Os órgãos públicos e ministérios têm até a próxima sexta-feira (29) para manifestarem interesse em aderir ao Curso Nacional Unificado. Até o momento, o novo formato de certame já conta com a adesão de 10 órgãos, segundo lista preliminar divulgada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que organiza a seleção. Isso assegura a oferta de pelo menos 4.800 vagas.
Ao Correio, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) confirmaram a participação na nova modalidade de concurso. No caso do MDIC, a pasta deu a seguinte resposta: "Essa foi uma lista preliminar, pois o MDIC ainda não se manifestou". Os demais órgãos não responderam até o fechamento desta edição. Confira a lista preliminar dos órgãos que aderiram ao modelo:
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – 814 vagas;
- Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) – 502 vagas;
- Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) – 1.250 vagas;
- Ministério da Saúde (MS) – 220 vagas;
- Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – 900 vagas;
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – 895 vagas;
- Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) – 30 vagas;
- Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) – 40 vagas;
- Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) – 50 vagas;
- Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) – 100 vagas.
Já os órgãos que não aderiram e poderão realizar concursos separados, de acordo com o levantamento feito pelo Correio, são: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A Fundação Oswaldo Cruz informou ao Correio que até o momento, devido ao avanço dos procedimentos internos para a organização do certame, "a opção é pela realização de um concurso próprio". No entanto, ainda há tratativas entre a Fiocruz e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) no sentido de analisar a viabilidade de adesão ao concurso unificado ao menos em parte de seus editais.
O novo certame possibilita que os candidatos concorram a várias vagas de uma mesma área de atuação. No momento da inscrição, os concurseiros optarão por um dos blocos das áreas de atuação disponíveis. Em seguida, o candidato escolherá o cargo ou a carreira, por ordem de preferência, entre as vagas disponíveis no bloco de sua escolha. A publicação do edital de abertura do concurso está prevista para até 20 de dezembro, segundo o MGI.
As oportunidades foram divididas em oito blocos temáticos: administração e finanças; setores econômicos, infraestrutura e regulação; agricultura, meio ambiente e desenvolvimento agrário; educação, ciência, tecnologia e inovação; políticas sociais, justiça e saúde; trabalho e previdência; dados, tecnologia e informação pública e nível intermediário.
Como funcionará essa nova seleção?
A ideia do Ministério da Gestão é criar algo similar ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é aplicado simultaneamente em todo o país. O exame será dividido em duas partes, por meio de provas objetivas, com matriz comum a todos os candidatos, e de provas específicas e dissertativas por blocos temáticos. Ambas as partes do exame serão aplicadas no mesmo dia.
A expectativa é de que a prova seja aplicada em 179 municípios brasileiros em 25 de fevereiro de 2024 e a publicação dos resultados gerais da primeira fase até o fim de abril. Segundo o MGI, os municípios onde será aplicada a prova, foram selecionados mediante fatores como densidade populacional, raio de influência microrregional de cidades médias e grandes e as facilidades de acesso entre elas, delimitando municípios com mais de 100 mil habitantes. No caso específico da região Norte, o mínimo é de 50 mil habitantes.
Após a primeira fase poderão ser acrescentadas pontuações relativas à titulação acadêmica, experiência profissional, apresentação de memoriais, provas práticas, etc. O acréscimo é mediante critério dos órgãos ou por determinação legal de carreiras específicas.
Fernando Mesquita, diretor de mentoria do Gran Cursos Online, aponta os pontos positivos e negativos do Concurso Nacional Unificado. De acordo com o especialista, os fatores favoráveis giram em torno de estrutura de prova. "É mais fácil de realizar do ponto da administração pública, pois exige menos tempo — é, em tese, apenas uma prova. É uma seleção teoricamente mais simples de construir. Do ponto de vista do candidato, tende a ser um pouco pior, por reduzir a quantidade de chances e depender mais de uma data específica."
Mesquita também esclarece que a unificação das provas pode impactar negativamente a vida do concurseiro, uma vez que aumentará o nível de concorrência. "O candidato ao executivo federal teria menos oportunidades e, portanto, menos tempo de experimentação. Ele tem menos espaço para errar, e a preparação precisa de muito mais profissionalismo. Ao mesmo tempo, demanda mais conhecimento dos cargos e das áreas para fazer uma boa escolha. Além disso, se bem-sucedido, esse modelo pode se estender para outros poderes", finaliza.
De olho nas novidades
Arthur Sudre, 28 anos, vê no concurso unificado uma oportunidade de conquistar a tão sonhada estabilidade financeira. Sudre está com expectativas elevadas e acredita ser "um momento promissor para os concurseiros". Ele estuda para concursos há um ano e meio e aponta como vantagens da prova unificada a redução dos gastos com deslocamento para fazer as provas de órgãos localizados fora de sua cidade e a possibilidade de uma nota de corte menor devido ao grande número de participantes.
Para Lucas Rocha, 33 anos, esse novo formato de concurso está sendo implementado de forma rápida, gerando muitos questionamentos, como por exemplo a respeito da lotação. Ele também acredita que esse formato pode agilizar a contratação de novos servidores. Em contrapartida, acaba limitando as escolhas dos concurseiros. "Você perde a chance de migrar rapidamente pra outra carreira ou área. As vagas mais cobiçadas ficarão sempre com os melhores colocados." O concurseiro também questiona a periodicidade em que esses certames serão realizados.
Quem também irá participar dessa seleção é o concurseiro Danilo Meira. Ele estuda há uma década para concursos e, apesar de considerar uma "oportunidade interessante, especialmente na questão da economia nas taxas de inscrição", está receoso se a "vantagem do conteúdo único realmente vai se consolidar". Para Meira, o que mais lhe chama a atenção foi a revalorização dos concursos. "O serviço público precisa de mais atenção e trazer novos servidores para manter a qualidade e bom atendimento à população."
*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá