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Novas atividades são incluídas na Classificação Brasileira de Ocupações

Profissionais das 19 atividades incluídas na Classificação Brasileira de Ocupações acreditam que a medida deve melhorar as condições de trabalho e valorizar as categorias

Lara Costa*
postado em 16/06/2024 06:00 / atualizado em 16/06/2024 09:36
Thays de Oliveira, 26, é passeadora há um ano e seis meses
     -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Thays de Oliveira, 26, é passeadora há um ano e seis meses - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) anunciou, em 10 de junho, a inclusão de 19 novas profissões à Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), além da atualização de 424 atividades incorporadas à lista. Atualmente, ao todo, há 2.741 ocupações na CBO, com novas inserções feitas de forma periódica.

Dentre as novas ocupações, estão: brinquedista, ergonomista, biólogo em meio ambiente e diversidade e em saúde, facilitador de biodança, facilitador de grupos de movimento (bioenergética) e condutor de cães domésticos (passeador). Confira a lista completa ao final da matéria.

O MTE faz o reconhecimento desses empregos com base nas tarefas executadas pelos trabalhadores, a partir da developing a curriculum (Dacum), metodologia canadense que analisa o perfil de atuação dos profissionais. As informações da classificação alimentam as bases estatísticas referentes ao mercado de trabalho, além de servir de subsídios para a formulação de políticas públicas de emprego.

Diante disso, foi criado o Guia Brasileiro de Ocupações, uma plataforma on-line pública que tem, na sua base de dados, informações da CBO, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Sistema Nacional de Emprego (Sine). O objetivo dessa iniciativa é ampliar a realidade do mercado de trabalho no Brasil.

Reconhecimento

A subsecretária de Estatísticas de Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, reforça que as demandas das entidades representativas de trabalhadores pela inclusão de novas ocupações é um dos fatores que motivou a elaboração dessa medida.

Sirlândia Reis Teixeira é coordenadora de uma brinquedoteca universitária e conselheira da Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri), uma das entidades que fez solicitações para que o MTE reconhecesse a profissão de brinquedista, e tem acompanhado o processo inclusivo de perto.

Ela afirma que essa ocupação é pouco valorizada, uma vez que, antes, os registros possíveis eram de recreacionista ou monitor, sendo que o brinquedista desempenha funções diferentes das duas atividades. “Esse profissional tem um papel de participação mais discreto, de mediação das atividades lúdicas, sem perder de vista que a criança é autora da sua experiência de brincadeira e tem o direito de escolher com o que e como brincar a partir da sua necessidade subjetiva e significativa”, explica.

Nesse contexto, Sirlândia acredita que o reconhecimento do Ministério pode dar mais perspectivas positivas e incentivar mais jovens a se inserirem na profissão sob qualificação específica e condições melhores de trabalho. “Com o código de ocupação, o brinquedista terá mais reconhecimento social, político, financeiro, cultural e, sobretudo, o reconhecimento profissional, tão aguardado pela ABBri e pelos profissionais espalhados pelo Brasil.”

Primeiro passo

A subsecretária também acredita que o registro dessas informações é o segundo aspecto importante dessa medida, uma vez que pode contribuir na inserção das atividades no mercado de trabalho. “Isso indica as qualificações, no contexto do quadro brasileiro e, por vezes, essa atualização pode levar a pensar nos equipamentos necessários, as profissões existentes e o próprio nome da ocupação”, explica a subsecretária.

Thays de Oliveira Soares, 26 anos, cursa tecnologia em processos gerenciais no Instituto Federal de Brasília (IFB) e trabalha como passeadora de cães há um ano e seis meses para complementação de renda. Nesse tempo, ela vê dificuldades na profissão, porque exige muitos preparos, como curso de primeiros-socorros e aprimoração de táticas, e, mesmo assim, é vista como um “subemprego”. “Muita gente pensa que é só pegar um cachorro e levar para passear, mas poucos sabem que sair com o cachorro na rua é bem perigoso e exige muita responsabilidade, ainda mais quando é outro tutor.”

Ela acredita que a inclusão de novas ocupações é um passo importante para a identificação dessa atividade e também para a organização dos trabalhadores na área. “Isso pode fazer com que o mercado pet nessa área continue crescendo, ainda mais entre os universitários, como é meu caso, de ter essa possibilidade de renda, porque possibilita fazer a agenda de trabalho e ainda continuar com os estudos.”

Confira as ocupações inseridas:

  • Analista de sucesso do cliente
  • Analista de experiência do cliente
  • Ergonomista
  • Biólogo em meio ambiente e diversidade
  • Biólogo em saúde» Facilitador de biodança
  • Terapeuta Reiki
  • Instrutor de ioga
  • Instrutor de meditação
  • Facilitador de grupos demovimento (bioenergética)
  • Brinquedista
  • Lactarista
  • Hidrojatista
  • Confeccionador de perucas
  • Ufólogo
  • Monitor de animais domésticos
  • Condutor de cãesdomésticos (passeador)
  • Instrutor de mobilidadecom cães-guia
  • Condutor escolar

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

  • Sirlândia Reis, da ABBri:
    Sirlândia Reis, da ABBri: "brinquedistas são pouco valorizados" Foto: Fotos: Arquivo Pessoal
  • Paula Montagner, do MTE, ressalta o papel das entidades de classe
    Paula Montagner, do MTE, ressalta o papel das entidades de classe Foto: Divulgação
  • Thays de Oliveira, 26, é passeadora há um ano e seis meses
    Thays de Oliveira, 26, é passeadora há um ano e seis meses Foto: Marcelo Ferreira/Divulgação
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