Mãe de Ana Lis, 6 anos, e de Mia, 3, Rebeca Costa, 31, recebeu o diagnóstico do transtorno do espectro austista (TEA) da filha caçula há sete meses. Desde então, ela tem dedicado grande parte do tempo para conciliar os cuidados de Mia, que frequenta fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, e de Ana Lis, que vive uma realidade diferente da irmã.
Com a nova rotina, ela ainda não conseguiu uma oportunidade de trabalho, mas está investindo na área do turismo e se preparando para seleções como o Concurso Nacional Unificado (CNU). “Invisto o tempo em que Mia está mais calma nos estudos para pensar na empregabilidade. Meu sonho é conquistar a estabilidade financeira, para conseguir ter uma vida mais confortável e também poder ajudar outras pessoas. Gostaria muito de passar em um concurso. No momento, esse tem sido meu foco, além das crianças”, diz.
Nova realidade
Na época em que nasceu a primeira filha, Ana Lis, Rebeca saiu da escola na qual trabalhava para ajudar na oficina do marido, e complementava a renda vendendo produtos. “Na pandemia, tivemos que fechara oficina, e foi quando eu engravidei da Mia”, conta.
Mais tarde, Rebeca chegou a morar por dois anos em Florianópolis, Santa Catarina,onde trabalhou como recepcionista em um hotel. No entanto, quando passou a perceber que Mia apresentava sinais como atraso no desenvolvimento motor, decidiram voltar para Brasília para contar com o apoio de pessoas próximas.
Investigação
Por recomendação de um parente, Rebeca levou Mia para o Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL), conveniado com a Secretária de Saúde do DF. Lá, a filha foi diagnosticada com TEA e desde então faz todos os tratamentos com os especialistas da saúde. “Fazemos o tratamento dela pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o centro é um dos poucos locais aqui no DF que auxiliam pessoas autistas de forma gratuita.”
A mãe comenta ainda sobre a importância de ter um diagnóstico precoce para uma criança com TEA, para que tenha melhor qualidade de vida. “Tenho esperança, vejo evolução na Mia, e isso está ocorrendo porque comecei as investigações quando ela tinha três anos de idade. Isso ajuda muito não só nas condições de vida dela hoje, mas também para o futuro. Outra grande questão é o desconhecido, porque além de ver o quanto era difícil para ela, é um assunto que a população desconhece. Mas o autismo sempre existiu”, defende.
Comunicação
Para Rebeca, conviver com as duas filhas significa conciliar necessidades diferentes, tendo como base a comunicação. “O mais complicado é quando um filho é atípico e o outro não, porque são realidades diferentes para lidar, e no segundo caso, como mãe, a dificuldade é conseguir se comunicar de forma que não prejudique o relacionamento.”Para tornar a rotina mais leve, Rebeca conta com a colaboração do marido e da sogra, já aposentada. “A rede de apoio é muito importante para qualquer família, porque tira um pouco da sobrecarga. Não é todo mundo que tem, e ter essa possibilidade é necessário, porque é mais pesado e difícil cuidar de tudo sozinha”, afirma.
Diante dos desafios, a mãe não deixa de sonhar e se reinventar a cada dia, e afirma ter grandes aprendizados com as filhas. “Tenho aprendido que nunca sabemos de tudo. Tem situações que ocorrem para mostrar isso. E enquanto mãe, preciso auxiliá-las com as adversidades que aparecem.”
*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues