Bagagem e sonho embarcando para a França. Esse é o novo destino do jovem Sevan Saraiva, 22 anos, que ganhou uma bolsa de estudos para cursar design. Nascido e criado em Recife, Sevan não hesitou em buscar seus objetivos e partiu para a Universidade de Borgonha, na cidade de Dijon.
O pernambucano cursou o ensino médio na Escola Técnica Estadual Cícero Dias (Nave), uma parceria entre o instituto Oi Futuro e a Secretaria de Estado de Educação de Pernambuco. Lá, fez o curso técnico em programação e multimídia. "Foi onde eu realmente estabeleci que eu queria cursar design. A escola técnica tem um quê profissionalizante, o que é muito interessante para um aluno de ensino médio. Apesar de eu ter um currículo bom, falando do Nave especificamente, tínhamos muita liberdade dentro da escola. Por exemplo: lá tem um espaço chamado media lab, e todo primeiro ano realizamos um monitoramento de mídia", conta.
Sevan lembra que não acertou na escolha do curso de primeira. Quando foi aplicar para a graduação, trocou design por arquitetura. Começou a estudar esse último tema na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e persistiu por três anos. Mas ele via que era no design o lugar em que poderia crescer.
Durante a pandemia, as aulas na UFPE foram suspensas e ele ficou um ano em casa. No fim de 2020, a Oi Futuro abriu vagas para processo seletivo de ex-aluno do Nave, e Sevan foi selecionado para o cargo de designer. Após um ano, veio a efetivação como UX design.
Vendo que uma vida profissional na área do design seria possível, o pernambucano decidiu seguir seu sonho. Ele precisou refazer todo o processo do vestibular, já que a UFPE não aceitava transferência de curso. Foi quando surgiu a ideia de aplicar também para universidades na França, ao mesmo tempo em que estudava para o Enem.
"No começo, eu fiz essa aplicação mais como desencargo de consciência, não imaginava que passaria", comenta Sevan. Ele chegou a completar um ano estudando design na Federal de Pernambuco, e vai terminar os três anos restantes na França.
Novo idioma
Enquanto ficou parado por um ano sem estudos, Sevan resolveu aprender a falar francês sozinho, uma vez que já dominava o inglês. "Durante a pandemia, como eu tinha muito tempo livre, e eu queria ocupar a minha mente, fui aprendendo francês sozinho. Fui estudando e pesquisando e vi que a França era um país muito interessante para estudar", conta.
Aprender uma nova língua não é fácil, ainda mais sozinho. Sevan elenca alguns dos métodos que usou: "Basicamente o que eu fazia era ver filmes que eu já conhecia, principalmente da Disney, que eu já conhecia de cabo a rabo, e os achei em francês com legenda. Com o tempo, eu ia assimilando. Peguei vários livros de gramática também, e estudava. Eu treinava comigo mesmo, falando sozinho".
O pernambucano diz que aprendeu francês em mais ou menos um ano e meio. "Depois desse tempo, estudei para o teste de proficiência. Usei o mesmo métodos para aprender italiano, o que foi mais rápido: em 5 meses", relata.
Expectativas
Todo o processo de aplicação para o curso no exterior permitiu ao estudante refletir. "Eu sempre tive um sonho de estudar fora, mas esse acabou sendo o momento perfeito. É muito triste pensar que uma pessoa com o mesmo potencial que eu tem menos oportunidades. Eu só consegui fazer isso no momento em que tive minha independência financeira, porque minha família não tinha como custear tudo isso para mim", diz o rapaz de 22 anos, que hoje conta com o suporte da família para a empreitada.
"No começo, foi um pouco difícil. Não que eles não acreditassem em mim, mas eles não entendiam como funcionava todo esse processo. Mas eles ficaram muito orgulhosos. Quando eu comecei a ser aprovado foi uma loucura", celebra o jovem.
Com uma permissão especial da Oi, Sevan continuará os trabalhos remotamente. Ele vai morar no câmpus da universidade, dividindo um apartamento. O pernambucano chegou à França em 17 de agosto e as aulas começam na primeira semana de setembro. Diretamente da França, Sevan confessa: "A expectativa está grande. Depois que eu me inscrever na faculdade vai começar a luta. Estou bem animado agora, conhecendo o lugar, vendo como é diferente. O choque cultural é grande, mas é algo que me anima muito".
Estou bem animado agora, conhecendo o lugar, vendo como é diferente. O choque cultural é grande, mas é algo que me anima muito" Sevan Saraiva, estudante
Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer