Com o mercado de trabalho em constante transformação, a educação não poderia ficar de fora das novas dinâmicas colocadas pela tecnologia. Na educação, a inteligência artificial (IA) tem sido usada para auxiliar na montagem de planos de aula, produção de materiais de estudo e em atividades lúdicas junto aos alunos. Esse é o caso da professora de inglês Stelamaris Delavechia, 34 anos, que trabalha com IA em sala de aula e está fazendo pós-graduação na área de tecnologias dedicadas à educação. Hoje, ela também faz cursos e workshops para capacitar outros professores, além de dar dicas nas redes sociais, planejando lançar um podcast mês que vem.
- Inteligência artificial na sala de aula
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Ela conta que sempre foi curiosa e, acompanhando a ascensão da tecnologia, se interessou pelo assunto. Antes da pandemia de covid-19, a professora começou a dar aulas no laboratório de informática, fazendo quizzes, atividades e jogos por meio de aplicativos, como o Duolingo. Porém, foi com a pandemia e as restrições do ensino a distância que ela resolveu investir nas IAs como ferramentas de estudo. "Na pandemia, a gente teve de aprender tudo de uma hora para outra. Os pais, alunos e as escolas ficaram preocupados, como íamos fazer? Eu já trazia as IAs para a sala, mas com a necessidade das aulas EaD, eu comecei realmente a ir atrás disso, foi quando iniciei minha especialização nessa área", relata.
Aulas lúdicas
Em uma das atividades, Stelamaris usou a inteligência artificial para tornar o material trabalhado em sala de aula mais atrativo aos estudantes. Ela compartilha que redigiu um texto por conta própria para ensinar o conteúdo e pediu à IA para que tornasse a linguagem mais lúdica. "Estávamos vendo um conteúdo sobre atividades para se fazer no tempo livre e pensei 'como juntar isso com o vocabulário que eles estão aprendendo?'. Então, pedi para a IA melhorar meu texto, e foi muito legal", lembra.
A professora afirma que a atividade de maior sucesso entre os alunos foi um escape room on-line — sala temática imersiva onde o jogador é o personagem e precisa decifrar enigmas e cumprir desafios para escapar — de revisão da matéria, por meio de um link nos celulares deles. Para ela, a abordagem lúdica é o diferencial para despertar interesse no aprendizado.
"Os alunos estudam algo que é prazeroso, que foge só da ideia do professor copiando no quadro. Eles acham que não estão tendo aula, mas não é isso. Estamos trazendo o jogo e as telas com um princípio educacional. Você observa os meninos apaixonados pelas aulas. É essa ludicidade que a gente precisa trazer para a sala de aula", defende.
Olhar crítico
A professora conta que já se deparou com casos de cópia de textos gerados por inteligência artificial, mas percebeu a situação por uma série de padrões na construção das informações. Para ela, o problema não está no uso das IAs para escrever, mas na falta de revisão do material gerado. Por isso, ela defende um olhar crítico ao lidar com essas tecnologias.
"A gente observa que o vocabulário dos meninos é muito diferente do utilizado pela IA. Sou eu, o ser humano na frente da máquina, que vai decidir se aquilo é pertinente ou não. O nosso diferencial é conhecer o outro, o olho no olho. Essa inteligência emocional com a capacidade de avaliação crítica, a máquina não tem, porque é só um compilado de programações e dados", expõe.
Atualização
Stelamaris acredita que a função dos professores não será substituída pela inteligência artificial, que deve ser vista como um companheiro de trabalho, em vez de um inimigo. "Muita gente tem medo da IA, como eu vi amigos na época da pandemia, que se desesperaram achando que não conseguiriam dar aula em frente a uma tela de computador. A IA não vai substituir a gente, porque uma vez que a tecnologia se expande, ela nunca retrocede. Mas precisamos nos atualizar, pois esse é o futuro da educação." (JG)
*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues
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