É fácil entender o sentimento de revolta deixado por um crime sem explicação. O difícil é saber como a família e os amigos podem tentar superar quando algo assim acontece. Vinte anos separam 2024 do dia que Maria Cláudia Del'Isola, uma jovem de apenas 19 anos, foi morta de forma brutal dentro de sua própria casa. Apesar do tempo passado, a indignação causada pelo crime, estampada nas páginas do Correio naquela época, não se dissipou. O quarto episódio do podcast Memória CB, temporada Os Crimes de Brasília, com produção e narração de Thays Martins e Talita de Souza, relembra o assassinato de Maria Cláudia.
O crime aconteceu no Lago Sul: Maria Claudia foi encontrada enterrada dentro da própria casa. As investigações apontaram a responsabilidade do fato para dois empregados.
Confira os detalhes no episódio completo:
Associação lembra Maria Cláudia
Hoje, Maria Cláudia dá nome a uma associação que ajuda vítimas de violência, fundada pela mãe dela em 2004, a Maria Cláudia pela Paz. Este ano, a associação está preparando um grande evento no parque que leva o nome de Maria Cláudia na data em que a jovem faria 39 anos, 21 de julho. No dia, haverá várias atividades para crianças e jovens.
“Somos mulheres e homens movidos pela causa da valorização da vida. Esse é o nosso lema, que nos ensina, sobre a inspiração de Maria Cláudia, a nunca perder a sensibilidade a compaixão e a esperança diante das inúmeras adversidades da vida”, explica Cristina Del’Ilsosa sobre a associação.
O trabalho da associação ajuda outras vítimas de violência. Um dos frutos é o próprio parque na entrequadra 113/112 Sul. A área era um trecho escuro e deixado de lado da quadra. O grupo se uniu para cobrar do poder público que algo fosse feito lá depois que uma jovem foi estuprada nas redondezas. A área foi revitalizada e hoje tem uma nova cara. Uma foto estampa o rosto de Maria Cláudia, da forma como quem a conhecia gosta de lembrar dela: sorrindo.
Cristina lembra que o papel da associação pode não resolver o problema da violência, mas que o trabalho feito pode impactar essas famílias atingidas de forma positiva. Uma história em particular a faz não esquecer disso. Um menino, de apenas 4 anos, que caiu em uma vala em que uma fábrica de cimento que costumava despejar produtos tóxicos. Ele ficou com o corpo totalmente queimado. “Me tocou muito e, até hoje, em alguns momentos de fraqueza, eu tento lembrar daquele sorriso do morador da Fercal, de família numerosa e muito humilde.”
Ela lembra que a associação visitou a família várias vezes e tentava ajudar nas necessidades. O menino tinha um sonho de ganhar uma bicicleta, principalmente, porque ao voltar a estudar, a maior dificuldade dele era caminhar. “Seu sorriso de gratidão ao receber tão esperada bicicleta nos impactou tanto que ao voltarmos para casa levamos a nossa grande lição: a certeza de que nós não temos como mudar a dura realidade. Mas a forma como vamos lidar com ela é o que faz e fará a diferença em nossas vidas.”
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