O pesquisador Ricardo Galvão, 75 anos, professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), será o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nesta terça-feira (17), em cerimônia no auditório do órgão responsável por fomentar a pesquisa científica no Brasil, Galvão fez um discurso emocionado e disse que a "ciência sobrevoou ao cataclismo de um governo negacionista".
"Eu tenho 51 anos de serviço público. Os servidores públicos são acusados de não fazerem nada e de não produzirem nada. Vocês foram o sustento contra o governo que deixou o País", disse, durante cerimônia que contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Galvão volta ao governo federal depois de ser exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2019. Ele entrou em um embate com o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados de desmatamento na Amazônia.
A atitude de Galvão de chamar a atenção para a disparada de alertas de desmatamento registradas pelo instituto - uma alta de 40% ao longo de um ano —, foi duramente criticada pelo ex-presidente. Bolsonaro chegou a dizer a jornalistas estrangeiros que os dados do Inpe eram "mentirosos" e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG".
"Há pouco mais de dois meses derrotamos a truculência que existia em nosso País. Essa cerimônia é a comprovação de que a ciência sobreviveu ao cataclismo de um governo negacionista. Agora voltaremos a ter investimentos em ciência e isso passa pelo fortalecimento do CNPq", afirmou Galvão.
Recomposição
Durante o evento anúncio do pesquisador Ricardo Galvão como presidente do CNPq, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) serão recompostos integralmente. Entretanto, ela não detalhou o valor previsto para 2023.
Segundo Luciana Santos, os limites impostos na liberação dos recursos, por meio da Medida Provisória (MP) 1.136 de 2022, também vão perder efeito no início de fevereiro porque a proposta não será votada pelo Congresso.
"A ciência está de volta ao Brasil. Esse brado estava preso na garganta de muitos. Esse governo está empenhado e comprometido em reconstruir um país desmantelado e acabar com o negacionismo promovido pela administração anterior. O governo passado promoveu um apagão no financiamento da ciência e tecnologia", declarou.