Julho atesta a força de organização política das mulheres negras brasileiras. Durante todo o mês, eventos variados pelo país focam na busca por justiça, igualdade racial e de gênero e transformação social. O 12º Julho das Pretas — Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver tem número recorde de atividades: 533, incluindo seminários, oficinas e debates públicos, entre outras iniciativas. Ao todo, 250 entidades, de 23 estados e do Distrito Federal, estão dedicadas à realização dos encontros, que também têm como objetivo mobilizar para a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, marcada para novembro de 2025, em Brasília.
A expectativa é reunir 1 milhão de pessoas na capital federal, no próximo ano, para a marcha. Será, portanto, um novo recorde, considerando que a primeira edição (foto), em 2015, contou com 100 mil mulheres. De lá para cá, redes se articularam pelo país, fortalecendo o debate sobre a participação política das mulheres negras em diferentes setores da sociedade. A programação no DF, para este Julho das Pretas, é variada, vai de rodas de conversa a oficinas, além de shows, desfiles de moda e exposição interativa. Confira quatro dicas:
1 - No Museu
Boa parte das atividades ocorrerá no Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios, durante o Festival Latinidades, de 25 a 27 de julho. Já no primeiro dia, às 20h, será lançado o documentário interativo Afrolatinas — 30 anos em movimentos. A obra dirigida por Viviane Ferreira, que também comandou o filme Ó Paí Ó 2, mostra, a partir de histórias de mulheres da região, os desdobramentos políticos e sociais depois que foi estabelecido o Dia da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho de 1992, no I Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana. Dispositivos de realidade virtual vão garantir que os expectadores vivenciem uma experiência imersiva por meio dos relatos das ativistas — entre elas, Nilza Iraci, presidente do Geledés, e Lúcia Xavier, fundadora da ONG Criola.
2 - Shows
Serão dois dias de shows no Latinidades. Na sexta, a partir das 21h, teremos Nós Negras — a reunião de cinco potentes cantoras do DF: Cris Pereira, Kiki Oliveira, Kris Maciel, Renata Jambeiro e Teresa Lopes (foto) — e a marcante Sandra Sá. Já no dia 27, a partir das 19h, uma programação extensa e diversa: Alaíde Costa, Bia Ferreira, La Dame Blanche, Sister Nancy, Gaby Amarantos, Ebony, Pongo e Irmãs de Pau. Nos intervalos, Djs Kethlen e Savana.
3 - Pretas que escrevem
No último dia, às 14h, mulheres que produzem literatura vão se reunir no já tradicional Julho das Pretas que Escrevem no DF, idealizado pela escritora e jornalista Waleska Barbosa. A quarta edição do encontro, sob o tema Nosso lugar é de fala — escrita, verbalizada, nunca mais engavetada, terá sarau, performances artísticas, exposição e venda de livros, além da homenagem a mulheres com trajetória de resistência por meio de suas escritas. São elas: Adelaide Paula, as irmãs Lourdes e Jovina Teodoro, Conceição Freitas, Norma Hamilton, Adelaide Paula, Elisa Mattos e Ailin Talibah. Waleska lembra que também são bem-vindas as mulheres da oralidade, como contadoras de histórias e compositoras, além de quem não tem obras publicadas. “Nos reunir, nos aquilombar, é tão importante para fortalecer os sonhos e impulsionar sua realização”, enfatiza. Inscrições, de amanhã a quarta-feira, no @julhodaspretasqueescrevemdf
4 - Fora do Plano
Há programações também fora do Festival Latinidades e do Plano Piloto. Está prevista para o próximo dia 21, por exemplo, uma roda de conversa, no Sol Nascente, com o tema Letramento racial e a solidão da mulher negra. A iniciativa é do coletivo PorElas (@elafav.porela). No dia 27, no Guará, será a vez da exposição e oficina Rainhas Coroadas, organizada pelas Rainhas Coroadas e Mulheres Negras Baobá (@rainhascoroadas).
Aproveite!
Confira a programação completa do Julho das Pretas no @amnboficial, e a do Festival Latinidades no @festivallatinidades.