EUA

Ação pede a dissolução da NRA

Estado acusa a associação armamentista, alinhada ao Partido Republicano, por fraude financeira, com desvio de recursos para enriquecimento pessoal de lideranças, e má conduta. Grupo vê motivação política na ação, apresentada a três meses das eleições

A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, ajuizou, ontem, uma ação em que acusa a poderosa National Rifle Association (NRA), principal associação armamentista norte-americana, e seu diretor-executivo, Wayne LaPierre, por fraude financeira e má conduta. O objetivo do processo, apresentado à Justiça de Manhattan, é a dissolução do grupo de lobby conservador.
“A influência da NRA tem sido tão poderosa que a organização não foi controlada por décadas, à medida que os altos executivos desviavam milhões para o próprio bolso”, destacou Letitia James, acrescentando: “A NRA está cheia de fraudes e abusos, então, procuramos dissolver a NRA, porque nenhuma organização está acima da lei.”


De acordo com a procuradora, LaPierre e três outros altos funcionários do grupo usaram fundos e doações de membros por anos como seu “cofrinho pessoal”. Foram gastos, segundo a denúncia, dezenas de milhões de dólares em gastos pessoais e de cúmplices em violação das leis que governam as organizações sem fins lucrativos.


Letitia James assinalou que os quatro denunciados “basicamente saquearam” os ativos do grupo, deixando-o praticamente insolvente. A NRA, que já foi rica, injetou milhões em campanhas políticas republicanas.
Em resposta, a NRA acusou a procuradora-geral de agir politicamente, a menos de três meses das eleições presidenciais. Por meio de um comunicado, a associação enfatizou que Letitia James quer “somar pontos políticos”.


“Esse foi um ataque infundado e premeditado à nossa organização e às liberdades da Segunda Emenda que ela luta para defender”, reagiu a presidente da NRA, Carolyn Meadows, na nota. Ontem mesmo, a associação apresentou um recurso contra a procuradora. “Não apenas não vamos nos afastar dessa luta, como a vamos enfrentar e prevalecer”, garantiu.
A procuradora negou que tenha agido por motivações políticas. A denúncia ocorre no momento em que a NRA, embora enfraquecida financeiramente, organiza-se para injetar grandes quantias nas eleições.

Poder

Durante décadas, a NRA representou milhões de proprietários e advogados de armas nos Estados Unidos, lutando com sucesso substancial para enfraquecer e eliminar as leis que impunham controles, usando a Segunda Emenda à Constituição como argumento.


Na política, a NRA apoiou os candidatos que se alinharam com seus pontos de vista e criticou aqueles que apoiavam a regulamentação de armas de fogo.


LaPierre, que liderou a NRA por quase três décadas, tornou-se um dos principais homens de poder sobre o assunto em Washington. Ele teve papel importante nas eleições de Donald Trump, em 2016. Filhos do presidente, Eric e Donald Jr, são membros e participam regularmente de eventos do grupo. Perguntado sobre o processo, Trump disse que trata-se de “uma coisa terrível”. “Acho que a NRA deveria se mudar para o Texas e levar uma vida muito boa e bonita”, sugeriu.

 

 

Trump prevê vacina antes de novembro

Ansioso por um retorno rápido à normalidade nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump disse que uma vacina contra a covid-19 pode ser produzida antes das eleições de 3 de novembro, nas quais tentará novo mandato. Trata-se de um cronograma bem mais otimista do que o apresentado pelo principal consultor epidemiológico da Casa Branca, Anthony Fauci, cauteloso em suas previsões.
Trump fez o prognóstico durante entrevista concedida ao radialista conservador Geraldo Rivera. Quando perguntado se uma vacina poderia estar disponível para as eleições, o presidente respondeu que acreditava que “em alguns casos, sim”, acrescentando que também era possível antes. “Por volta dessa data”, disse o chefe da Casa Branca, acrescentando que o país tem “um grande número” de vacinas em estudo.
Na véspera, Anthony Fauci disse estar “cautelosamente otimista” com o sucesso no desenvolvimento de uma vacina, que, segundo ele, poderia ter sua segurança e eficácia reconhecidas em algum momento “até o fim do ano, início de 2021”.
O governo Trump está investindo grandes quantias de recursos federais no desenvolvimento de uma vacina. País mais atingido pela pandemia, os EUA ultrapassaram 4,8 milhões de casos da covid-19, com mais de 158 mil mortes. Entre quarta-feira e ontem, o país registrou mais de 2 mil óbitos pela primeira vez em três meses. A crise sanitária vem impactando na economia e, como consequência, nas pretensões eleitorais do republicano. As últimas pesquisas mostram o democrata Joe Biden à frente nas intenções de voto.