Para muitos estudantes, o fim da jornada de preparação para o Programa de Avaliação Seriada (PAS) ainda está longe de acabar. A crise sanitária tirou a prova do calendário corriqueiro, do fim de novembro e começo de dezembro, e jogou o exame para 2021.
Na última sexta-feira (29/1), a Universidade de Brasília (UnB) anunciou o adiamento das duas primeiras etapas da avaliação. As provas do PAS 1 e PAS 2 serão aplicadas em 27 de junho e 20 de junho, respectivamente. Somente a terceira etapa foi mantida na mesma data, daqui pouco mais de um mês, em 7 de março. A UnB também decidiu prorrogar até 26 de fevereiro o período de inscrições para as duas primeiras etapas.
No caso das duas primeiras etapas, professores chamam a atenção para o fato de que é possível aproveitar o tempo a mais e caprichar na revisão nos meses que antecedem a prova. Além disso, quanto mais tempo longe dos conteúdos, mais fácil é esquecer, por isso rever as matérias será essencial para fazer os testes. Os candidatos da última etapa também têm mais de um mês para concentrar esforços de revisão.
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Professora de redação do Colégio Sigma, Ângela Miranda destaca que a mudança de datas foi positiva por não expor jovens ao risco de contaminação e considera que, nesse tempo a mais, o inscrito deve continuar os estudos e compensar o que foi prejudicado pela pandemia. “É uma oportunidade para que o aluno estude e treine. Redação não é simplesmente escrever, você precisa estudar e ler”, afirma.
“(O estudante) tem que continuar a leitura principalmente das obras, ler atentamente a matriz do subprograma e o que pede”, ressalta. Ela lembra que é preciso também treinar gêneros argumentativos como carta argumentativa e resenha, prestar atenção às atualidades, manter o foco na escrita e produzir cerca de um texto por semana.
O professor de história e coordenador do ensino médio do Colégio Único, Rodrigo Pavan, ressalta que o adiamento para junho das primeiras etapas pegou os professores de surpresa, mas considera que não deve haver prejuízo para o aluno. Na preparação final, ele destaca o papel de importância da revisão dos conteúdos aprendidos.
“A dica que a gente pode dar é o aluno não deixar o que aprendeu para trás, sempre ler alguma coisa ou as anotações que ele fez durante o ano, separar, a cada semana, um dia para rever as matérias”, afirma. Rodrigo observa que matérias como matemática, física, português e redação também merecem uma prioridade pelo peso na aprovação.
Professor de matemática do Colégio Sigma, Gabriel Carvalho considera que o ritmo de estudos deve ser diferente na reta final, dependendo da etapa. Ele justifica pela diferença de tempo que cada grupo tem disponível para a preparação. “Para o PAS 3, o melhor nesta reta final é fazer as provas antigas”, afirma.
Os alunos da primeira e da segunda etapas, segundo o professor, podem formular um cronograma de estudos mais diluído para que consigam revisar todos os conteúdos, aliado à resolução de exercícios até a data da prova. Gabriel indicou alguns conteúdos de matemática mais cobrados, confira:
- PAS 1: matemática financeira, porcentagem, geometria espacial (prismas e pirâmides) e função quadrática;
- PAS 2: geometria espacial (cilindro, cone e esfera), logaritmo e funções trigonométricas;
- PAS 3: geometria analítica, estatística, análise combinatória, probabilidade e números complexos.
A professora de sociologia do Centro Educacional Leonardo da Vinci Kamila Figueira pondera que o ritmo de estudo deve visar uma revisão de qualidade dos conteúdos e das obras da matriz de objetos de avaliação do PAS.
Ela destaca a importância da leitura do documento que traz a matriz de objetos, pois alguns itens eram muito parecidos. “É importante ter familiaridade com a seleção. Nesse sentido, refazer provas de anos anteriores é fundamental”, afirma.
Em ciências sociais, a professoras lista alguns temas que merecem mais atenção na revisão:
- PAS 1: conteúdos e as obras que estão relacionados aos temas de cultura e etnocentrismo;
- PAS 2: violência doméstica contra as mulheres e desigualdade de gênero;
- PAS 3: racismo estrutural e cidadania.
Atenção para a área de linguagens!
“O ideal é que o estudante continue focado e seguindo um plano de estudos, plano esse que ajudará a manter o foco, a disciplina e a confiança no processo”, lembra Nádilla Garros, professora de língua inglesa no Colégio Marista João Paulo II.
Ela lembra a importância de "mergulhar nas obras indicadas pelo PAS, não como uma obrigação, mas buscando compreender o texto e o contexto" e ressalta a necessidade de um olhar crítico ao fazer isso.
A equipe de linguagens e códigos do Marista João Paulo II separou algumas dicas e áreas de atenção para manter o foco na reta final:
Artes visuais
- PAS 1 e 2: ler a matriz identificando as obras e suas abordagens;
- PAS 3: arte moderna e contemporânea.
