O grupo de tecnologia Google iniciou uma ofensiva contra o plano da Austrália de fazer os gigantes digitais pagar pelas notícias que publicam, alertando os usuários que seus dados pessoais podem "estar em risco".
A Austrália anunciou em julho que empresas como Google e Facebook terão que pagar aos meios de comunicação pelo uso de seu conteúdo, após 18 meses de negociações que terminaram sem acordo.
A medida histórica contempla multas milionárias para quem não cumprir a regra e exige transparência a respeito dos algoritmos, que estas empresas mantêm em sigilo e que utilizam para classificar o conteúdo.
O Google iniciou uma ofensiva para evitar que as medidas entrem em vigor.
Nesta segunda-feira, a empresa afirmou em um anúncio em sua página inicial que "a forma como os australianos usam o Google está em risco" e suas buscas serão "afetadas" pelas mudanças.
O texto adverte ainda que o grupo será obrigado a entregar informações sobre as buscas dos usuários às empresas jornalísticas e fornecer informações que "as ajudarão a aumentar artificialmente sua classificação" acima de outros mecanismos de busca.
Google alega que já paga milhões de dólares aos meios de comunicação australianos e facilita bilhões de visitas por ano aos sites.
"Porém, ao invés de promover este tipo de associação, a lei dará tratamento especial às grandes empresas jornalísticas e as incentivará a fazer demandas enormes e insanas que poderiam colocar nossos serviços gratuitos em risco", completa o texto.
A legislação se concentrará inicialmente no Facebook e Google, dois gigantes do setor, mas eventualmente será aplicada a qualquer plataforma digital.
A proposta australiana desperta interesse em todo o mundo, já que muitos países querem que estas empresas paguem pelas notícias que enriquecem seus serviços e que obtêm de maneira gratuita.
A imprensa de todo o planeta sofreu os efeitos da economia digital, onde as grandes empresas digitais captam a maior parte da publicidade.
A pandemia de coronavírus agravou a crise econômica e provocou o fechamento de dezenas de jornais australianos.
Ao contrário das tentativas em outros países para obrigar o pagamento das plataformas digitais pelo uso de notícias, a iniciativa australiana se baseia na lei sobre a concorrência, ao invés da regulamentação dos direitos autorais.
A lei tem o forte apoio da imprensa local, que espera a entrada em vigor ainda este ano.