Washington, Estados Unidos -Um grupo de quase 30 países, incluindo Estados Unidos, vários membros do Grupo de Lima, o Grupo de Contato Internacional, a União Europeia e outros como Israel e Coreia do Sul, divulgou uma declaração conjunta pedindo "eleições libres" na Venezuela.
O texto conclama "todos os venezuelanos", de todas as tendências ideológicas, sejam civis ou militares, a se comprometerem "com urgência" em apoiar um processo de estabelecimento de um governo de transição inclusivo "que leve o país a eleições presidenciais livres e justas no curto prazo".
"A atual pandemia (de coronavírus) e o sobrecarregado sistema de saúde pública da Venezuela tornaram ainda mais urgente a necessidade de dar fim ao status quo", diz o documento.
A Venezuela está imersa em uma crise política desde janeiro de 2019, quando Nicolás Maduro assumiu um segundo mandato presidencial até 2025 que não é reconhecido pela oposição e por cerca de 60 países, incluindo os Estados Unidos, que desde então reconhecem como única autoridade legítima no país o parlamentar Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional eleita em 2015.
A outrora potência petrolífera atravessa também uma crise econômica cruel desde que Maduro tomou o poder em 2013, o que arruinou o país de 5 milhões de habitantes, de acordo com a ONU.
A declaração, assinada nesta sexta-feira por 31 países, afirma que este processo deverá permitir à Assembleia Nacional (Parlamento) cumprir "plenamente" as suas funções e deverá restaurar "a independência" do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral.
E observa que os avanços feito nas negociações facilitadas pela Noruega em Barbados no ano passado "devem guiar o caminho à frente".
Além disso, reitera a "disposição de todos os países que mantêm sanções econômicas de discutir o abrandamento destas no contexto de progressos na área política". Os Estados Unidos, em particular, emitiram uma bateria de sanções para pressionar o governo de Nicolás Maduro a deixar o poder.
"A atual pandemia (de coronavírus) e o sobrecarregado sistema de saúde pública da Venezuela tornaram ainda mais urgente a necessidade de dar fim ao status quo", diz o documento.
Ao mesmo tempo, exige "o fim de todas as perseguições políticas e atos de repressão", apontando para um "aumento da repressão" em geral e contra defensores dos direitos humanos, trabalhadores da saúde, jornalistas, membros de comunidades indígenas e membros da Assembleia Nacional sob a liderança de Juan Guaidó.
Sobre as sanções econômicas impostas por vários países para pressionar por mudanças na Venezuela, o texto reitera a disposição de suspendê-las "em um contexto de progresso político".
O governo americano de Donald Trump, assim como o do Canadá e a UE, emitiram numerosas medidas contra Maduro e seu governo, sob acusações de corrupção generalizada e graves violações dos direitos humanos.
- 'Farsantes!' -
"Uma transição rápida e pacífica para a democracia é o caminho mais eficaz e viável para a estabilidade, recuperação e prosperidade da Venezuela. Continuamos comprometidos em ajudar o povo venezuelano a alcançar um futuro pacífico, próspero e democrático", conclui a nota.
De Caracas, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, considerou o comunicado "extravagante", "absurdo", "ingerencista", e acusou o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, de ordenar "um grupo de governos satélites" a assiná-lo.
"Eles não acreditam em democracia. Farsantes!", tuitou Arreaza ao rejeitar o documento, que, segundo o chanceler venezuelano, tem a "intenção de sabotar as eleições parlamentares na Venezuela" no "desespero eleitoral" de Pompeo diante dos comícios de novembro em que Trump buscará a reeleição.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou na sexta-feira à tarde os países signatários do texto.
São eles: Albânia, Austrália, Bahamas, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Estônia, Geórgia, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Hungria, Israel, Kosovo Letônia, Lituânia, Panamá, Paraguai, Peru, Reino Unido, República Dominicana, Santa Lúcia e Ucrânia.
A Argentina se dissociou expressamente da iniciativa e também questionou os opositores venezuelanos que convocaram a abstenção nas eleições parlamentares marcadas para dezembro.