Carmem Gomes, 53 anos, é uma das milhares de pessoas ansiosas com a onda de novos concursos anunciados pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Em busca de uma aprovação no serviço público, ela iniciou os estudos e pretende aproveitar ao máximo as oportunidades do próximo ano. Pedagoga, seu foco está no Ministério da Educação (MEC), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Durante a preparação, ela optou por estudar por meio de videoaulas, apostilas e resumos. Outra estratégia adotada pela pedagoga é resolver provas anteriores. "É fazendo questões que conhecemos o perfil das bancas", afirma.
Douglas da Silva Pimenta, 26, também iniciou os estudos com foco nas áreas militares e policiais, como Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e Oficial Técnico Temporário do Exército, embora a carreira bancária também chame sua atenção.
Entre as vagas anunciadas por Dweck, está o concurso do Banco Central, uma opção para o concurseiro. Apesar de estar previsto para 2024, Douglas prefere não perder tempo. "A minha estratégia começa com as provas anteriores de concursos já realizados na área que estou estudando. Refaço a prova e estudo os padrões aplicados", conta.
Conciliando trabalho, lazer e tarefas de casa, ele estuda cerca de 4 horas diárias durante a semana, e, aos sábados e domingos, reserva 10 horas por dia, com intervalos de 30 minutos para cada duas horas estudadas. "Eu sempre estudei antes do edital abrir, então já estou me preparando há alguns anos. Quando o edital sai, eu dou um foco maior no que ele especifica", explica.
Douglas e Carmem são veteranos nos estudos para concurso e já escolheram a maneira de se prepararem para as novas oportunidades. Mas, com tantas opções de concursos para 2024 (confira a lista na pág. 4), é normal que os concurseiros, sobretudo os iniciantes, se sintam perdidos no caminho.
Quando iniciar os estudos?
Mateus Andrade, professor especialista em concursos públicos, sugere que o primeiro passo nessa jornada é iniciar os estudos o mais rápido possível.
"O melhor é começar a estudar o quanto antes. Não espere para iniciar só depois que abrir o edital, uma vez que a quantidade de conteúdo é grande e exige uma boa antecedência. Uma dica é lembrar que a sua aprovação está nas matérias básicas do seu concurso, que são as maiores e para as quais será necessário se dedicar com prioridade", explica.
Para isso, é ideal começar a organizar a rotina e liberar tempo no dia para estudar. "É muito comum que a pessoa inclua o estudo em seu dia sem retirar outras atividades, entretanto, é necessário eliminar algumas distrações e alinhar a rotina para que haja pelo menos 2 horas por dia dedicadas aos estudos", ressalta.
O especialista explica que a organização e disciplina são elementos essenciais para buscar a aprovação. "Lidamos com muitas tarefas, conciliamos trabalho, hobbies, família, às vezes filhos, então precisa organizar a rotina direitinho para encontrar tempo para estudar e revisar os conteúdos. Elimine atividades para ter mais tempo para estudar com foco. Muitas vezes será necessário fazer renúncias e remover distrações, seja saindo de grupos de conversa, desinstalando aplicativos do smartphone e até cancelando serviços de streaming", acrescenta.
Mateus cita que provas e questões de exames anteriores podem ser grandes aliados, mas alerta: é preciso adquirir materiais de qualidade. "A maioria dos concurseiros compra material demais e pode economizar muito tempo e dinheiro com aqueles de maior qualidade. Plataformas com acesso a muitos cursos podem causar ansiedade, pois o conteúdo é realmente extenso e não haverá tempo hábil para ler tudo. Então, é importante buscar bons conteúdos de cada matéria para otimizar o tempo", explica.
Cenário "excelente"
Eduardo Cambuy, professor do Gran Cursos Online, avalia que o cenário no mundo dos concursos para 2024 é excelente. "Já estamos vivendo uma prévia, até porque as autorizações estão saindo agora, os concursos serão realizados uma parte neste ano e, uma boa parte, no próximo ano. Então, com certeza, este e o próximo ano serão excelentes para os concurseiros", prevê.
Na hora de escolher em qual concurso focar, o especialista sugere avaliar a afinidade com a área em relação às matérias, já que os candidatos se aproximam mais dos concursos e órgãos que têm mais correlação com o que ele tem interesse.
"Outra coisa que deve ser levada em consideração é o fator tempo, até para efeito de aproveitamento ou conciliação, dependendo da cronologia da publicação dos editais. Vamos ter alguns saindo juntos com outros ou de formas quase subsequentes", afirma. "Então, inevitavelmente, o candidato faz concursos ao mesmo tempo e deixa de fazer outros eventualmente. Quanto mais tempo o candidato tiver para estudar, mais competitivo ele pode ficar", acrescenta.
Apesar disso, o professor faz um alerta importante: é impossível estudar para todos os concursos ao mesmo tempo. "Tudo o que você faz de maneira mais focada, você faz melhor. Quando o candidato tem um foco mais definido, ele consegue abranger mais concursos e afastar outros que não têm a ver."
Para facilitar a escolha, Cambuy sugere agrupar as áreas e verificar aquelas que terão mais oportunidades. Dessa forma, o candidato poderá aproveitar mais matérias, que valerão também para outros certames, por serem comuns com a carreira escolhida.
Tecnologia como aliada
A tecnologia pode servir como aliada em diversas áreas da vida, inclusive nos estudos. Rodrigo Calado, especialista em tecnologia e cofundador do Gran Cursos, cita que a tecnologia pode ajudar a acelerar o aprendizado por meio de facilidades que otimizam o tempo do aluno. Mas é preciso ter cuidado.
"O uso da inteligência artificial, por exemplo, pode atrair muitos concurseiros pelas facilidades que pode trazer. Por isso, o concurseiro precisa usar esse tipo de tecnologia com cautela. Não é recomendável limitar-se apenas à IA em seus estudos ou na preparação para concursos. As ferramentas têm suas limitações. Por exemplo, elas podem fornecer informações incorretas ou incompletas e podem não ser capazes de responder a perguntas complexas ou ambíguas", explica.
"A IA pode ser ótima para fornecer explicações rápidas e personalizadas, mas também é essencial utilizar conteúdos em outros formatos. Esses recursos complementares podem oferecer perspectivas diferentes, exemplos práticos e uma compreensão mais aprofundada dos conceitos", complementa.
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