A Austrália é um dos destinos mais procurados por intercambistas de todo o mundo devido à qualidade de suas instituições de ensino, que aparecem entre as mais bem colocadas em rankings de universidades. Porém, o que muita gente não sabe, é que o estado de Queensland possui um programa voltado especialmente para atrair e receber estudantes com deficiência.
Segundo o governo do estado, para o biênio de 2022 e 2023, foram investidos mais de 1 bilhão de dólares na melhoria da infraestrutura de universidades a fim de acomodar pessoas com deficiência (PCDs).
Neste período, dos 25.126 estudantes entre 15 e 19 anos do estado que responderam a um censo, 6,6% identificam-se como portadores de alguma deficiência. As deficiências mais frequentes reportadas foram autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e dificuldades de aprendizagem.
"O governo de Queensland acredita que intercâmbios devem ser possíveis, sem limitações, para todos. Desde a chegada ao aeroporto até aos parques no interior do estado, estamos preparados para atender todas as necessidades de acessibilidade", afirma Sarina Hobbin, diretora do Study Queensland, iniciativa governamental de fomento à educação do estado de Queensland em atuação no Brasil.
As universidades contam com equipamentos adaptativos, serviços de interpretação da Auslan, linguagem de sinais australiana, legendagem e laboratórios com acesso a tecnologias assistivas. Existem também transportes públicos acessíveis e instalações para acomodar cães-guia. Os alunos podem, ainda, acessar aplicativos que auxiliam tanto na aprendizagem em sala de aula quanto no monitoramento de seus sinais vitais.
O levantamento "International Student Data by Nationality Brazil apontou que, em 2022, 8.203 brasileiros se matricularam em instituições de ensino do estado. Um deles foi Marcelo Dias, 42 anos, que cursa doutorado em direito internacional do meio ambiente na Queensland University of Technology.
Marcelo tem hérnias de disco na coluna cervical e uma lesão no tornozelo que limitam sua mobilidade. "A faculdade tem um departamento específico para lidar com estudantes PCD. Ao enviar meus relatórios médicos para eles, indicaram um local específico de trabalho para mim na universidade e equiparam este local com toda estrutura necessária para que eu tivesse o máximo de conforto. Além disso, enviaram para minha casa uma escrivaninha ergonômica", conta.
O doutorando diz que se sentiu empoderado e aliviado com a acolhida. "Recebi toda assistência necessária para que continuasse desempenhando meus trabalhos acadêmicos, uma oportunidade fundamental para que continue a contribuir com minhas habilidades para aliviar os efeitos desastrosos das mudanças climáticas, levando toda essa minha bagagem de trabalhos internacionais", comenta o pesquisador.
Idioma
Para estudar no país, os estudantes precisam conhecer o inglês. O nível de proficiência dependerá do curso e da instituição escolhida pelo aluno. Mas, para compensar uma possível deficiência de proficiência, é possível se matricular em cursos intensivos de inglês antes de iniciar o curso. Para estudantes com deficiência auditiva, a Austrália disponibiliza cursos online ou presenciais, de verão, para o ensino de sua linguagem de sinais, a Auslan, antes do início dos períodos letivos.
Empregabilidade
Segundo Sarina Hobbin, no estado de Queensland, as políticas de acessibilidade começam nas escolas e continuam ao longo do percurso profissional. O estado possui diversas leis que garantem equipamentos e atendimentos dedicados a PCDs.
"No site oficial do governo do estado, temos uma seção dedicada a essa população, oferecendo empregos e estágios, orientações sobre saúde física e mental, além de questões jurídicas relacionadas. Todas as iniciativas estão sob a égide do Plano de Deficiência de Queensland 2022-2027, que abrange iniciativas públicas e privadas", explica a diretora.