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Cinco principais desafios das mulheres negras até os cargos de chefia

Executivas negras elencam o racismo e o machismo como principais obstáculos para alcançar posições de liderança. A falta de colegas de trabalho com o mesmo perfil também é realidade enfrentada pela maioria

Um levantamento com 331 executivas negras mostra as principais dificuldades enfrentadas por elas para chegar a cargos de liderança. As cinco primeiras confirmam o quanto problemas estruturais da sociedade brasileira impedem que potenciais sejam, de fato, desenvolvidos e reconhecidos, o que permitiria que saíssemos das trajetórias de "voos solos". São elas: racismo estrutural (52%), machismo institucional (48%), conciliar objetivos de carreira com atividades pessoais (43%), acesso a experiência (34%) e conciliar objetivos profissionais com atividades familiares (30%).

Mais da metade das respondentes, 57%, diz ser a única liderança negra feminina no local em que atua. Muito tempo de experiência no mercado (50%), qualificação acadêmica (47%) e indicação profissional (30%) são citados como os fatores que mais ajudaram na trajetória percorrida. Ainda que boa parte esteja sozinha, é praticamente unanimidade entre as executivas que esse processo de maior diversidade nos cargos de liderança precisa ser uma construção coletiva: 94% acreditam que a presença de uma mulher negra nesses postos abre portas e incentiva outras a chegarem à mesma posição. 

Feita pela 99jobs, em parceria com o Pacto Global da ONU — Rede Brasil, a quarta edição da pesquisa Mulheres negras na liderança ouviu líderes com idade entre 25 e 44 anos, principalmente  coordenadoras (28%) e gerentes (28%) — 13% delas são fundadoras da própria empresa. A maioria tem formação avançada — 41% têm pós-graduação/MBA, 10% mestrado e 2% doutorado — e atua no terceiro setor (12%), varejo e comércio (12%), em áreas sociais e de educação (9%) e empresas de serviços (8%). 

30 mil bolsas gratuitas de inglês 

O Movimento pela Equidade Racial (Mover) está com inscrições abertas em um programa gratuito de capacitação personalizada em inglês. São mais de 30 mil bolsas de estudo para pessoas autodeclaradas negras em um curso on-line com cerca de 3 mil horas de conteúdo e adaptação para alunos com deficiência. As atividades são práticas e baseadas em situações cotidianas fora e dentro do ambiente de trabalho. Cada aluno receberá um plano de estudo criado a partir do seu nível de proficiência e das  necessidades individuais. São 16 níveis de formação, do básico ao avançado, e, a cada etapa concluída, será fornecido um certificado com reconhecimento internacional. A terceira edição do Mover Hello recebe candidaturas até o próximo dia 18, pelo site do Mover (https://somosmover.org/). O início das aulas está previsto para setembro, e os inscritos terão 12 meses para completar a qualificação.

Homenagens à Mãe Bernadete

Reprodução/Redes Sociais - Mãe Bernadete foi assassinada a tiros em agosto: ameaças constantes

O próximo sábado marca um ano do assassinato de Mãe Bernadete no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Bahia. A comunidade prepara uma série de homenagens, entre os dias 16 e 18, para celebrar a memória de sua matriarca. Entre as atividades previstas, estão apresentações musicais, danças tradicionais, uma celebração ecumêmica e uma caminhada pela diversidade cultural. Sete comunidades quilombolas da região e lideranças de todo o país se reunirão para celebrar o legado da ialorixá executada com 22 tiros dentro de casa. Segundo o  Ministério Público da Bahia, o crime está ligado à luta de Mãe Bernadete contra o tráfico de drogas na área do quilombo. Dois dos cinco criminosos seguem foragidos. 

Retratos da paternidade

Freepik - Relatório inédito aponta aspectos sobre a paternidade negra no Brasil

O Promundo elaborou um relatório inédito sobre como negros brasileiros lidam com a paternidade. Dúvidas quanto à capacidade de cuidar de crianças pequenas e carências vividas na própria infância estão entre os destaques.

90% avaliam que ser pai de criança negra os obriga a ter mais repertório no processo de educação;

48,6% acreditam que falar sobre racismo é a principal dificuldade na educação dos filhos;

34,6% consideram que não tiveram um pai presente ou atuante em relação ao cuidado;

65,6% já se sentiram discriminados por outras pessoas no que se refere ao cuidado em relação à criança pequena.