Resumo da conclusão: É falso associar a redução de 4,7% no valor do gás de cozinha (GLP), anunciada na última segunda-feira (11/09) pela Petrobras, com a hipótese de o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ter subido nas pesquisas eleitorais. Essa ideia foi levantada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), em um tuíte publicado no mesmo dia em que a petroleira anunciou o reajuste no combustível. De acordo com a estatal, a redução do preço do GLP vendido às refinarias reproduz a queda no valor do combustível no mercado internacional.
Conteúdo investigado: tuíte que relaciona queda no preço do gás de cozinha com uma possível melhora do desempenho de Bolsonaro, nas pesquisas.
Bolsonaro subiu, o gás caiu, o povo aplaudiu, melhor para o…BRASIL!!!! pic.twitter.com/82SeV2DmxJ
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) September 12, 2022
É falsa a associação da queda no valor do gás de cozinha com pesquisas eleitorais
Conclusão do Holofote: É falso associar a recente queda no preço do gás de cozinha a um possível crescimento do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), nas pesquisas eleitorais para eleger o chefe do Executivo, nas eleições deste ano. Ao anunciar o reajuste, na última segunda-feira (12), a Petrobras atribuiu a decisão ao fato de o valor do GLP ter caído no mercado internacional. Dessa forma, informou a companhia, a petroleira cumpriu a Política de Paridade de Preços de Importação (PPI) e repassou a queda na venda às refinarias.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, explicou a Petrobras, em nota.
Com o novo corte de preços, o quilo do GLP passará a custar R$ 4,03 em vez de R$ 4,23. Entre os dias 04 até 10/09, antes da redução anunciada pela Petrobras, o botijão com 13 quilos de GLP custava, em média, R$ 103,37 nos pontos de revenda do Distrito Federal (DF), de acordo com cálculos da pesquisa semanal feita pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Segundo o vice-presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do Distrito Federal (Sindvargas), Sérgio Costa, ainda não há como calcular qual será o impacto da redução dos preços do GLP na venda de botijão de 13 quilos. “Só iremos nos pronunciar após a pesquisa semanal da ANP”, disse. Quanto a uma possível redução do preço na revenda do botijão de gás, a Agência Nacional de Petróleo vai concluir o levantamento da semana neste sábado (17/09).
Efeitos na inflação
A queda de 4,7% no preço do gás de cozinha vendido às distribuidoras terá impacto no dia a dia das famílias. Afinal, como argumenta o economista César Bergo, “qualquer redução é bem-vinda, sobretudo para as famílias de menor poder aquisitivo”.
O reajuste no valor do gás de cozinha, no entanto, não terá o mesmo efeito na inflação. Segundo César Bergo, que também é professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o GLP tem peso considerado baixo (1,25) no Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) - medida oficial do governo para calcular a inflação.
Quanto às perspectivas futuras do efeito da redução do gás de cozinha na inflação, César Bergo sustenta que o fato de a Petrobras seguir o mercado internacional quanto ao repasse da queda dos preços do gás e dos combustíveis irá sinalizar um controle da inflação.
“Qualquer redução de preço acaba afetando positivamente as expectativas dos agentes de mercado para a inflação”, explicou. Citado pelo professor, o termo ‘agentes de mercado’ se refere a um conjunto de instituições públicas e privadas que têm o poder de assegurar o funcionamento, a fiscalização e a regulação das relações comerciais. No poder público, o Banco Central (BC) é considerado um agente de mercado. No campo privado, é possível citar a Bolsa de Valores como exemplo.
O que diz o autor da publicação: A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Casa Civil, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Como verificamos: Além do comunicado da Petrobras que reforça o cumprimento da Política de Preço de Paridade de Importação (PPI), o Holofote constatou com analistas de mercado que o mercado internacional apresenta uma tendência de queda no valor dos gases e combustíveis. Não há, portanto, nenhuma evidência que comprove a informação de que o preço do GLP caiu porque algum candidato subiu nas pesquisas eleitorais.
Ciro Nogueira
Senador pelo Piauí, Ciro Nogueira integra o Centrão - grupo de parlamentares que dão sustentação ao governo Bolsonaro. Ele assumiu, no ano passado, o ministério da Casa Civil com o objetivo de melhorar a articulação política do chefe do Executivo. Ciro Nogueira é ex-presidente nacional do PP - uma das maiores legendas que compõem o Centrão.
Por que investigamos: O Holofote reforça a importância da investigação de conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais e investiga o tuíte por causa da relação direta com o uso político da máquina pública e as eleições presidenciais. Conteúdos enganosos e falsos que envolvem atores políticos são prejudiciais ao processo democrático e atrapalham a decisão do eleitor, que deve ser tomada com base em informações verdadeiras. No tuíte de Ciro Nogueira, é afirmado incorretamente que o gás de cozinha caiu por causa de uma possível melhora de Bolsonaro nas pesquisas.
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