Entidades que compõem a Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento Brasileiro (ICTP.Br) se posicionaram, com indignação, sobre o assassinato do indigenista e funcionário da Funai, Bruno Pereira, e do jornalista britânico, correspondente do jornal The Guardian, Dom Phillips.
As oito instituições que integram o ICTP.Br registraram, por meio de nota, que “crimes como este, somando-se a inúmeros outros, são resultados diretos dos conflitos na região amazônica, promovidos por grupos contraventores extrativistas que fomentam práticas ilegais de desmatamento e ocupação, que cresceram nos últimos anos de maneira substancial, em decorrência do abandono da região pelas autoridades que têm por missão constitucional e legal protegê-la”.
A nota frisa ainda que o Brasil segue na contramão da conservação dos seus biomas e utilização de seus potenciais para criação de riquezas, de maneira sustentável e equilibrada, respeitando os povos tradicionais e sua diversidade cultural.
Para as entidades que subscrevem esse documento, a Amazônia é um ecossistema com infinitas possibilidades no campo da pesquisas e desenvolvimento tecnológico, com importância vital para o equilíbrio climático do planeta e afirmação da soberania do país nas relações internacionais.
“A região preservada possui muito mais valor econômico para o Brasil que as práticas predatórias de exploração e a expansão desenfreada da fronteira agrícola e da pecuária, as quais cresceram substancialmente nos últimos cinco anos.”
“Os limites do conhecimento nas áreas da biotecnologia e bioeconomia, apontam para o futuro de um novo oásis que compatibiliza a necessidade de manter a floresta de pé, a permanência e proteção das populações nativas e a geração de riquezas com maior conteúdo tecnológico e valor agregado, compatíveis com os desafios da sustentabilidade do planeta.”
A publicação acentua que Bruno Pereira e Dom Phillips foram brutalmente mortos porque acreditavam que todos esses elementos são necessários para o desenvolvimento brasileiro, contribuição ao equilíbrio do meio ambiente em escala global e à garantia dos direitos humanos dos povos indígenas originários da Amazônia. “Nossa indignação, portanto, se coloca diante de uma política que vai contra os valores mais elementares da ética e do convívio digno e humano em sociedade.”
Assinam a nota a Academia Brasileira de Ciências (ABC); Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais deEnsino Superior (Andifes); Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap);Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica eTecnológica (Confies); Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional,Científica e Tecnológica (Conif); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I(Consecti); Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas & Sustentáveis (Ibrachics); e a SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).