A campanha presidencial americana entra nesta segunda-feira (17/8) em uma etapa crucial, com o início da convenção virtual para nomear Joe Biden como candidato à Casa Branca com um discurso aguardado da ex-primeira-dama Michelle Obama.
O evento deste ano não tem nada de convencional, uma vez que a pandemia de coronavírus levou à organização de um evento sem público e sem pompa, mais parecido com um programa de TV do que com um comício.
O local escolhido para a reunião, de quatro dias, foi Milwaukee, Wisconsin, um estado-chave para chegar à Casa Branca que os democratas precisam tomar do presidente Donald Trump, que teve uma vitória surpreendente ali em 2016, contra Hillary Clinton.
"Pode ser que estejamos distantes fisicamente, mas, esta semana, nós, democratas, nos unimos em todo o país para apresentar nossa visão para que os Estados Unidos sejam melhores", tuitou Biden.
Esta noite, Michelle Obama terá colocar sua popularidade a serviço de Biden, no início de uma semana de discursos em que o Partido Democrata buscará projetar uma imagem de união frente a Trump.
Apesar das restrições motivadas pela pandemia, que já deixou mais de 170.000 mortos nos Estados Unidos, Trump viajou para o centro dos Estados Unidos, a fim de fazer dois discursos, um deles em Oshkosh, Wisconsin, a cerca de 90 minutos do local onde os democratas planejaram se reunir.
Em Minnesota, Trump expressou que busca trazer de volta "a lei e a ordem", e criticou a convenção democrata e o discurso de Michelle. "Acabo de saber que seu discurso está gravado", disse a apoiadores.
Bernie em cena
O dia começou com uma série de reuniões virtuais, começando com a do Caucus Hispânico do Partido Democrata, no qual vários congressistas e líderes sociais destacaram o impacto desproporcional do novo coronavírus na comunidade latina. "Muitas comunidades latinas apresentam a taxa mais alta de infecções", assinalou Julián Castro, único latino que disputou a indicação nas primárias.
O programa da noite de hoje também conta com a presença do ex-rival de Biden nas primárias, o senador progressista Bernie Sanders, e o ex-governador republicano de Ohio, John Kasich, uma referência aos republicanos que estão arrependidos ou cansados de apoiar Trump. "É absolutamente necessário que Donald Trump seja derrotado", disse Sanders à ABC no domingo.
A convenção ocorre em paralelo a uma briga espinhosa com o governo sobre o voto pelo correio, que se apresenta como fundamental em um país que ainda luta contra a pandemia. O presidente Trump afirma - sem provas - que o voto pelo correio pode abrigar tentativas de fraude e ameaçou bloquear o financiamento adicional que os democratas afirmam que o serviço postal precisa para processar os milhões de votos.
O presidente do Partido Democrata, Tom Perez, afirmou que a convenção busca ser uma resposta ao "ataque" do presidente à democracia americana, destacando os esforços para proteger o voto pelo correio. "Este presidente não pode ganhar por mérito próprio, então tem que trapacear, o que é vergonhoso", declarou ao jornal "Washington Post".
A escolha de Milwaukee para sediar a convenção democrata baseou-se principalmente em sua localização, em Wisconsin, um grande estado-pêndulo que às vezes apoia os democratas e outras vezes, os republicanos. A cidade investiu milhões de dólares nos preparativos para o evento frustrado.
Jill Gillmore, apoiador de Trump, disse que os democratas já haviam ignorado a cidade em 2016 e "o estão fazendo novamente agora".
Equilíbrio de gerações
Biden lidera as pesquisas com uma vantagem de nove a 10 pontos percentuais sobre Trump. Para ele, sua recém-eleita companheira de chapa, Kamala Harris, a primeira candidata negra à vice-presidência a concorrer em um dos partidos da maioria, representa o "sonho americano".
Além disso, a senadora de 55 anos e ex-procuradora-geral da Califórnia representa um equilíbrio de gerações para o candidato veterano, de 77 anos.
Nas quatro noites de evento, que culminará na oficialização da candidatura de Biden, também farão uso da palavra a esposa de Biden, Jill, os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, além de Hillary Clinton.
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