Comoção nacional. O assassinato de Galdino Jesus dos Santos, em uma rua de Brasília, chocou a todos os brasileiros. Uma combinação perigosa entre o acaso, estereótipos sociais e intenção maldosa culminou em um líder indígena queimado vivo.
Após dia intenso de lutas por seu povo, o pataxó despertou do sono com o corpo tomado pelas chamas, em uma parada de ônibus. A morte foi desesperadora e lenta. Os criminosos, cinco jovens de classe média alta, fugiram de carro após perceberem que não estavam sozinhos na cena do crime.
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A noitada acabou atrás das grades. Condenados a 14 anos de prisão, o quinteto da morte cumpriu poucos, durante os quais tiveram acesso a várias regalias.
Na época do crime, o Correio entrevistou três dos autores da barbárie: "A gente queria só assustar. Jogamos na perna do cobertor. Mas o fogo se espalhou rápido demais," disse um deles.
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Falas marcantes
- "Eles nos chamam de selvagens, mas são uns verdadeiros animais", falou o cacique Wilson Pataxó
- “Nunca tinha visto selvageria igual”, relatou um delegado
- “Estou horrorizado”, disse o presidente Fernando Henrique Cardoso
- “Esse crime enoja a sociedade brasileira”, completou o ministro da Justiça, Milton Seligman
- “A honra de Brasília está em jogo por causa desse crime hediondo”, declarou o governador Cristovam Buarque
Cronologia do crime
20 de abril de 1997
O índio pataxó Galdino é queimado vivo durante a madrugada. Os autores foram presos no mesmo dia
21 de abril de 1997
Galdino morre com 95% do corpo queimado
22 de abril de 1997
Sob protestos, o indígena é enterrado em Pau Brasil (BA)
28 de abril de 1997
A Justiça pede a prisão preventiva dos criminosos
12 de setembro de 1997
O menor de idade envolvido é libertado
11 de novembro de 2001
Os quatro acusados maiores de idade são condenados a 14 anos de prisão
23 de novembro de 2004
Dois deles conseguem liberdade condicional
21 de dezembro de 2004
Os outras dois também saem da prisão