Os estudos sempre foram a estratégia de Maria Victória Luz, 22 anos, para alcançar um futuro promissor. Graduada em biotecnologia pela Universidade de Brasília (UnB) com auxílio de assistência estudantil, a jovem cursou todo o ensino básico na rede pública e, hoje, prepara as malas para o mestrado na Alemanha, Bélgica e Suécia, com bolsa de estudos pelo programa Erasmus Mundus.
O interesse pela educação e pela biotecnologia começou cedo. "Aos 13 anos eu já pensava em criar coisas inexistentes", conta a estudante. O primeiro passo veio em 2016, com o ingresso no curso de biotecnologia na Universidade Federal do Ceará (UFC). Dois anos depois, a transferência para a UnB ampliou suas oportunidades educacionais. "Nas universidades eu pude participar de várias atividades acadêmicas e viabilizar o meu acesso a locais, pessoas e conexões que de outro modo eu não conseguiria", explica.
Talita Carmo, pesquisadora do Centro de Tecnologia (CDT) da UnB, foi professora de Maria Victória e destaca na trajetória de sucesso da estudante as habilidades para a ciência. "Ela sempre foi atrás de seus objetivos com dedicação e persistência, buscando realização pessoal e profissional", diz.
Superação
Para chegar até a bolsa de pós-graduação na Europa, o caminho percorrido por Maria Victória foi de muitas dificuldades. A educação, no entanto, foi a aposta para lidar com os problemas da trajetória.
"Meu pai trabalha como garçom e recebe apenas um salário mínimo. O que me ajudou a permanecer na faculdade foi o programa de assistência estudantil", conta.
A rotina também não era fácil. Para chegar à UnB antes da aula das 8h era preciso passar duas horas nos ônibus. "Como eu moro no Novo Gama, distante da universidade, para não me atrasar, pegava sempre o primeiro ônibus do dia", relembra.
Maria Victória conta ainda que, durante a graduação, precisou conciliar o empenho nos estudos com tratamentos de saúde. A estudante teve um tumor na hipófise, que ainda está em tratamento, e recebeu o diagnóstico de fibromialgia.
"Esses problemas de saúde me geraram diversas internações, mas eu sempre me organizei para evitar que tivessem um grande impacto na minha vida acadêmica", explica. A jovem acrescenta que a educação foi uma aliada nessa luta pela saúde: "usei os diferentes projetos como uma forma de me motivar a ficar em pé".
Projetos
O mestrado está previsto para começar no fim de agosto e a biotecnóloga vê nele uma oportunidade de contribuir com o país. "Estudar no exterior vai ser uma oportunidade de trazer para o Brasil novos conhecimentos sobre o uso sustentável da tecnologia e da melhor utilização dos recursos naturais", planeja.
Quanto ao seu futuro na profissão, Maria Victória tem grandes ambições: quer focar em alternativas para garantir o acesso universal à água potável. "Quero trazer também conhecimentos sobre reciclagem e recursos hídricos para utilizar na indústria e, assim, conseguir ter uma comunidade mais sustentável", diz.
Para que os planos se realizem, a estudante ainda precisa superar mais um entrave. É que mesmo com a bolsa de estudos, as despesas iniciais da viagem estão além do orçamento. "A bolsa não vai arcar com os valores do visto e da documentação e, no primeiro mês, a dificuldade vai ser bancar moradia e alimentação".
A solução encontrada pela estudante foi recorrer aos sites de doações, conhecidos como "vaquinha on-line". Para contribuir, basta acessar o link https://www.vakinha.com.br/3735803 e ajudar a Maria Victória a trazer mais inovações para o Brasil.
* Estagiária sob a supervisão de Ana Sá