VERIFICAÇÃO

Lula não tem relação com luciferianismo nem com satanismo; entenda o contexto das postagens sobre o tema

O vídeo viralizou e foi usado para associar Lula ao satanismo. Vanilla, no entanto, diz que o petista não faz parte da sua igreja e também que não é bolsonarista.

Projeto Comprova
postado em 07/10/2022 19:39 / atualizado em 07/10/2022 19:40
 (crédito: Reprodução/Projeto Comprova)
(crédito: Reprodução/Projeto Comprova)

Comprova Explica: Autointitulado líder da Igreja de Lúcifer do Novo Aeon, o influenciador Vicky Vanilla fez uma live na semana passada no TikTok usando uma camiseta vermelha e exibindo uma toalha com o rosto do ex-presidente e candidato Lula (PT) ao fundo. Em um trecho da live, que viralizou em outras redes, Vanilla afirma que diferentes religiões e entidades ligadas ao satanismo e ao luciferianismo tinham se unido para garantir a vitória do petista já no primeiro turno.

O vídeo foi disseminado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que usaram o material para associar o petista ao satanismo. A campanha de Lula negou qualquer ligação com as doutrinas ou com a entidade liderada por Vicky Vanilla. Enquanto isso, apoiadores de Lula passaram a espalhar um vídeo com um trecho de uma entrevista do líder luciferiano em que ele criticava Lula. A intenção dessas postagens era desvincular Vanilla da imagem do ex-presidente e dizer que, na verdade, ele seria um bolsonarista disposto a prejudicar a imagem do petista.

A repercussão fez com que Vicky Vanilla publicasse outros dois vídeos – um desmentindo a ligação de Lula com a igreja dele, com o luciferianismo e com o satanismo, e outro em que negava ser bolsonarista ou cabo eleitoral de Bolsonaro. Os vídeos foram retirados do ar por uma ordem judicial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os luciferianistas não são contrários ao cristianismo, nem deixam de acreditar em Deus – para eles, contudo, Lúcifer não é um anjo caído, e sim um portador de luz”. Especialistas apontam que nem mesmo entre os cultos a Lúcifer e Satã há unidade e que não há sequer relações estruturais entre os cultos citados por Vicky Vanilla no vídeo da live.

Com a viralização de conteúdos sobre o caso, o Comprova resolveu explicar qual o contexto das postagens, quem é Vicky Vanilla e o que são religiões luciferianas e satanistas, uma vez que o conteúdo envolve um candidato à Presidência de um país cuja maioria da população se identifica como cristã.

Como verificamos: O Comprova assistiu ao vídeo verificado aqui e as demais gravações relacionadas ao conteúdo. Também foi visto o vídeo da entrevista de Vanilla ao podcast Supersônico Cast em que ele critica Lula e Bolsonaro.

Foram entrevistados dois pesquisadores sobre o tema do luciferianismo e suas relações com o cristianismo: o historiador Elias Pereira, que é pós-graduado em História das Religiões, e o professor Johnni Langer, PhD em História e professor do curso de Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O Comprova também acessou o posicionamento oficial da campanha do candidato Lula sobre o assunto e a decisão do TSE sobre uma representação feita pelos advogados do petista a respeito dos vídeos. O Comprova procurou, por fim, o ator do vídeo que viralizou, Vicky Vanilla.

O contexto das publicações

Na segunda-feira após o primeiro turno das eleições (3 de outubro), perfis de apoiadores de Bolsonaro começaram a compartilhar trechos de um vídeo em que um homem vestido de camiseta vermelha e com uma bandeira de Lula ao fundo afirma, entre outras coisas, que diversas seitas e religiões de matriz africana, ocultistas, de doutrina luciferiana e/ou satanista haviam se unido para garantir a vitória do petista contra o atual presidente.

O vídeo era o trecho de uma live no TikTok publicada por um perfil chamado Vicky Vanilla, que se identifica como “mestre e líder da igreja de Lúcifer do Novo Aeon”. De acordo com reportagem do jornal O Globo, a live foi feita em 30 de setembro. O material não está mais disponível nas redes sociais e não foi possível assistir ao conteúdo na íntegra. No trecho que foi compartilhado por apoiadores do atual presidente, Vanilla diz que os bolsonaristas iriam “comer o pão que o diabo amassou” e que “amanhã não tem para ninguém, já está decretado”.

