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Audiolivro se populariza no Brasil como estratégia para otimizar rotina

Cada vez mais popular no país, ferramenta ajuda com a otimização do tempo no dia a dia e contribui para o aumento da leitura e a acessibilidade de pessoas com deficiência

Maria Eduarda Lavocat

A rotina agitada faz com que muitas pessoas não tenham tempo para a leitura. Nesse contexto, o audiolivro surge como uma alternativa prática. O novo formato é, essencialmente, uma versão gravada de um livro, narrada por uma ou mais pessoas, permitindo que clássicos da literatura, entre outros gêneros, sejam escutados durante atividades do cotidiano.

Segundo dados levantados pela pesquisa Audible Compass 2023, 81% dos brasileiros acreditam que os audiolivros podem ajudá-los a reduzir o tempo de tela. Além disso, 51% utilizam os audiolivros como forma de relaxamento, 27% os escutam enquanto fazem tarefas domésticas, e outros 27% enquanto cozinham. Os dados também mostra. A ferramente também desempenha um papel fundamental na promoção da acessibilidade, oferecendo uma alternativa inclusiva para pessoas com diferentes limitações. 

Paulo Vitale / Divulgação: Audible - Adriana Alcântara, da Audible: "Ressignifica atividades e transforma em oportunidades"
“Os audiolivros trazem flexibilidade para os ouvintes, permitindo que consumam literatura em áudio de alta qualidade em diferentes momentos do dia, em paralelo a outras tarefas — como limpar a casa, lavar louça, passear com o cachorro, fazer exercícios ou nos deslocamentos no trânsito, por exemplo. Essa conveniência agrega significado às atividades diárias e transforma esses momentos em oportunidades para se divertir, descansar ou até mesmo se desenvolver pessoal e profissionalmente”, explica Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible, uma das empresas que disponibiliza audiolivros no país. 

Na prática 

Para a estudante de medicina Ana Luiza Barreto, 23 anos, o audiolivro, além de complementar sua rotina, também é um momento de relaxamento. “Ouvir um audiolivro é um dos momentos mais relaxantes do meu dia. E é muito útil, pois combina o hábito da leitura com a praticidade de poder fazê-lo com os olhos fechados, em um ambiente calmo. Muitas vezes, depois de chegar do trabalho, minha cabeça está doendo demais para eu conseguir ler um livro ou me concentrar. Ouvir um audiolivro me permite desfrutar da literatura sem o cansaço mental que, muitas vezes, acompanha a leitura de um livro inteiro e o tempo passado com luzes acesas”, conta. 
Para aqueles com deficiência visual ou dificuldades de leitura, como dislexia, o formato elimina barreiras, permitindo o acesso a uma ampla gama de obras literárias. Além disso, os audiolivros podem ser uma opção valiosa para idosos ou pessoas com mobilidade reduzida, que podem encontrar dificuldades ao manusear livros físicos. 
Arquivo pessoal - Pedro Yan Brito, 24, diz que a narração deixa a leitura humanizada e a história mais emocionante
Pedro Yan Brito, 24 anos, assessor da Prefeitura de Fortaleza, possui uma deficiência visual desde seu nascimento, e o audiolivro é uma das formas pelas quais ele tem acesso à literatura. “Sou cego total. A única coisa que consigo enxergar é a claridade da luz. Isso aconteceu porque nasci de seis meses e precisei ir para a incubadora. Lá, tive deslocamento de retina e acabei perdendo a visão”, explica. 
“Eu sempre fui incentivado a ler e a procurar conhecimento pelos meus pais. Minha mãe, inclusive, lia muitos livros para mim na infância, e isso era um passatempo que eu gostava muito. Quando fui crescendo e aprendendo a usar a internet, comecei a ter acesso a conteúdos acessíveis, como livros em PDF, que eu podia ler com o auxílio de leitores de tela, e depois os audiolivros, que são incríveis porque trazem uma leitura humanizada. É muito mais prazeroso ouvir um livro com a voz de uma pessoa, pois a história fica mais emocionante. É muito diferente da voz robotizada do meu leitor”, completa Pedro. 
Devido ao reconhecimento que essa modalidade tem em sua vida, Pedro pretende começar a produzir audiolivros no futuro para escritores independentes. “Infelizmente, nem todos os livros estão disponíveis em áudio. Gostaria muito que a produção, principalmente de autores independentes que não têm tantos recursos, crescesse cada vez mais para que pessoas cegas, como eu, pudessem ter acesso a esse tipo de conteúdo, que é maravilhoso e nos ajuda muito. Futuramente, tenho o projeto de começar a produzir para esses profissionais”, conta.