 pessoas, 62 delas já conhecidas pelas forças de segurança, foram presas. Oitenta policiais ficaram feridos e os agentes usaram, pela primeira vez, sprays de pimenta para dispersar os manifestantes.
Alguns dos manifestantes foram cercados e espancados, segundo um fotógrafo que trabalha para a AFP e foi ferido.
"Esses confrontos permitem ao governo marcar um ponto com a opinião pública", comentou o cientista político Dimitar Ganev na televisão búlgara.
"O limite da intolerância foi ultrapassado (...). Nós suspendemos os bloqueios porque elementos criminosos haviam armazenado material perigoso", incluindo coquetéis molotov, declarou nesta quinta-feira à imprensa o diretor da polícia em Sofia, Gueorgui Hadjiev.
"Alguns manifestantes, entre eles torcedores de futebol, agrediram brutalmente" a polícia, lamentou Hadjiev.
"Eles atacaram com fogos de artifício, bombas artesanais, pedras e paralelepípedos", acrescentou.
Impotentes diante dos excessos, os organizadores das manifestações falaram em "provocações" e seus apelos à calma não foram ouvidos.
Eles exigem a renúncia do primeiro-ministro, a quem acusam de fechar os olhos para a corrupção.
O movimento de protestos tomou um rumo violento pela primeira vez em dois meses, constataram jornalistas da AFP, depois que o governo obteve o aval do parlamento, na quarta-feira, para lançar um projeto polêmico de reforma da Constituição.