Homens e mulheres devem começar a prevenção ao câncer colorretal a partir dos 45 anos. Popularmente conhecido como câncer de intestino, pelo fato de ser o mais comum nesta região, é o segundo tipo mais incidente no Brasil. Anualmente, cerca de 41 mil brasileiros são diagnosticados com tumores malignos no intestino grosso e reto, estima o Instituto Nacional do Câncer (INCA). A doença tem tratamento e as chances de cura são altas quando o problema é diagnosticado nas fases iniciais.
A campanha “Março Marinho” visa a lembrar a importância da prevenção, rastreamento e tratamento precoce deste câncer. O dia 27 de março, próximo sábado, foi escolhido oficialmente no Brasil como o Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal. Confira entrevista com o coloproctologista do Hospital Águas Claras, Bruno Augusto Alves Martins:
O que é o câncer colorretal?
É o câncer que engloba os tumores malignos que acometem o intestino grosso e o reto. Trata-se de uma doença relativamente comum e, no Brasil, é o segundo tipo de câncer que mais afeta homens e mulheres. No Distrito Federal, estima-se que cerca de 500 pessoas sejam diagnosticadas por ano. A maioria dos cânceres intestinais é resultado do crescimento dos pólipos, que correspondem a elevações na parede do intestino que são semelhantes a pequenas verrugas ou cogumelos. Os pólipos geralmente são benignos, entretanto, com o tempo, podem resultar em câncer.
Qual a prevenção?
A prevenção é baseada quase que fundamentalmente na mudança de hábitos de vida: alimentação saudável e prática de exercícios físicos. A alimentação deve ser composta por frutas, verduras e demais alimentos ricos em fibras. É preciso também evitar consumo de carnes vermelhas em excesso, alimentos processados, cigarro e álcool em excesso. Outro fator importantíssimo na prevenção é a retirada dos pólipos por meio da realização da colonoscopia.
A partir de quantos anos precisa começar o rastreamento?
A colonoscopia é indicada a partir dos 45 anos, em pessoas sem histórico familiar para câncer colorretal. Aos que possuem antecedentes, a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade do parente que foi diagnosticado com este câncer. Por exemplo, se o parente da pessoa foi diagnosticado aos 45 anos, esse paciente deve começar a fazer a colonoscopia aos 35 anos, independente de sintomas. Tanto homens quanto mulheres precisam realizar o exame de prevenção e detecção precoce. Começamos o mais brevemente possível para diagnosticar os pólipos, retirá-los e quebrar a cadeia de evolução do desenvolvimento do câncer colorretal.
ATENÇÃO: A história familiar dobra o risco de ter câncer colorretal. Ao associar outros fatores de risco, como obesidade, tabagismo e sedentarismo, a pessoa terá maior chance de desenvolvimento da doença. As pessoas com antecedentes devem estar muito atentas a isso. Existem também síndromes genéticas associadas ao surgimento de câncer, como por exemplo, a síndrome de Lynch. Nesses casos, o regime de realização da colonoscopia é diferente. Os pacientes diagnosticados com síndromes de câncer colorretal hereditário devem procurar o coloproctologista o mais cedo possível.
Quais exames são necessários?
O principal exame na prevenção e detecção precoce do câncer colorretal é a colonoscopia. Porém, há outros exames que podem ser solicitados, tais como: sangue oculto nas fezes, a retossigmoidoscopia, colonoscopia virtual, DNA fecal, entre outros. Em caso positivo de qualquer um destes exames, a investigação deve ser complementada com a realização da colonoscopia.
Quais os sintomas?
Sangramento nas fezes, alterações do ritmo intestinal (intestino preso ou diarreia), dor abdominal, perda de peso não intencional, anemia, fraqueza. É importante lembrar que esses sintomas nem sempre estão associados ao câncer colorretal. É preciso procurar um médico para fazer investigação das causas e ficar atento à idade de rastreio.
Como é feito o tratamento?
A cirurgia é o principal pilar no tratamento do câncer colorretal. Nas fases iniciais, o tratamento cirúrgico oferece altas chances para resolver o problema. Em alguns casos, pode ser recomendada a realização de quimioterapia ou radioterapia. Após o procedimento, a pessoa operada precisa manter acompanhamento com o médico oncologista e o cirurgião colorretal, fazendo os exames de vigilância rotineiramente, tais como colonoscopia, exames de imagem e de sangue, visando a averiguar qualquer suspeita de retorno da doença.
Comorbidades podem aumentar as chances?
A obesidade é um dos principais fatores de risco. Existem também doenças do próprio intestino que elevam a chance de desenvolver câncer colorretal, como por exemplo, as doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e retocolite ulcerativa). As pessoas que têm doenças intestinais precisam estar em acompanhamento contínuo para empreender métodos de prevenção ao câncer colorretal. Outra observação importante é que pessoas com antecedente pessoal de câncer, mesmo que em outros órgãos, têm um risco elevado de desenvolver o câncer colorretal.
Durante a pandemia é seguro fazer o acompanhamento e tratamento?
A pandemia tem sido um fator que atrapalha o acesso aos regimes de prevenção de outras doenças. As pessoas têm ficado temerosas de procurar atendimento e contrair o vírus. Entretanto, é importante salientar que, em casos de sinais de alerta, deve-se agendar consulta com o especialista. Pois, o atraso no tratamento do câncer colorretal pode gerar um prognóstico pior e até levar à morte. As chances de cura são altas quando a doença é detectada e tratada nas fases iniciais.
Palavra do especialista
Manter uma alimentação saudável e equilibrada, com ingestão de boa quantidade de fibras, encontradas em frutas, legumes e verduras, associada à prática regular de atividades físicas, é essencial para prevenir doenças do intestino
Leandro Marques, médico nutrólogo do hospital Águas Claras
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.