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Incêndios matam 24 e colocam 500 mil americanos em fuga na Costa Oeste

As chamas são alimentadas pelos ventos fortes e o clima seco, uma combinação fatal que todo ano provoca incêndios florestais que deixam um rastro de destruição na Costa Oeste dos EUA.

Agência Estado
postado em 12/09/2020 09:45
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)
Pelo menos 100 focos de incêndio estão se espalhando rapidamente pelos Estados da Califórnia, Oregon e Washington e já causaram 24 mortes e uma fuga em massa de meio milhão de pessoas. As chamas são alimentadas pelos ventos fortes e o clima seco, uma combinação fatal que todo ano provoca incêndios florestais que deixam um rastro de destruição na Costa Oeste dos EUA.
A região é tão habituada ao fenômeno que cada incêndio recebe um nome - normalmente, o local de origem do fogo. Nesta sexta-feira, 11, dois deles - os incêndios de Beachie Creek e de Riverside - ameaçavam se fundir nos subúrbios de Portland, no Estado do Oregon. A metrópole de 2,2 milhões de habitantes declarou estado de emergência. Segundo autoridades estaduais, 500 mil pessoas - ou 10% da população do Oregon - abandonaram suas casas.
Os incêndios já consumiram 12,5 mil quilômetros quadrados de terras na Califórnia, 4 mil quilômetros quadrados no Oregon e reduziram a cinzas diversas cidades em Washington, envolvendo toda a Costa Oeste americana em uma nuvem de fumaça que deteriora a qualidade do ar de milhões de pessoas. "Nunca tivemos essa quantidade de incêndios fora de controle em nosso Estado", disse a governador do Oregon, a democrata Kate Brown.
Ao menos cinco localidades do Estado ficaram completamente "destruídas", segundo a governadora. Ela explicou que a superfície devastada pelas chamas nas últimas 72 horas representa o dobro da área afetada pelo fogo no Estado, em média, a cada ano. "Esta pode ser a maior perda de vidas humanas e de propriedades provocada por incêndios florestais na história do Oregon."
Na cidade de Estacada, de 3 mil habitantes, a 20 quilômetros da malha urbana de Portland, os moradores receberam um ultimato das autoridades locais: "Se você não deixou a cidade ainda, deve fazê-lo agora. A partir deste momento, não haverá bombeiros protegendo a cidade."
O governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, também usou um tom sombrio para pedir que a população acatasse as ordens de retirada. "Seis dois 20 piores incêndios florestais da história da Califórnia ocorreram em 2020", disse. "Se você receber um aviso para sair de casa, por favor, o faça imediatamente."
À medida que o fogo consome florestas e cidades, os bombeiros enfrentam muitas dificuldades para combatê-lo. As nuvens de fumaça impedem sobrevoos e o trabalho tem de ser feito exclusivamente no solo. As chamas, no entanto, impedem o acesso a várias regiões. A alta temperatura agrava a situação e ventos fortes e sem direção espalham os focos em todos os lados.
Para piorar, o combate ao fogo vem sendo minado por informações falsas espalhas nas redes sociais. Ontem, autoridades detectaram que grupos de extrema direita vêm espalhando boatos de que ativistas de extrema esquerda são responsáveis pelos incêndios. Os rumores fizeram com que muitos moradores de cidades pequenas ignorassem os alertas de retirada e permanecessem em casa, montando guarda contra uma invasão imaginária.
"Estou protegendo a minha cidade", disse Troy McNeeley, diante de sua casa de 900 metros quadrados que divide com o filho e meia dúzia de gatos em Molalla, cidade de 9 mil habitantes nos arredores de Portland. "Se eu vir alguém fazendo alguma coisa errada, eu atiro."
A onda de desinformação foi tão intensa que a polícia do condado de Douglas, no sul do Oregon, publicou um pedido em sua página do Facebook: "Parem de espalhar boatos". Até o FBI foi acionado. "Relatos de que extremistas estão causando os incêndios florestais no Oregon são falsos. Ajude-nos a impedir a disseminação de informações incorretas, compartilhando apenas informações de fontes oficiais confiáveis", anunciou o FBI pelo Twitter.
Disputa
Os governadores dos três Estados - todos democratas - culparam o aquecimento global pela destruição. "Não vamos abandonar o futuro do Estado diante das mudanças climáticas", afirmou Jay Inslee, de Washington. "Isto é uma emergência climática", disse Gavin Newson, da Califórnia, que aproveitou para criticar o governo federal por ter derrubado regulamentações ambientais.
Ontem, o presidente Donald Trump não comentou sobre os incêndios. No entanto, em agosto, ele culpou o governo democrata da Califórnia por não limpar corretamente as florestas, "retirando folhas e galhos quebrados". "Eu venho alertando há mais de três anos. É preciso limpar o solo. Mas eles não me escutam."
A temporada mortal de 2018
O incêndio mais mortal da história da Califórnia ocorreu em novembro de 2018. Batizado de Camp Fire, ele consumiu mais de 600 quilômetros quadrados do condado de Butte, ao norte de Sacramento, capital do Estado, destruiu 18,8 mil edifícios e matou 85 pessoas. Até então, o mais letal havia sido o incêndio em Griffith Park, em Los Angeles, em 1933, que deixou 29 mortos.
Nenhum deles, porém, foi tão vasto quando o incêndio batizado de August Complex - a fusão de dois incêndios menores, o Elkhorn e o Doe -, que já consumiu 3 mil quilômetros quadrados do norte da Califórnia, praticamente o dobro da área que foi queimada em um incêndio parecido em 2018.
De acordo com o National Interagency Fire Center, os prejuízos provocados pelos incêndios neste ano já são estimados em mais de US$ 1 bilhão. O Camp Fire, de 2018, segundo o Los Angeles Times, custou US$ 12,5 bilhões às companhias de seguro do Estado. A cada ano, o problema vem ficando mais caro. Em média, o contribuinte paga US$ 3 bilhões para o combate aos incêndios no Estado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

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