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Aprovado, refugiado pede ajuda para custear mestrado na Inglaterra

Jonatas Piña, 39 anos, precisa arrecadar recursos para bancar a formação no exterior e sustentar a família. Ele tem dois projetos sociais, no Brasil e na África, e planeja acolher mais jovens vulneráveis

Natural de Guiné-Bissau, na África Ocidental, e radicado como brasileiro, Jonatas Piña, 39 anos, foi aprovado para o mestrado de desenvolvimento internacional da Universidade de Bristol, em Londres, capital da Inglaterra. A escolha pela área é de caráter pessoal e político, porque ele quer fazer a diferença no próprio país e nos demais, tentando lutar contra mazelas sociais, como a pobreza, que é comum nos países emergentes. 

Em busca de melhores condições de vida e devido à instabilidade política de seu país, o refugiado veio para o Brasil há dez anos com a esposa e os três filhos, e vai se formar em relações internacionais no Centro Universitário de Brasília (Ceub) em 19 de agosto deste ano. Para sustentar a família, ele trabalha como professor de inglês, lecionando aulas particulares para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Essa não é a primeira vez que Jonatas passa em um processo seletivo fora do Brasil. Em 2023, ele chegou a ser selecionado para fazer mestrado na Dallas Baptist University (DBU), no Texas, nos Estados Unidos, mas não tinha condições financeiras para ir e teve de desistir do sonho. Hoje, para que possa estudar na Inglaterra, Jonatas precisa arrecadar cerca de 15 mil reais para arcar com os gastos, e já está disponibilizando doações e "vaquinhas" para possibilitar esse desejo.

Confira a reportagem feita pelo repórter Eduardo Vanuncio no Instagram:

 
 
 
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Luta por mudança

Jonatas acredita ser um "jovem protagonista". Ele justifica essa denominação pelo fato de ter vários projetos para os quais quer contribuir, tendo em vista o desenvolvimento da sociedade: "Por onde passo, quero fazer alguma coisa para deixar minha marca".

"Eu escolhi estudar desenvolvimento internacional porque sempre quis contribuir de alguma maneira para a maioria dos países africanos ou emergentes. Então, um dos meus objetivos é poder contribuir desenhando projetos de desenvolvimento para esses lugares", explica.

Colocando o protagonismo em prática, Jonatas também é professor no Instituto Social da Criança e Adolescente (Isca), uma escola que criou, em conjunto com a esposa, para acolher e educar jovens carentes. "A nossa ideia é tirar os meninos do vício de drogas e combater o que mais estiver envolvido neste mundo. Por hoje, oferecemos esses cursos de reforço escolar e o inglês, que é fundamental. Não existe processo seletivo para o aluno entrar e o valor da matrícula e da mensalidade é R$ 50 reais cada."

Ser professor é algo que motiva Jonatas, que teve o pai, já falecido, como inspiração. "Ensinar é transferir conhecimento e ajudar outras pessoas a superarem limites. Sinto que estou dando uma contribuição muito valiosa para a sociedade ao preparar futuros profissionais, como presidentes, advogados, entre outros. E tudo hoje passa em uma sala de aula", afirma.

Planos futuros

Assim que se formar no mestrado, Jonatas pretende voltar para Guiné-Bissau para investir mais em iniciativas de combate à pobreza. Um dos planos é fortalecer a organização não governamental (ONG) que criou no país africano, chamada Associação de Bem-estar dos Menores Africanos, que atualmente atende 300 crianças e, no futuro, deve se tornar uma faculdade.

"Guiné-Bissau é muito pequeno e é um dos países mais pobres do mundo. Tem poucos quadros de professores nas universidades e poucos formados. Então, eu tenho esse mestrado para me ajudar não só a desenvolver meus projetos pessoais, como também as pessoas de famílias pobres", diz o professor.

Vaquinha

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*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues