O estágio é uma porta de entrada para o mercado de trabalho, já que o jovem adquire habilidades profissionais para atuar em sua área. Pensando nisso, o Centro de Integração Empresa Escola (Ciee), maior ONG de empregabilidade jovem da América Latina, realizou um mapeamento de estágios no Brasil que mostrou que os cursos de administração e ciências contábeis têm as maiores bolsas-auxílio do país, seguidos por direito, psicologia e pedagogia. Direito é o que mais emprega estagiários.
A média de valor observada para o estágio em administração, líder no ranking, é de R$1.413,33, enquanto para ciências contábeis, é de R$1.372,60. Para o supervisor do Ciee do Distrito Federal, Ismael Ângelo, essa configuração acompanha a dinâmica do mercado de trabalho, que busca, cada vez mais, se profissionalizar por meio da inovação, tendo em vista, também, a amplitude de possibilidades de atuação dos cursos.
"Considerando o cenário macroeconômico hoje, a gente vê um movimento de profissionalização das empresas, buscando estudantes com conhecimento atualizado, que possam trazer inovação. Além disso, o mundo empresarial está cada vez mais competitivo, exigindo pessoas aptas a gerenciar seus negócios. No curso de administração, por exemplo, há uma capacidade de visão holística, abrangendo mais áreas de atuação, o que muitos outros cursos não têm", aponta Ismael.
Apesar de administração e ciências contábeis terem as maiores bolsas-auxílio, direito é o curso que mais emprega estagiários no Brasil, segundo a pesquisa do Ciee. Para o supervisor do DF, isso pode ser explicado pela alta procura do curso, que supera a busca por administração. "Hoje, existem muitos estudantes de direito à procura de uma oportunidade de estágio, e isso pode ser um indicativo econômico, no qual a maior procura explica o menor preço, ou seja, o valor da bolsa é menor. Da mesma forma, pode ser que, no futuro, o curso de administração também diminua os valores, pela alta procura, havendo uma reversão do cenário atual", declara.
Thiago Oliveira Dantas, de 21 anos, é estagiário de administração na Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex). Ele atua na área de psicologia da empresa e observa que o mercado de trabalho para o seu curso é diversificado, mas "bem concorrido". Thiago deseja aperfeiçoar suas habilidades para atender as pessoas, se adaptando às novas tecnologias: "Pretendo continuar no setor de recursos humanos, trabalhando com pessoas, e buscar cada vez mais conhecimentos, me atualizando quanto às novas tecnologias do mercado".
Letícia Rosa de Almeida, de 22 anos, está cursando ciências contábeis na Universidade de Brasília (UnB) e também faz estágio na Poupex. Ela conta que o valor da bolsa-auxílio é um motivador em sua carreira: "Você sente que o seu trabalho te dá um retorno, que é valorizado. Isso é muito gratificante". Hoje, ela trabalha em uma área ligada ao mercado financeiro, o que é "muito desafiador", mas Letícia não desistirá de seu sonho. "Essa área nos motiva a sempre buscar atualização, melhorias, a sempre estar atento a contextos externos que influenciam diretamente no trabalho do contador. Gosto muito do que faço, então, quero conquistar a minha independência trabalhando com algo de que gosto", compartilha.
Visão
Humberto Casagrande, CEO do Ciee, destaca a necessidade de as empresas olharem para o futuro, investindo na inovação que a juventude tem a oferecer, com a abertura de mais vagas e a seleção dos melhores estagiários para integrar a equipe. "Existe um potencial que só vai se materializar se houver entendimento da sociedade, do governo e das empresas na direção de apoiar os jovens. É preciso mostrar a elas que é possível fazer um bom negócio e acolhê-los ao mesmo tempo, valorizando uma visão estratégica", defende.
*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues