Eu, Estudante

MERCADO DE TRABALHO

Depois da preocupação com a saúde mental do empregado, surge o cuidado com o candidato ao emprego

Redes de supermercados de Brasília foram buscar no Porto digital do Recife uma solução tecnológica que otimizasse o processo de recrutamento e seleção, mas que tivesse uma preocupação com a experiência do candidato

Após a pandemia, a preocupação das empresas com a saúde psicológica evoluiu. Os cuidados deixaram de ser exclusivos com os empregados. Cada vez mais, os departamentos de Recursos Humanos discutem o bem-estar de que nem trabalha na corporação, mas apenas se candidata a uma vaga. O que era um propósito apenas de psicólogos já chegou às instâncias mais altas das empresas por uma questão mercadológica: a valorização das marcas.

Comentários ruins nas redes sociais são prejudiciais para grandes empresas, principalmente, aquelas que contratam em grande volume. “No caso do varejo, isso é mais nítido porque o candidato, normalmente, também é um consumidor da empresa”, afirma o economista Luiz Gustavo Medina. “E quando falamos em varejo são milhares de consumidores que se candidatam a sua vaga.”

Para a psicóloga e palestrante Ana Luísa Winckler, as empresas começam a entender que colocar o foco no ser humano é necessário e rentável. Referência no assunto, ela costuma fazer palestras com bom-humor para apontar o drama do setor que, geralmente, não recebe atenção por ser uma atividade intermediária dentro das empresas.

Em sua palestra, ela lista formas de fracassar no RH. Entre elas, está o controle excessivo, o “chefe cronômetro”, a falta de feedback (retorno) e regras do dia a dia nada flexíveis como, por exemplo, a exigência de que todos os empregados trabalhem presencialmente todos os dias da semana sem levar em consideração as diferentes realidades dentro da equipe. Tudo isso cria clima e cultura ruins, segundo a especialista.

"As empresas estão entendendo que lideranças tóxicas começam numa seleção errada. Afinal, tudo está relacionado com pessoas. Então, é preciso olhar para elas”, afirma. Por isso, algumas redes de supermercados de Brasília foram buscar no Porto digital do Recife uma solução tecnológica que otimizasse o processo de recrutamento e seleção, mas que tivesse uma preocupação com a experiência do candidato.

As plataformas mais usadas neste setor têm sido alvo de críticas de candidatos que não recebem retornos ou que desistem quando se deparam com um questionário longo. “As empresas estão acordando sobre a exponencialidade do retorno quando o foco está nos seres humanos. É por isso que a gente está crescendo tanto e tendo tanto reconhecimento”, analisa Karol Branco, cofundadora de uma startup, que veio a Brasília para acompanhar pessoalmente a implementação da tecnologia nos novos clientes e do treinamento dos principais times.

Segundo ela, o segredo para atuar no varejo é ser o mais simples possível. Como muitos cargos são para pessoas com baixa instrução, quanto menos perguntas, mais ágil e eficiente é a seleção e contração. Karol garante que a tecnologia é superior porque consegue mapear o perfil comportamental de um candidato com apenas algumas perguntas e, com isso, predizer seu comportamento. Assim, conseguiu o título de melhor HRtech do Brasil por dois anos seguidos num cenário onde várias empresas do setor são atacadas por dificultar o processo e desestimular inscrições para vagas de emprego.

“Enquanto tem plataforma que premia o cliente cujo RH mais dá feedbacks para seus candidatos, nós garantimos que 100% deles recebam. E ainda cuidamos para que não recebam feedbacks negativos perto do fim de semana ou no dia de seu aniversário”, ressalta Karol. “Isso é pensar no ser humano.”