Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) declararam que não se deve confiar em uma possível imunidade de rebanho para a covid-19. Segundo eles, menos de 10% das pessoas têm anticorpos para a enfermidade, e, por isso, é necessário se dedicar a estratégias de combate à doença que têm se mostrado eficazes e estão disponíveis, como o isolamento e o uso de máscaras.
“Precisamos focar no que realmente podemos fazer para suprimir a transmissão, e não viver na esperança de que a imunidade de rebanho seja nossa salvação. No momento, isso não é uma solução”, frisou Michael Ryan, diretor do Programa de Emergências da OMS, em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra, na Suíça.
A imunidade de rebanho consiste em uma parcela considerável de indivíduos sendo contaminada, passando, assim, a carregar células de defesa contra o vírus, o que diminuiria o número de novos casos. A ideia foi defendida por alguns governos como justificativa para a reabertura principalmente dos comércios. A OMS frisa que o nível de mortes que podem ser provocadas ao usar esse tipo de estratégia é extremamente elevado.
Alocação de vacinas
Também ontem, a agência das Nações Unidas enviou uma carta aos países-membros pedindo que todos se unam ao sistema de acesso à vacina para a covid-19. Bruce Aylward, assessor do diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, destacou que mais de 170 países — representando cerca de 70% da população mundial — já indicaram que desejam aderir ao mecanismo. “Esperamos uma resposta firme dos países até 31 de agosto”, afirmou.
Assim que as vacinas estiverem disponíveis, a OMS propõe que alocação delas ocorra em duas fases, por meio de um mecanismo chamado Covax. “Durante a primeira fase, as doses serão alocadas de forma proporcional e simultânea a todos os países participantes, para reduzir o risco global. Durante a fase 2, levaremos em consideração a ameaça e a vulnerabilidade dos países”, detalhou Ghebreyesus.
Para a OMS, essa é a melhor estratégia a ser usada para a distribuição dos imunizantes. “A maneira mais rápida de acabar com essa pandemia e reabrir as economias é começar protegendo as populações expostas a um risco maior, em vez de populações inteiras em apenas alguns países. Devemos prevenir o nacionalismo da vacina”, defendeu o diretor-geral da OMS.