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Estratégia

Retenção de talentos é a meta de grandes empresas para 2023

Corporações buscam profissionais comprometidos e competentes como forma de construir legados significativos de contribuição e realização na vida profissional

A importância da valorização dos empregados vem sendo assimilada cada vez mais por grandes corporações mundiais. No Brasil, a prática é a bola da vez entre os especialistas e CEO's do mercado de trabalho. Empresas com expectativa de crescimento em 2023 estão focadas em realizar ações que engajem os funcionários e os conectem, cada vez mais, à realização profissional e à cultura institucional.

O Guia Salarial 2023 da Robert Half é a prova de que o mercado de trabalho está atento à retenção de talentos. De acordo com a publicação, 68% dos recrutadores consideram que buscar e manter talentos é a atividade mais desafiadora.

Nesse cenário, diversas empresas estão apostando em novas táticas, como a SWA Sistemas Acadêmicos, cujo fundador da empresa, Leandro Scalabrin, afirma que, com demandas cada vez mais surpreendentes e de grande importância para o fluxo de produção, bons profissionais estão sendo os mais procurados para compor cargos proeminentes.

Scalabrin destaca que, sobretudo os profissionais da geração 2000, estão preocupados em construir legados significativos de contribuição e realização na vida profissional e que o engajamento desses profissionais é fundamental para um bom rendimento e resultados das empresas.

A SWA disponibiliza aos seus colaboradores bolsas integrais de graduação e pós-graduação, por meio de parceria com clientes, faculdades e universidades. "Para 2023, projetamos mais de 200 horas de treinamentos livres, com base na matriz de competência, para que nossos funcionários possam se desenvolver de acordo com sua função, levando em consideração o plano de desenvolvimento individual", afirma Scalabrin.

Ele ressalta, ainda, a diferença nas ações corporativas, quando gestores passam a entender um pouco mais sobre modelos de trabalho e produtividade. E destaca que existem grupos que preferem trabalhos remotos, enquanto outros gostam de estar presencialmente na empresa todos os dias, e que essas escolhas representam grande parte do desempenho e engajamento do fluxo de trabalho.

Escritórios temáticos, palestras e benefícios sociais são investimentos que promovem a valorização das ideias e do bem-estar dos colaboradores. Muitas empresas dispõem de áreas de convivência e descanso, além de bares e minimercados. "A bebida é uma forma de comemorar as vitórias de todos os dias", afirma Scalabrin, que vê nessas ações o principal fator para o sucesso da empresa, a partir do trabalho executado por seus empregados.

Referência no setor de medicina diagnóstica, a rede de laboratórios Sabin figura há 16 anos no ranking das 10 melhores empresas para trabalhar no planeta, pela Great Place To Work, consultoria global que apoia organizações a obterem melhores resultados por meio da cultura de confiança. A presidente-executiva do grupo, Lídia Abdalla, considera que essa posição é afirmação prática do pilar central da empresa. "Sempre entendemos que o cuidado com as pessoas se reflete no engajamento, na atenção com o cliente", diz.

Ela afirma, ainda, que na última década, o Sabin começou a perceber uma mudança comportamental nos candidatos a vagas nas empresas. "Já não há mais uma separação sobre vida pessoal e profissional, pois esses fatores são considerados pelos profissionais em busca de colocação no mercado como complementares e essenciais", afirma.

Ainda na área da saúde, o Sabin desenvolveu programas para cuidar de doenças cardiovasculares, tabagismo, alimentação saudável e também o Programa Gestação, voltado a colaboradoras grávidas, desde o início da gravidez, com acompanhamento médico e palestras a cada dois meses sobre a relação entre mãe e bebê. Desde sua criação em 2013, o programa já atendeu a mais de 700 mães. 

"Antigamente, o sucesso estava atrelado a cargos e remunerações, agora não é mais assim", diz a gestora. Segundo ela, as lideranças precisam se aproximar dos colaboradores, oferecendo afeto ao lidar com o cotidiano delas, pois as ações de decisão afetam diretamente o resultado do trabalho.

Felipe Costa - Brittar: valorização de funcionários como meta

Outro grande destaque da empresa são as trilhas de aprendizado, onde os colaboradores podem, a partir de qualquer computador da empresa ou pessoal, estudar conteúdos extras que tenham ou não relação com seu atual cargo. Essa ação, afirma a gerente de pessoas, saúde e segurança, Mariana Brittar, são essenciais caso o colaborador receba uma proposta para subir alguns degraus na profissão. "Aqui, pelo menos 80% dos cargos de liderança foram fechados com pessoas de dentro da empresa", afirma.

