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Conheça estratégias para evitar estagnação e crescer na carreira

Especialistas explicam como o planejamento e a proatividade podem ser o segredo para evitar períodos de estagnação

Muito se discute sobre as dificuldades de ingressar no mercado de trabalho, mas o que acontece depois ainda é pouco explorado. Apesar de conseguir um emprego ser um passo importante na carreira, é necessário pensar além dele, afinal, todos desejam evoluir para cargos mais altos, com salários maiores, e sentir realização no ofício.

Uma pesquisa feita pelo LinkedIn, a maior rede social profissional do mundo, afirmou que, no Brasil, 75% dos trabalhadores pesquisados estão considerando mudar de emprego em 2024. Outro ponto ressaltado no relatório é que os profissionais brasileiros consideram três principais motivadores para seguir outro rumo profissional: a busca por salários mais altos (44%), o desejo de alcançar um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal (29%) e a confiança em suas próprias habilidades (21%).

Nesse sentido, cabe ao profissional trilhar sua carreira dos sonhos e, para isso, é preciso medir e definir objetivos para ter uma evolução constante, sem períodos de estagnação. Segundo a mentora de carreiras Leila Arruda, a primeira década de trabalho é a mais agitada. "Normalmente, nesses primeiros 10 anos, ocorrem várias mudanças de emprego, começando, muitas vezes, como estagiário, depois se formando na faculdade, sendo efetivado e, possivelmente, iniciando cursos complementares", disse.

Portanto, é nessa época em que há o maior crescimento proporcional para o trabalhador, visto que é nesse momento que ocorre uma constante busca de novos conhecimentos, realizando pós-graduação, mestrado, cursos profissionalizantes e aprendendo novos idiomas. Isso se reflete na carreira, com promoções e um crescimento exponencial. Porém, depois dessa época, as coisas tendem a esfriar.

Sem plano

Após os primeiros 10 anos de carreira, muitos profissionais tendem a entrar em uma fase de estagnação. De acordo com a especialista em gestão de pessoas Cláudia Abel, a estagnação corresponde a um momento em que o profissional não se movimenta, está parado na carreira, sem plano de ação. Geralmente, acontece por falta de perspectiva de crescimento, falta de motivação, desconexão com o cargo ou com a empresa atual.

Arquivo pessoal - CEO da empresa CA Pro Consultoria em RH, Cláudia Abel é especialista em gestão de pessoas e está há mais de 20 anos na área

Outro fator é a falta de proatividade. Alguns profissionais simplesmente se acomodam após alcançar um certo nível hierárquico e passam a esperar que a empresa os promova para cargos mais altos sem buscar uma especialização adicional. Leila Arruda afirma que essa é uma armadilha comum: "Sem buscar novos conhecimentos, habilidades e certificações, é difícil avançar para posições mais elevadas na carreira".

Para evitar essa situação, as especialistas afirmam que o segredo é sempre se profissionalizar, manter-se atualizado, se desafiar e não ficar na zona de conforto, apenas fazendo mais do mesmo. Além disso, também podem ser adotadas algumas estratégias de gestão de pessoas para guiar os profissionais.

Ferramenta

A linha profissional do tempo é um mapeamento que o profissional faz desde o dia em que começou a trabalhar, com o objetivo de acompanhar não apenas o crescimento salarial ao longo dos anos, mas também a progressão na hierarquia profissional, as conquistas alcançadas e o nível de satisfação com o momento de carreira. Essa ferramenta é comumente utilizada em mentorias de carreira, pois possibilita uma visão clara e objetiva do desenvolvimento profissional de uma pessoa.

Após as etapas (veja o quadro), o próximo passo é criar um plano de carreira que irá delinear os objetivos profissionais e os passos necessários para alcançá-los ao longo do tempo. Normalmente, inclui uma análise de habilidades, interesses e valores individuais, bem como uma avaliação do mercado de trabalho e das oportunidades disponíveis. Com base nessas informações, o plano de carreira estabelece metas específicas a curto, médio e longo prazos, identifica os recursos necessários para alcançá-las e delineia um cronograma personalizado para sua realização.

 

pacifico - curriculo profissional trabalho

Exemplos

Olívia Gabarto, 24 anos, se formou em relações internacionais, mas hoje atua como executiva de contas e resolveu investir em um plano de carreira mesmo com poucos anos de profissão. "Já estou no mercado há três anos e meio e, como minha área de formação é diferente da minha área de atuação, existe esse gap na minha educação", disse. Nesse sentido, Olívia iniciou seu planejamento para saber quais seriam os passos a serem tomados agora, qual pós-graduação fazer e, também, as perspectivas possíveis a médio e longo prazos. "Percebi que, para eu continuar crescendo no ritmo que estou até agora, eu preciso de mais, e com o planejamento, consigo tomar decisões mais assertivas", completa.

Uma outra boa opção é mapear profissionais que já ocuparam os cargos desejados. Por exemplo, um profissional com formação em economia, que tem como objetivo chegar ao cargo de diretor financeiro, precisa estudar o percurso seguido por outros profissionais que alcançaram essa posição. Observar as estratégias, especializações, cursos e experiências acumuladas ao longo dessas carreiras pode ser uma forma de se planejar, permitindo a compreensão dos passos necessários para seu próprio crescimento profissional.

Transição

Luciana Cibreiros, 49, é um exemplo de profissional que venceu essa estagnação na carreira. Após 16 anos atuando como gerente administrativa de uma administradora de estacionamentos, ela resolveu sair do cargo para abrir sua própria empresa. A empreendedora conta que começou a ter conflitos com a direção e, após a pandemia, essas questões se intensificaram.

"Na volta do trabalho presencial, o nível de estresse estava muito alto em todas as lideranças da empresa. O primeiro passo meu foi fazer algumas mudanças dentro da minha gerência. Algumas foram aceitas, outras não. Tudo isso foram sinais chegando e fazendo com que eu enxergasse que ali não era mais o meu lugar", lembra. Dessa forma, Luciana largou o cargo para abrir sua empresa de consultoria. "Essa mudança só impactou positivamente. Hoje, eu sou uma pessoa muito mais tranquila e realizada, estou muito mais feliz naquilo que eu executo e continuo em crescimento", completa.

Keli Rodrigues, 45 anos, passou por uma situação semelhante. Em 2000, ela iniciou sua jornada profissional no serviço público com um cargo comissionado no Ministério do Esporte e Turismo (hoje Ministério do Esporte) e, posteriormente, no Ministério da Defesa. Keli conciliava a profissão com o sonho de ser psicóloga. "Eu sempre soube que queria ser psicóloga, porém não tinha tido oportunidade até ter esse trabalho no serviço público. Em 2005, eu consegui me organizar financeiramente para entrar na faculdade e me formei em 2010."

Após se graduar, a profissional ainda permaneceu no cargo comissionado, pois sentia insegurança e receio de não conseguir se sustentar apenas como psicóloga. "Eu fui me acomodando, até que, em 2013, um princípio de paralisia facial por estresse me assustou a ponto de pedir minha exoneração e seguir apenas com a psicologia", disse. Atualmente, ela atua apenas como psicóloga, com atendimentos particulares, possui dois consultórios e é sócia de sete empresas de saúde.

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

André Kazuo -
Arquivo pessoal -
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