Teatro
- PAS 1: gênero trágico, gênero comigo, elementos da linguagem cênica e cultura popular brasileira;
- PAS 2: teatro elisabetano, teatro realista e naturalista;
- PAS 3: vanguardas cênicas, teatro épico, teatro brasileiro, teatro moderno brasileiro e aspectos biográficos de Nelson Rodrigues.
Língua portuguesa:
- PAS 1: semântica, pontuação, tipos e gêneros textuais e crase;
- PAS 2: semântica, pontuação, tipos e gêneros textuais e funções da linguagem;
- PAS 3: pontuação e semântica, tipos e gêneros textuais, acentuação, ortografia e variações linguísticas.
Para língua estrangeira, Nádilla diz que é comum as obras e os autores aparecerem nos textos. "Também é muito importante que o candidato tenha um bom nível de vocabulário, uma boa habilidade interpretativa e de fazer inferências sobre o texto", pontua.
O professor de biologia do Centro Educacional Católica de Brasília Geraldo Furtado Almeida destaca que os alunos podem se dedicar aos conteúdos que apresentam mais dificuldades e aqueles que até então não tinham tido a mesma atenção em um primeiro momento. "Este é o momento ideal para revisar os tópicos de conteúdos-chave, que tipicamente são abordados, e também, ampliar os estudos", afirma
"Sempre digo aos meus alunos que aqueles conteúdos relacionados à atualidade do país e do mundo merecem uma dedicação maior nos estudos. Assim, na biologia, itens ligados à área da ecologia, principalmente, acerca dos desequilíbrios ambientais, são sempre atuais e assim, muito cobrados nas três etapas, haja visto, que os conteúdos são acumulativos", afirma. Ele também destaca alguns temas de foco:
- PAS 1: ecologia;
- PAS 2: vírus, bactérias, parasitas em geral e transmissão de doenças também tendem a ser abordados com mais frequência;
- PAS 3: conteúdos de genética, por envolver cálculos e, com isso, gerar dúvidas e dificultar os acertos dos alunos, algo utilizado para eliminar candidatos.
Alunos inscritos estão se preparando
Keila Cristina dos Santos Teixeira, 18 anos, que pretende cursar medicina, terminou o ensino médio em 2020 pelo Centro Educacional Católica de Brasília e fará a terceira etapa do PAS, em março. Ela considera que o adiamento tornou a preparação cansativa e se considera mais pressionada e apreensiva.
A estudante espera que a prova seja menos conteudista, levando em conta o ano atípico, em que estudantes tiveram de se reinventar com o ensino remoto. “Espero que eu esteja preparada para alcançar uma boa nota e conseguir me superar nesse PAS 3 e conquistar o curso que eu tanto almejo.”
Clarisse Fleury, 17, termino a educação básica no Centro de Ensino Médio Setor Oeste e fará o PAS 3 para tentar uma vaga no curso de artes visuais. A segunda opção é ciências sociais. Ela ressalta que a preparação não foi fácil. “Todo o conteúdo foi visto a distância em 2020, mas foi muito difícil para os professores passarem tudo. Então, a maior parte estudei sozinha”, relata.
“A pandemia trouxe diversas dificuldades na hora de estudar. Nunca tive ensino a distância, então tive alguns problemas tanto de internet quanto de concentração. Todo o conteúdo que vi no ano passado só será aplicado este ano. Os estudos devem continuar para que eu não esqueça nem me perca com os conteúdos já vistos”, pondera.
Entre os alunos participantes do PAS 2 está Diego Noronha, 16, estudante do 3º ano do Colégio Sigma. Na visão do jovem, o adiamento para junho é ruim, pois será mais uma prova para se preocupar no último ano do ensino médio. Afinal, ele terá que conciliar a revisão de conteúdos do 2º ano ao mesmo tempo em que se concentra nas matérias do 3º.
O estudante investirá em revisão até a data do certame. “Espero uma prova que consiga avaliar muito bem os participantes, mas que não seja muito complicada, visto que a gente teve um ensino muito diferente e muitas pessoas não conseguiram se adaptar”, diz.
A estudante Dalila Louise Correa Silva Martins Rodrigues, do 3° ano do colégio Marista João Paulo II, lembra do impacto que o ensino remoto pode ter. “A realidade de cada um dentro de casa é diferente do ambiente escolar e a concentração acaba sendo um dos nossos maiores desafios", conta.
"Eu tento sempre manter uma rotina de estudos tanto para o ano letivo quanto para os vestibulares, aperfeiçoando as áreas em que tenho mais dificuldade e me desafiando nas áreas do conhecimento que são meu ponto fraco”, afirma.
Clara Gonçalves Ferreira, 16, está no 2° ano do ensino médio do Centro Educacional Leonardo da Vinci, fará o PAS 1. Segundo ela, o adiamento faz com que seja preciso organizar um horário de estudo para revisar os conteúdos da primeira etapa e, simultaneamente, estudar o material do 2º ano.
"À tarde, depois das aulas, eu reviso a parte teórica com resumos e mapas mentais e faço exercícios relacionados ao assunto", conta. A estudante diz esperar que as questões sejam abordadas de forma que os conteúdos das diferentes matérias dialoguem entre si.
*Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa