Os efeitos da pandemia da covid-19 refletiram, de forma direta, no crescimento do volume de despesas assistenciais de planos médico-hospitalares no país. Em um ano, de 2020 para 2021, o valor com esse tipo de despesa passou de R$ 166 bilhões para R$ 206 bilhões, com um aumento de 24,3% — índice superior à inflação medida pelo Índice de preços no consumidor (IPCA). Os dados são da Análise Especial da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB) nº 69, desenvolvida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O estudo ressalta que em 2020 — quando teve início a pandemia —, houve grande queda na frequência de utilização em consultas, exames, terapias, internações e tratamentos, que resultaram em menores despesas assistenciais. Entretanto, em 2021 as pessoas retomaram, de forma acentuada, essas atividades e procedimentos, aumentando fortemente a frequência com que os beneficiários utilizaram os serviços de assistência à saúde, gerando maiores despesas. O estudo mostra que entre 2020 e 2021, o número médio de beneficiários de planos saltou de 47,1 milhões para 48,4 milhões.
Segundo os dados, houve aumento representativo do gasto médio anual por beneficiário. Ao dividir a despesa assistencial médico-hospitalar (em valores nominais) pelo número médio de beneficiários, constatou-se que no período de 2011 a 2021, o gasto médio quase triplicou, saltando de R$ 1.483 para R$ 4.262, respectivamente — alta de 187%.
O superintendente executivo do IESS, José Cechin, disse que foi observado um aumento do gasto médio por beneficiário em praticamente todos os anos, inclusive, nos momentos de registro de queda de beneficiários de planos de saúde entre 2014 e 2019. “A exceção foi o ano inicial da pandemia, em 2020, resultado da forte queda na utilização dos serviços de assistência à saúde”, afirma.
“O gasto médio por beneficiário entre 2011 e 2021 aumentou 187%, percentual 2,5 vezes superior à inflação do período, de 74,1%”, pontuou Cechin.
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Variação de custos
A Análise Especial da NAB aponta que os dados anuais apresentados estão em linha com a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) calculada periodicamente pelo IESS. A mais recente, fechou em 27,7%, relativa aos 12 meses encerrados em setembro de 2021, comparado com os 12 meses anteriores, atingindo um novo patamar histórico.
A retomada acentuada por parte de beneficiários de planos médicos individuais em procedimentos que haviam sido postergados, aumentou muito a frequência de utilização de todos os grupos de procedimentos e tratamentos médicos, a partir de abril de 2021. O impacto na VCMH foi ampliado pela combinação com os preços unitários desses grupos que haviam mantido seu crescimento durante o período da pandemia.
O estudo tem como base de cálculo a despesa assistencial por exposição de uma amostra de planos individuais/familiares e considera o comportamento de preços médios por grupos de despesa na saúde e, também, o volume de serviços prestados (frequência de utilização).