ORIENTE MÉDIO

Primeiro voo comercial entre Israel e Emirados

O voo LY971, da companhia área israelense El Al, tocou a pista do aeroporto de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) às 15h39 (8h39 em Brasília), proveniente de Tel Aviv. Da cabine dos pilotos, as bandeiras de Israel, dos Estados Unidos e dos Emirados tremularam sob a inscrição “Paz”, escrita nos idiomas hebraico, inglês e árabe. O “primeiro voo comercial direto” entre os dois países pousou duas semanas depois que eles anunciaram a normalização das relações.
“É um dia histórico. Tínhamos sonhado com isso e temos trabalhado para realizá-lo. Agora, está diante de nossos olhos”, declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O avião levou uma delegação de Israel e dos EUA, liderada por Jared Kushner, genro e assessor do presidente Donald Trump. Para adicionar mais simbolismo à viagem, a aeronave sobrevoou o espaço aéreo da Arábia Saudita, país com o qual Israel não tem relações.
“É a primeira vez que isso ocorre e quero agradecer ao reino da Arábia Saudita por torná-lo possível”, disse Kushner, depois da aterrissagem em Abu Dhabi, referindo-se ao fato de ter sobrevoado o espaço aéreo saudita. Em 13 de agosto passado, Emirados e Israel anunciaram um acordo para normalizar suas relações, oficiosas há vários anos. O país tornou-se o primeiro da região do Golfo a estabelecer relações com Israel e o terceiro do mundo árabe, depois dos acordos assinados com o Egito, em 1979, e com a Jordânia, em 1994.
“Presos no passado”

Palestinos, hostis ao acordo, criticaram o voo comercial. “Achamos lamentável ver um avião israelense pousar nos Emirados, em uma violação flagrante da posição árabe no conflito árabe-israelense”, declarou o chefe de governo palestino, Mohammed Shtayyeh. “A paz não pode ser alcançada negando o direito de existência dos palestinos”, disse Saeb Erakat, o principal negociador palestino. Kushner convidou os palestinos a voltarem à mesa de negociações. “Não deveriam ficar presos ao passado”, disse. Por sua vez, o chefe de diplomacia da União Europeria, Josep Borrell, considerou o voo “um sinal importante para uma nova página na história das relações bilaterais no Oriente Médio”. “Espero que ajude a retomada das negociações para uma paz duradoura” entre israelenses e palestinos, acrescentou. Desde que o acordo foi anunciado, com mediação dos Estados Unidos, ministros de Israel e dos Emirados multiplicaram os contatos por telefone.
No avião que decolou de Tel Aviv viajaram, além de Kushner, o conselheiro dos EUA para a segurança nacional, Robert O’Brien, e o enviado dos EUA ao Irã, Brian Hook. O voo LY971 recebeu seu número pelo código telefônico da Emirates. Do lado israelense, viajaram 20 funcionários e assessores de Netanyahu, em questões ligadas ao Golfo, como Meir Ben Shabbat, chefe do Conselho para a segurança nacional.