Eu, Estudante

Superação

Mãe de 36 anos é aprovada em quatro vestibulares para medicina

Bruna Fernandes conciliava a preparação para as provas com os cuidados com o filho recém-nascido. Consultórios pediátricos passaram a ser sala de estudos

Aos 36 anos e mãe de uma criança pequena, Bruna Fernandes passou em quatro processos seletivos para o curso de medicina em São Paulo, em 2022. Farmacêutica de formação e natural de Jundiaí, ela começou a se interessar pela área médica ainda na graduação de farmácia, e, nos últimos anos, dividiu a dedicação aos estudos com os cuidados com o filho.

Os esforços deram resultado. Bruna foi aprovada na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). Optou por seguir a formação na USP, realizando um antigo desejo pessoal.

Quando decidiu iniciar os estudos, ela saiu de um emprego estável em uma multinacional para se dedicar ao vestibular. As primeiras dificuldades foram sentidas na pele quando fez a prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), em 2019, época em que estava amamentando seu filho. Com a experiência, Bruna passou a defender a existência de ações afirmativas para mães que vivem as mesmas condições.

“Engravidei aos 30 anos, com estrutura financeira. Penso em uma menina que engravidou aos 17: ela tem que ter meios para ajudá-la e a culpamos muito sobre a situação. Temos que resgatar essa mãe e essa família. Sou a favor de termos ações afirmativas que ajudem essas mães” defende ela.

Apoio familiar

No início dos estudos para o vestibular, o sonho de Bruna parecia inalcançável. Mas o apoio do marido, da mãe e dos amigos fez com que ela não desistisse e seguisse em frente com o objetivo.

A mãe, Elisa Fernandes, que ajudava nos cuidados com o neto neto, destaca a persistência da estudante. “Ela sempre teve um foco admirável atrás da realização do grande sonho que ela tinha e que, hoje, está sendo realizado”, conta a mãe.

Para Alano Moura, marido de Bruna, o esforço nos estudos foram o que a levou às aprovações. “Ela estudava, dormia às 4h e levantava às 7h para cuidar do Rafael (na época um bebê), que precisou passar em vários atendimentos médicos à época. A sala de espera desses consultórios se tornaram locais de estudo”, descreve.

Recém-aprovada, a futura médica já traça planos para o futuro. Pretende abrir uma clínica e conciliar suas obrigações profissionais com a vida pessoal: “Quero ser um exemplo para o Rafael. Se eu for uma coisa só, vou ser frustrada”, afirma.

 

*Estagiária sob a supervisão de Denise Britto