“Nós nos unimos, esse tempo todo que eu tive que disfarçar, ficar quieto, disfarçar, falar de outras coisas nas redes sociais. Nós nos unimos esse tempo todo: os terreiros de Quimbanda, os terreiros de Axé, as irmandades luciferianas do país, os segmentos satanistas, os satanistas ateístas, os satanistas gnósticos, os luciferianos ateístas, luciferianos gnósticos, nós nos unimos esse tempo todo”. Em seguida, ele profere ofensas aos apoiadores de Bolsonaro e diz que “eles não vão conseguir vencer o poder e o tamanho de uma egrégora que é a nossa. Amanhã já está decretado, vocês estão arruinados (…). Porque vocês nesses últimos quatro anos apoiaram um ditador, um facínora, um vagabundo safado”.

A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) foi uma das apoiadoras do presidente que compartilhou o vídeo, com a legenda “A guerra é espiritual”. Já um perfil no Twitter que apoia Bolsonaro escreveu: “Satanistas declaram apoio a Lula. Pronunciamento de um adepto do satanismo e bruxaria sobre as eleições. É esse candidato que você quer para o Brasil?”.

Após a repercussão do material, Vanilla publicou um vídeo em suas redes sociais em, 4 de outubro, dizendo que as publicações dos apoiadores do presidente eram “fake news” e que suas falas durante a live haviam sido retiradas de contexto. “Esse corte faz parte de todo um pronunciamento que eu fiz na última live e está sendo colocado totalmente fora de contexto por pessoas que querem que você não saiba a verdade. O vídeo está sendo espalhado como uma fake news, tanto a meu respeito, quanto a respeito do candidato Lula, que não tem qualquer ligação com a nossa casa espiritual. Ele está sendo divulgado como uma artimanha dos pseudocristãos, dos fariseus instalados na política que não querem que você se aproxime da verdade de Cristo”, afirmou.

Como o vídeo da live não está mais disponível, o Comprova procurou Vicky Vanilla para explicar qual era o intuito e o contexto das falas em que ele se refere à “união” entre as seitas citadas no trecho do vídeo e a eleição de Lula, mas não houve resposta até o fechamento deste Comprova Explica.

Enquanto trechos do vídeo seguiam viralizando nas redes sociais, alguns apoiadores do ex-presidente Lula começaram a publicar que Vanilla, na verdade, era apoiador do presidente Bolsonaro e havia feito a live para prejudicar a imagem do PT. Essas postagens compartilhavam um trecho em vídeo da participação de Vanilla no podcast Supersônico Cast, que foi publicado em 14 de maio de 2022.

No trecho compartilhado, Vanilla fazia críticas ao PT e a Lula. A fala em tom crítico aconteceu momentos após os convidados do podcast conversarem sobre assuntos como criminalidade e pena de morte. Vanilla afirma: “Agora, o Lula também me soltar que o cara roubou, um ‘é só um celularzinho para ir tomar uma cervejinha’. Você viu isso aí? É, é uma política de bosta, o cara vem falar ‘é só um celularzinho, companheiros, só pra tomar uma cervejinha’. Ah, vem roubar o meu, pra ver o berro na sua cara”.

Em seguida, os outros participantes do podcast mencionam uma suposta proposta do ex-presidente Lula que buscaria “regular a mídia”, o que, na interpretação de um dos convidados, significaria “regular a internet,” e que a medida poderia “acabar com isso aqui [o podcast]”. Vanilla então, comenta: “Nazismo, o nazismo começou assim também”.

O trecho compartilhado, contudo, não mostrava a fala completa de Vicky Vanilla quando criticou Lula. Antes, ele havia criticado Jair Bolsonaro e dito que detestava o atual presidente (a partir de 1:46:03): “Todo mundo sabe que eu não tenho nenhum tipo de apreço pelo Bolsonaro, cara, eu detesto, mas o Lula me soltar… eu detesto Bolsonaro, para mim é escrotidão pura, até um vira-lata amarelo, se você votar no vira-lata caramelo vai ser melhor para você, vai fazer melhor para o país”, disse. Em seguida, ele fala sobre o petista: “Agora, o Lula também me soltar que o cara roubou, um ‘é só um celularzinho para ir tomar uma cervejinha’. Você viu isso aí?. É, é uma política de bosta, o cara vem falar ‘é só um celularzinho, companheiros, só pra tomar uma cervejinha’. Ah, vem roubar o meu, pra ver o berro na sua cara”.

