Investigado por: UOL e O Popular.
Enganoso: Vídeo não mostra ex-membros da Suprema Corte de El Salvador sendo presos. Pessoas que aparecem na imagem são suspeitas de corrupção em caso envolvendo a Cooperativa de Ahorro y Crédito Santa Victoria de R.L (Cosavi), uma instituição financeira do país.
Conteúdo investigado: Vídeo com pessoas de roupas brancas e as mãos para trás na frente de um painel com a sigla “FGR” é compartilhado com legendas que afirmam que seriam membros da Suprema Corte de El Salvador. O comentário atribui a suposta prisão de ex-membros do judiciário ao governo de Nayib Bukele.
Onde foi publicado: X
Conclusão do Comprova: Publicação engana ao dizer que membros da Suprema Corte de El Salvador foram presos. As pessoas que aparecem nas imagens são suspeitas de corrupção em caso envolvendo a Cooperativa de Ahorro y Crédito Santa Victoria de R.L (Cosavi), que atua como instituição financeira de crédito no país.
Por meio de uma busca reversa no Google foi possível encontrar o vídeo original em matérias de sites locais que noticiaram a prisão de 15 pessoas no dia 9 de maio de 2024. Elas são suspeitas de lavagem de dinheiro, fraude contra a economia pública e apropriação de $35 milhões (o país tem duas moedas oficiais, dólar e bitcoin). Essas publicações da imprensa trazem fotos do momento em que os presos são apresentados em frente a um painel em que está a logo da FGR, sigla de Fiscalía General de la República. É este o recorte usado por postagens para afirmar enganosamente que o grupo se trata de ex-membros do Judiciário de El Salvador.
A instituição financeira envolvida no caso foi interditada pela Procuradoria-Geral da República, sob justificativa de proteger o dinheiro dos associados.
Pela marca d’água que aparece no vídeo da publicação desinformativa também é possível encontrar a notícia no canal “Noticiero El Salvador” no Youtube. A matéria aparece a partir do minuto 5 com a chamada em espanhol “autoridades presentan a los procesados por defraudación pública y lavado de dinero y activos en cooperativa (autoridades apresentam os processados por fraude pública e lavagem de dinheiro e ativos em cooperativa, em português).
Em 2021, o parlamento salvadorenho, de maioria governista, destituiu cinco membros da Câmara Constitucional da Corte Suprema de Justiça (CSJ), que formavam um terço da instituição, como noticiou os jornais El País, O Globo e a BBC Brasil. O país vive um regime de exceção desde 2022 a pretexto de combate a gangues. Neste período, estima-se que mais de 80 mil pessoas foram presas. Neste ano, Bukele foi reeleito para mais um mandato de cinco anos. Organizações de Direitos Humanos denunciam detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, casos de tortura e recusas massivas de pedidos de Habeas Corpus pela Suprema Corte.
A reportagem tentou contato com dois perfis do X que publicaram conteúdo sobre o assunto. Um deles não respondeu e o outro não permite envio de mensagens.
Para o Comprova, enganoso é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Duas postagens sobre o tema já somam 450,1 mil visualizações e 4,1 mil compartilhamentos.
Fontes que consultamos: Pela indicação da marca d’água no vídeo, procuramos as redes sociais e o canal do Youtube do “Noticiero El Salvador”. Além disso, buscamos informações sobre o fato em sites e veículos de imprensa do país.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: A Lupa e a AFP Checamos também verificaram este conteúdo. Dentro da área de política, o Comprova já mostrou o caso de post que engana ao tratar a quantidade de brasileiros no exterior como fluxo migratório recente e de outra publicação enganosa sobre cobrança de novo imposto sobre o pix.
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