Economia brasileira movimenta os deslocamentos internacionais
Em nove anos, entre 2013 e 2022, o número de trabalhadores formais que são refugiados e migrantes passou de 92 mil pessoas para mais de 223 mil
Em nove anos, entre 2013 e 2022, o número de trabalhadores formais que são refugiados e migrantes passou de 92 mil pessoas para mais de 223 mil
Melhorar a condição de vida, assegurando para si e para a família uma vida digna. Esse tem sido um dos fatores centrais para a intensificação da migração de milhares de pessoas para o Brasil. De acordo com Paulo Sérgio de Almeida, oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica da Acnur, há um fator central para o Brasil ser atrativo aos refugiados e aos migrantes.
“Nos casos de deslocados forçados (refugiados), o Brasil tem uma atitude muito generosa com a comunidade internacional porque tem essas possibilidades de vias para que as pessoas possam chegar no país e encontrar a equipe de refúgio”, explica.
“O que move essas pessoas é muito mais a visão de que vão estar em um país com condição econômica melhor, vão conseguir mandar dinheiro para suas famílias, por exemplo, do que essas questões legais. Então, eu diria que o tema econômico é o tema central no processo migratório”, reflete Almeida.
O relatório da OBMigra 10 anos: pesquisa, dados e contribuições para políticas públicas, de 2023, também mostra alguns dados sobre o trabalho. A pesquisa foi realizada por entidades como o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e o Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra).
Em nove anos, entre 2013 e 2022, o número de trabalhadores formais que são refugiados e migrantes passou de 92 mil pessoas para mais de 223 mil. Entre eles, os haitianos e venezuelanos representavam mais da metade (57,2%) da força de trabalho, em 2022. Porém, parte deles não tem trabalho de carteira assinada e acaba optando pela informalidade.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que, em 2023, 74,2 mil microempreendedores individuais (MEI) ativos eram de outras nacionalidades no Brasil. O número é 73% superior ao registrado em 2019, quando existiam apenas 42,9 mil.
O montante de MEI estrangeiros corresponde a 5,7% do total de migrantes no país. A maioria (14%) é venezuelana, seguido de bolivianos (13%), colombianos (9%), argentinos (8%) e haitianos (6%). A área de principal atuação entre os refugiados e migrantes é o comércio e fabricação de roupas — um em cada quatro MEIs vindos de fora trabalha no ramo.
Guilherme Augusto Machado
Leonardo Guilherme Lourenço Moisés
Ana Dubeux
Reportagem: Mayara Souto | Edição: Andreia Castro | Coordenação: Carlos Alexandre de Souza e Mariana Niederauer| Fotos: Ed Alves | Vídeos: Arthur Ramos e Samuel Calado| Tecnologia: Patrick Lima e Vinícius Paixão
© 2023 Diários Associados. Todos os direitos reservados. Política de privacidade | Termos de uso