Investigado por: A Gazeta e Programa de Residência Comprova.
Enganoso: Post engana ao afirmar que o uniforme dos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris está relacionado a mudanças na gestão do Ministério do Esporte (Mesp), que envolveu a saída da medalhista Ana Moser, substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA). Na verdade, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) é o responsável por fornecer os uniformes e é uma entidade não governamental. O modelo usado neste ano foi criado pela empresa Riachuelo, em parceria com o COB. A confecção das vestimentas começou em 2020 e contou com mais de 500 profissionais.
Conteúdo investigado:Vídeoem que homem critica o uniforme usado pelos atletas brasileiros na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris e diz que isso é consequência da mudança no comando do Ministério do Esporte, durante o governo Lula (PT). “O Brasil está passando vergonha na França. Os uniformes da equipe olímpica estão um desastre, perdendo feio para uniformes produzidos pelas outras nações”, afirma o autor da publicação.
Onde foi publicado: TikTok.
Conclusão do Comprova: Publicação engana ao dizer que o uniforme usado pelos atletas brasileiros na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris tem relação com a substituição damedalhista olímpica de vôlei Ana Moser pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA)no comando do Ministério do Esporte (Mesp). Oficializada em setembro de 2023,a medida envolveu meses de negociação, sendo promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de mais apoio no Congresso Nacional.
Desde que foi anunciada, a vestimenta dos atletas é criticada nas redes sociais, com comentários alegando falta de criatividade e comparações com as roupas de outras delegações. Ao contrário do que o autor do vídeo diz, o Ministério do Esporte não tem envolvimento com o uniforme.
Apasta destacouque cabe ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), uma entidade não governamental, prover as roupas de viagens, desfile, cerimônia de abertura e dia a dia na Vila Olímpica para todos os atletas brasileiros.
“É falsa a informação que o Ministério do Esporte seja responsável por confeccionar e fornecer kits de uniforme e equipamentos para a delegação brasileira”, declarou a pasta em comunicado publicado no dia 22 de julho.
As vestimentas deste ano foram criadas pela Riachuelo, em parceria com o COB. Como informado pela empresa,a produção contou com 500 profissionais e começou em 2020, cerca de três anos antes das mudanças no comando do Ministério. O processo para a criação da linha é longo e envolve muitas etapas, como briefing técnico, estudo de materiais, aprovações, modelagem e execução, informou a Riachuelo em comunicado.
Em nota enviada ao Comprova, o COB afirmou ser o responsável, com seus patrocinadores, pelos diferentes tipos de uniformes: Riachuelo pelas vestimentas de viagem; Riachuelo e Havaianas por roupas usadas na Cerimônia de Abertura; e Peak para os uniformes de pódio, Vila e treino. “O Ministério do Esporte não tem envolvimento nessa questão”, reforçou o órgão.
O autor do vídeo foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da verificação.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 26 de julho, o post contabilizava mais de 509 mil visualizações, 16,6 mil curtidas e 1,2 mil comentários.
Fontes que consultamos: Procuramos por reportagens sobre o tema e entramos em contato com o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro.
Uniforme brasileiro foi alvo de críticas na internet
Parte das críticas sobre o uniforme produzido para a delegação brasileirasugere que o traje seria muito simples, comum e até conservador. Responsável pela concepção das peças, a Riachuelo, patrocinadora do COB e marca de moda oficial do Time Brasil, em 2024, disse que as vestimentas exploram a fauna e a flora do país e ilustram a força da biodiversidade brasileira.
Segundo a marca, as cores das camisetas fazem alusão à bandeira do Brasil, com as tonalidades de verde, azul e amarelo presentes na maioria das peças. Já as jaquetas jeans foram confeccionadas por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, cidade no semiárido do Rio Grande do Norte.
Como mostrou og1, o trabalho foi feito artesanalmente, peça por peça, pelas trabalhadoras locais. Segundo informou a Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Dantas à reportagem, o trabalho contou com 80 trabalhadoras da cidade, que usaram lápis, agulha, goma e máquinas de costura. O trabalho envolveu inicialmente 18 profissionais, mas aumentou devido à demanda.
Foram, ao todo, mais de 2,4 mil peças confeccionadas e entregues em cerca de cinco meses, sendo o último lote em abril.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações peloWhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema:Aos Fatos, Lupa e UOLjá verificaram outras peças de desinformação sobre os uniformes utilizados pelos atletas brasileiros nas Olimpíadas. O Comprova também já fez outras checagens que envolvem o governo federal e mostrou ser sátira amontagem em que Lula diz querer roubar cachorro de criançae enganosa aafirmação de que todos os profissionais autônomos terão de pagar 26,5% de alíquota após a reforma tributária.
Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.
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