Para contribuir com um ecossistema mais limpo, o artista plástico e educador ambiental carioca Alfredo Borret, 41 anos, redireciona o uso de tampinhas de metal transformando lixo em arte. Denominado Ecotampas, o projeto pode ser conferido em mais detalhes pela rede social @ecotampas.
Desde 2007, Borret anos utiliza tampinhas que normalmente são jogadas no lixo para criar quadros, mosaicos e souvenirs, como imãs de geladeira. "Tudo começou com meus pais me colocando para montar quebra-cabeças durante o castigo”, conta.
Desde o início de sua trajetória, mais de um milhão de tampinhas de metal, geralmente utilizadas em garrafas de cervejas e refrigerantes, foram reaproveitadas pelo artista, o equivalente a aproximadamente 50 toneladas de resíduos que iriam para o mar, rua ou esgoto.
“Viso mostrar, por meio da minha arte, a importância da conscientização das pessoas quanto ao microlixo, que também pode ser extremamente prejudicial ao meio ambiente”, diz ele, lembrando que uma única tampinha pode ser suficiente para a proliferação do Aedes aegypti — popularmente conhecido como mosquito-da-dengue —, zika vírus e Chikungunya.
Para manter o estoque da matéria prima, Borret firmou parcerias com bares e restaurantes. “Eles guardam as tampinhas para mim e, em troca, ofereço brindes ou divulgação”, revela. Já todo trabalho manual de execução das obras é realizado pelo próprio artista.
Arte sustentável
Ainda segundo Borret, sua aspiração artística se juntou ao anseio de levar adiante a educação ambiental. Hoje, a convite de escolas públicas e privadas, o carioca realiza palestras e oficinas com crianças e adolescentes, ensinando suas técnicas artísticas, mas, principalmente, para conscientizá-las sobre a preservação do meio ambiente.
“Meu anseio é que o Brasil se torne um país onde o lixo seja jogado no lixo e não nas ruas. Vejo a educação como um meio disso acontecer”, afirma Borret, frisando que a educação ambiental deveria ser uma disciplina obrigatória nas escolas. “Muitas vezes os pais das crianças que eu atendo me ligam felizes, dizendo que os filhos estão entusiasmados em recolher as tampinhas da rua para fazer arte”, afirma.
A respeito da arte sustentável, Borret acredita que esta modalidade vem caminhando a passos lentos no Brasil. Para ele, além da questão educativa, ainda falta o apoio de empresas geradoras de resíduos. “Temos artistas dispostos a falar de sustentabilidade e preservação da natureza, mas, para isso se estabelecer, é essencial a parceria com fabricantes interessados no marketing ambiental”, afirma.
“Vivemos num país com muitos recursos naturais. Talvez, em função dessa fartura, haja muito desmatamento, destruição da natureza. Infelizmente, acredito que a arte e a economia sustentável só vão dar um boom quando começar a faltar esses recursos. Aí a gente vai ver essa real importância ", destaca.
Os quadros de Borret variam em formato e tamanho, dependendo dos pedidos, que podem ser realizados por pessoas físicas e jurídicas a partir de quaisquer imagens e retratos apresentados ao artista. Borret afirma já ter produzido murais com mais de 80 mil tampinhas.
O trabalho é demorado. Segundo Borret, um quadro de 60 cm por 90 cm demora, em média, sete dias para ser concluído, e gasta em torno de 700 tampinhas de metal. Os preços variam e podem ser consultados pelo e-mail alfredo.borret@gmail.com.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende