No primeiro dia de uma nova viagem ao Oriente Médio, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, declarou nesta segunda-feira (24/8) que está "otimista" em ver "outros países árabes" seguirem o exemplo dos Emirados Árabes Unidos e normalizarem suas relações com Israel, apesar dos protestos palestinos.
Usando uma máscara com as cores da bandeira americana, Pompeo se encontrou em Jerusalém com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
"Estou muito otimista em ver outros países árabes aproveitarem esta oportunidade, para reconhecer o Estado de Israel e trabalhar com ele", disse Pompeo durante uma coletiva de imprensa após o encontro.
O secretário de Estado não listou os países candidatos à normalização com Israel, mas deve visitar Sudão e Bahrein, além dos Emirados, durante a viagem de cinco dias pelo Oriente Médio.
Desde o anúncio, em 13 de agosto, do acordo de normalização entre os Emirados e Israel, concluído sob mediação dos Estados Unidos, aumentaram as especulações sobre outros possíveis candidatos à normalização com o Estado hebreu: Bahrein, Omã, Sudão?
Em Cartum, Pompeo deve "expressar seu apoio ao aprofundamento das relações Israel-Sudão" e à "transição" neste país que virou a página de três décadas sob a autocracia de Omar al-Bashir, segundo Washington.
Ao lado de Pompeo, Netanyahu falou de "uma nova era" em que "outros países" da região poderiam seguir os passos dos Emirados.
"Discutimos isso e espero que aconteça algo novo em um futuro próximo", afirmou.
Com a normalização, Israel e Emirados já afirmaram que desejam aumentar o comércio bilateral, a venda de petróleo dos Emirados para Israel e de tecnologia israelense para os Emirados, além de impulsionar o setor de turismo, com voos diretos entre Tel-Aviv e Dubai e Abu Dhabi.
Mobilização
O plano Trump para o Oriente Médio anunciado em janeiro prevê a cooperação entre Israel e países árabes hostis ao Irã, o inimigo do Estado judeu, assim como a anexação de partes da Cisjordânia por Israel.
Os Emirados garantem que o acordo com Israel prevê "acabar com qualquer anexação adicional" na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, enquanto Netanyahu se referiu a um simples "adiamento".
Os palestinos, do Fatah do presidente Mahmud Abbas ao Hamas islamita, criticaram o acordo Israel/Emirados Árabes Unidos. Muitos o consideram uma "facada nas costas", e tentam mobilizar potências estrangeiras para bloqueá-lo.
A este respeito, o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, é esperado durante a noite em Jerusalém, segundo fontes diplomáticas. Ele deve se reunir com Netanyahu em Jerusalém e com Abbas em Ramallah, na Cisjordânia.
No poder em Gaza, outro território palestino, o Hamas pediu aos líderes regionais que "quebrassem o silêncio" e pressionassem Israel a "encerrar" o bloqueio a este enclave.
A normalização "permitirá mudar a trajetória da região, de um passado de hostilidades e conflitos a outro de esperança, paz e prosperidade", defendeu o embaixador dos Emirados em Washington, Youssef al-Otaïba, com referência ao acordo com Israel, embora alertando que podem surgir "dificuldades".
"Garantias"
Um assunto permanece particularmente delicado para Israel: a possível venda de caças F-35 pelos Estados Unidos aos Emirados.
Este último tem cerca de 60 Mirage 2000, uma aeronave de combate multiuso, mas de acordo com o New York Times a administração Trump "intensificou" sua ofensiva para vender F-35s de nova geração aos Emirados.
Historicamente, Israel se opõe à venda de F-35s para outros países do Oriente Médio, incluindo Jordânia e Egito - países com os quais assinou acordos de paz - porque deseja manter sua superioridade tecnológica na região.
Benjamin Netanyahu reiterou nesta segunda-feira que o acordo com os Emirados não incluía uma cláusula referente ao F-35, embora tenha afirmado ter recebido "garantias" dos Estados Unidos de que o "avanço" militar de seu país seria mantido.
"Continuaremos a manter este avanço militar qualitativo (para Israel)", mas "também queremos ser capazes de fornecer (aos Emirados) o equipamento de que precisam para proteger seu povo da mesma ameaça representada pela República Islâmica do Irã", disse Pompeo.
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