Apesar de a fala de Vicky Vanilla ter sido descontextualizada, ele também engana ao citar a suposta declaração de Lula sobre “roubar celular para comprar uma cervejinha”. Não há qualquer registro que comprove que o ex-presidente tenha dito isso, conforme demonstraram Reuters, AFP Checamos, e Migalhas.

Após a repercussão dessas novas postagens, Vanilla novamente usou suas redes para declarar que sua entrevista ao podcast havia sido distorcida e que ele não possui nenhum alinhamento com Bolsonaro. Em um vídeo publicado em seu perfil no TikTok, ele disse: “Mais uma vez a minha fala e o meu posicionamento estão sendo colocados de uma forma totalmente desviada das minhas intenções originais (…). Falar que eu sou eleitor, cabo eleitoral do Bolsonaro, isso foi demais. Em todas as minhas lives e meus posicionamentos públicos eu jamais manifestei qualquer tipo de apoio à ideologia fascista do Bolsonaro, que não reflete em absoluto qualquer um dos ideais luciferianos de evolução, fraternidade e consciência política. Isso é um nítido caso de intolerância religiosa, a mesma intolerância religiosa que a esquerda diz combater assiduamente e que no momento está fazendo o contrário me colocando como cabo eleitoral do Bolsonaro, por causa de algumas entrevistas que eu dei no passado”.

Quem é Vicky Vanilla

Ele se apresenta no TikTok como “sacerdote, mago e palestrante”. Em seu site, diz ser “mestre e líder da Igreja de Lúcifer do Novo Aeon”. Ele afirma que foi iniciado e desenvolveu sua mediunidade em religiões de matrizes africanas (umbanda e quimbanda), praticou o xamanismo ancestral brasileiro, estudou psicanálise e simbologia e já “lecionou as artes oraculares em famosas escolas esotéricas de São Paulo”.

Ainda segundo o site, a “síntese de tudo que Vanilla já aprendeu” é o luciferianismo gnóstico e a Alta Magia da Mão Esquerda. Além do perfil do TikTok com mais de 1 milhão de seguidores, Vanilla mantém uma conta ativa no Instagram e um canal no YouTube. Nas redes sociais ele publica conteúdos sobre seu cotidiano, explica conceitos do satanismo e do luciferianismo e também grava vídeos opinativos ou interagindo com seguidores.

O que é o luciferianismo e o que é satanismo?

Luciferianismo e satanismo são correntes diferentes. O primeiro é uma corrente filosófica, muito inspirada no Iluminismo, que enxerga Lúcifer não como um anjo caído, mas como um “portador de luz”. Ao contrário do que pensa o senso comum, os seguidores do luciferianismo não se opõem ao cristianismo, não pregam contra a Bíblia e nem deixam de acreditar em Deus.

“O luciferianismo tem um pensamento filosófico de Lúcifer pelo sentido da palavra, mesmo, o portador de luz. A ideia do luciferianismo é o culto ao próprio ser humano, aquela ideia de que você é a própria divindade. Ele é muito baseado na questão cristã europeia, de que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Logo, o ser humano também é divino”, explica o historiador Elias Pereira, que é pós-graduado em História das Religiões.

Pereira aponta que os luciferianistas não seguem a Bíblia, mas não pregam contra ela. “Eles não são nem um pouco contra Deus. Acreditam em Deus, só que, para eles, Deus está dentro do ser humano”, diz.

Na entrevista ao podcast Supersônico Cast, o próprio Vanilla afirmou que “tudo é Deus” e que “Deus é o aqui e o agora”. “Se Ele [Deus] é o todo, eu não sou parte dele, porque parte significaria fragmento, fragmento indicaria separação. Então, eu sou Deus, vestindo uma experiência humana e temporária para que possa viver os seus sonhos. A vida é um sonho de Deus”, afirmou.