Lídia Abdalla, é um exemplo dessa prática. Ela ingressou no Sabin como trainee em 1999 e assumiu a presidência em 2014. Além disso, diversas mulheres também participaram do programa Gestação, e ao retornar da licença-maternidade, assumiram cargos de liderança. O quadro de funcionários da empresa é composto, majoritariamente, por mulheres, sendo 74% da liderança chefiada por elas.

Arquivo pessoal - Eduardo Ferreira: ações de impacto positivo

O coordenador da área de telecomunicações e segurança, Eduardo Ferreira, participou de treinamentos sobre inteligência emocional, cultura de confiança e cultura organizacional. "São ações de impacto positivo. Você começa a perceber que a maioria das questões que precisam de mudança começam em você."

A supervisora de uma das unidades do Sabin em Brasília Tchella Geminiano Leal, 34, conta que ao participar de um treinamento, percebeu o quanto a empresa está preocupada e comprometida com o bem-estar dos funcionários. "Isso me deixou muito feliz", afirma. "Em outro encontro tive um insight: uma grande vontade de entender mais sobre meus próprios sentimentos, principalmente porque estou em posição de liderança. Além disso, também precisava entender os sentimentos dos outros profissionais", recorda Tchella, que atualmente usufrui da academia disponível na empresa e iniciará um acompanhamento psicológico, que também é um benefício do Sabin.

Arquivo pessoal - Tchella Leal: empatia com os colaboradores

A empresa de tecnologia educacional Degreed prioriza a aplicabilidade das maiores habilidades dos funcionários. Por essa razão, o maior investimento da empresa é em ações corporativas, visando potencializar seus colaboradores, resolver problemas e abrir caminho para uma autonomia dentro dos respectivos cargos, além de possibilitar crescimento profissional.

Divulgação. Mioranzza - Mioranzza: cultura de aprendizagempositiva

A vice-presidente da Degreed para a América Latina e Caribe, Débora Mioranza, afirma que os gestores são peças fundamentais para que a engrenagem da empresa funcione, principalmente a partir da cultura de aprendizagem positiva, onde os líderes criam ambientes favoráveis para o crescimento dos profissionais, atuando como facilitadores.

A Degreed investe em seus colaboradores a partir de ações como cartão corporativo com valor mensal para compra de livros e cursos que podem ou não ter relação direta com o trabalho. E também ações que promovam a diversidade e inclusão, como o grupo Mulheres e Tecnologia, que atua como rede de apoio para que elas possam lidar com as dificuldades do dia a dia.

Divulgação - Bicca: liderança, humildade e responsabilidade

Colaboradores da Oregon Tool, produtora de correntes e barras para motosserras, recebem incentivos para cursos de idioma e graduação, com foco no crescimento profissional. "O investimento da empresa é fruto dos pilares empresariais de liderança com humildade, responsabilidade global, espírito pioneiro e senso de propriedade", diz o diretor de RH da Oregon Tool, Paolo Bicca.

"A diferença do nosso trabalho é construída a partir do que os nossos profissionais fazem", prossegue Bicca, referindo-se às ações engajadas de sua equipe. Ele acentua que a Oregon procura por líderes que "arregacem as mangas" e estejam dispostos a tomar iniciativa. "Nosso produto é técnico e exige domínio, ainda mais com os constantes aprimoramentos de processos e programas. Percebemos que a permanência dos profissionais com bom desempenho nos proporciona melhores condições de crescimento", considera.

Divulgação - Gotardi: motivação e aprimoramento profissional

Paulo Gotardi, 38, entrou na Oregon em 2011. A corporação possibilitou a ele, realizar cursos de inglês, tecnólogo em gestão da qualidade e está no quarto semestre de engenharia elétrica. Além disso, o mecânico trabalhou por alguns meses em um projeto na matriz da companhia nos Estados Unidos, ampliando seu conhecimento sobre os processos produtivos."Encontrei uma empresa muito organizada, com profissionais de alto nível. Isso me motivou a crescer profissionalmente. Diversos colegas me incentivaram a buscar um curso de idiomas e aproveitar os benefícios que a firma oferece, como as bolsas de estudo."

 

Estagiária sob a supervisão de Ana Sá