Há duas correntes principais do luciferismo: o clássico e o neoluciferianismo, muito mais presente hoje na sociedade. A principal diferença entre eles é que, no luciferianismo clássico, os seguidores enxergam Lúcifer como um ser físico, mas ainda assim como um mestre, e não como um demônio. Já o neoluciferianismo é uma corrente mais filosófica que acredita que, através de alguns ritos como meditações e orações, é possível despertar o divino dentro das pessoas.

Enquanto isso, o satanismo é diferente das duas correntes do luciferianismo. “O satanismo crê, por exemplo, que o diabo também está dentro do ser humano e isso é visto nas atitudes negativas, como os impulsos mais animalescos, a questão do instinto de sobrevivência, e isso faz com que o diabo dentro de cada um desperte”, aponta o especialista.

Professor do curso de Ciências das Religiões da UFPB, Johnni Langer, que é doutor em História e coordenador do NEVE (Nucleus of Vikings and Scandinavian Studies), comenta que os satanistas são mais filiados a correntes norte-americanas, enquanto os luciferianos seguem uma linha mais europeia. Ele destaca que não há unidade nesses grupos e há, inclusive, muitas mesclas e influências.

“Nem mesmo cultos em torno do diabo possuem qualquer tipo de união, congregação ou filiação de interesses, seja na esfera puramente religiosa ou política, em nosso país”, diz. Ele aponta, ainda, que os diversos cultos citados no primeiro vídeo de Vicky Vanilla não têm relações estruturais entre si.

“Historicamente e socialmente, são grupos que não possuem relação estrutural entre si, como as religiões afro-brasileiras, a Wicca e as vertentes do satanismo/luciferianismo. O que elas todas têm em comum é que, do ponto de vista imaginário, representam o mal absoluto para os grupos evangélicos, que formam uma das bases eleitorais do Bolsonaro”, explica Johnni Langer.

É verdade que algumas correntes do luciferianismo sofreram influência de outros grupos religiosos e filosóficos, mas isso não significa que atuem juntas. “Os luciferianistas acreditam em várias concepções que mesclam elementos do cristianismo com ocultismo”, diz Langer. Elias Pereira aponta que entre as referências está a quimbanda, de matriz africana, mas que está muito mais ligada à corrente clássica do que ao neoluciferianismo.

Atualmente, não é possível dizer, numericamente, quantos adeptos do luciferianismo existem no Brasil – essa doutrina não é citada nominalmente no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Johnni Langer, a maioria das vertentes do luciferianismo não sobreviveu ao século XX, enquanto muitas outras surgiram no mesmo período. “Existem igrejas luciferianas no Brasil, mas são difíceis de serem contadas e quase sempre têm um caráter marginal e semi-secreto”, aponta.

Lula não é luciferianista, nem satanista, e sim católico

Além de Vanilla ter dito mais de uma vez que Lula não tem qualquer ligação com o grupo espiritual que ele lidera, a igreja de Lúcifer do Novo Aeon, o petista também desmentiu qualquer relação com luciferianismo ou satanismo. “A verdade, como já repetimos antes, é que Lula é cristão, católico, crismado, casado e frequentador da Igreja Católica. Não existe relação entre Lula e o satanismo”, diz nota divulgada pelo PT.

Lula se casou pela terceira vez no dia 18 de maio deste ano com a socióloga Rosângela Silva, a Janja. O casamento foi celebrado por um sacerdote católico, o bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino.

Vanilla já apoiou Lula, mas avalia se manter neutro no 2º turno

Havia pelo menos dois vídeos no perfil de Vicky Vanilla no TikTok de apoio ao ex-presidente Lula, mas eles foram apagados. Em um vídeo gravado em 6 de outubro, Vanilla disse que o material foi retirado do ar por ordem do TSE. Ele criticou a decisão, apontou que foi vítima de intolerância religiosa e que está avaliando se manterá o apoio a Lula no segundo turno ou se ficará neutro. De qualquer forma, antes da derrubada do material, Vanilla tinha afirmado que o apoio dele a Lula não era institucional nem religioso, e sim pessoal, como cidadão.

“Eu me posicionei democraticamente a favor do Lula, não religiosamente. O Lula não tem qualquer vínculo com o luciferianismo ou com o satanismo. Eu, na minha qualidade de cidadão, é que manifestei a minha intenção política”, disse, em um vídeo postado na rede no dia 5 de outubro de 2022. No mesmo vídeo, o influenciador negou que seja eleitor de Bolsonaro. Há, no perfil de Vanilla, mais de um vídeo com críticas a Bolsonaro pelo menos desde maio deste ano.

A suspensão do conteúdo de apoio a Lula foi, realmente, determinada pelo TSE. A Coligação Brasil da Esperança, do petista, entrou com uma representação no dia 4 de outubro de 2022 contra o responsável pelo perfil de Vicky Vanilla no TikTok e contra bolsonaristas que espalharam o vídeo que viralizou nas redes.

No pedido, a coligação, os advogados disseram que “o que se observa é um indivíduo, que conta com quase um milhão de seguidores apenas na mencionada rede social, afirmando ser seguidor do satanás, entidade bíblica que sabidamente representa o mal na Terra, fazendo vídeos de apoio à candidatura de Lula. Com isso, tal tema se difunde nas redes sociais e aplicativos de mensagens eletrônicas de tal sorte que, em pouco tempo, emite-se a nociva mensagem que os adoradores do demônio apoiam Lula”. A defesa do candidato petista disse ainda que “os apoiadores do candidato Jair Bolsonaro não perderam a oportunidade de propagar, com base nas publicações do usuário @vicky_vanilla_official, a mentirosa associação do candidato Lula a Lúcifer, espalhando desinformação na Internet“.

Na decisão, tomada em 5 de outubro, o ministro do TSE Paulo de Tarso Vieira Sanseverino mandou que TikTok, Twitter, YouTube, Instagram, Facebook e Gettr removessem as publicações no prazo de 24 horas, sob pena de incidência da multa diária no valor de R$ 50 mil, em caso de descumprimento. Ao acatar o pedido da defesa de Lula, o ministro destacou que a livre manifestação do pensamento do eleitor na internet só é passível de limitação quando ofende a imagem de candidatos, partidos, federações ou coligações, ou quando são divulgados fatos sabidamente inverídicos.

“Contata-se que o perfil @vicky_vanilla_official contém aproximadamente um milhão de seguidores, na rede social TikTok, e o seu responsável e administrador se apresenta como sacerdote, mago e palestrante. O referido perfil divulga conteúdos relacionados a ideologias ou crenças relacionadas ao satanismo, de modo a promover admiração a personagens religiosos como Satanás e outras figuras similares como Belzebu e Lúcifer. Ocorre que o responsável pelo perfil – sob o argumento do exercício legítimo do direito à liberdade de opinião ou expressão – divulga conteúdos manifestando suposto apoio político a Luiz Inácio Lula da Silva, o que acaba por associar indevidamente a imagem do candidato a ideologias e crenças satânicas. O resultado é que as publicações produzidas e divulgadas pelo perfil @vicky_vanilla_official estão sendo disseminadas nas redes sociais por diversos outros usuários, gerando desinformação com o nome e a imagem do candidato da coligação representante. É forçoso reconhecer que a propagação desses conteúdos, sem nenhum consentimento do candidato ofendido, tem o potencial de interferir negativamente na vontade do eleitor”, diz o texto da decisão, que tem caráter liminar.

Por que explicamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, eleições presidenciais e políticas públicas do governo federal que circulam nas redes sociais. A seção Comprova Explica é utilizada para a divulgação de informações a partir de conteúdos que viralizam e estão causando confusão, como o vídeo postado pelo mestre e líder da igreja de Lúcifer do Novo Aeon, Vicky Vanilla, em favor da vitória do candidato à presidência Lula da Silva no 1º turno, que acabou não se concretizando.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já fez diversas checagens envolvendo falsas associações entre o candidato à presidência Lula e a religião, como a de um vídeo que foi editado para sugerir falsamente que o petista defende o fechamento de igrejas. Antes do primeiro turno das eleições, a seção Comprova Explica também demonstrou quem era o Padre Kelmon, candidato à presidência pelo PTB que ganhou destaque, principalmente, a partir de sua participação em debates na televisão e seus ataques ao ex-presidente Lula e ao PT.

 

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