Pela primeira vez na história, mulheres ingressam na Escola de Aprendizes para se tornarem marinheiras de carreira. Foram 48 as jovens que saíram do ensino médio e, por meio de concurso, celebraram a aprovação na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina (EAMSC). As jovens farão parte da primeira turma feminina do Corpo de Praças da Armada da Marinha do Brasil. Elas ingressaram na instituição, na segunda-feira (16/1), juntamente com 97 homens, totalizando 145 novos alunos. Antes, pessoas do sexo feminino só poderiam ser admitidas na Marinha do Brasil se possuíssem ensino superior, ao prestar o concurso da Escola Naval.
O Concurso de Admissão às Escolas de Aprendizes-Marinheiros (CPAEAM) de 2022 ofereceu 686 vagas, sendo 48 para mulheres, apenas na EAM de Santa Catarina. Ao todo, foram 16.008 inscritos, sendo 4.530 do sexo feminino. As classificadas, que ingressaram na última segunda-feira, terão que passar por um período de adaptação até 29 de janeiro. A partir de 30 deste mês, elas e os colegas iniciam o curso de formação para Marinheiros da Ativa (C-FMN), que terminará após 48 semanas.
Realização
As 48 jovens que farão parte da primeira turma feminina do Corpo de Praças da Armada da Marinha do Brasil foram admitidas juntamente com 97 homens, totalizando 145 novos alunos na EAMSC. Carolina Ramos Muros Gomes, 21 anos, aprovada em 8º lugar, destaca a dedicação à nova carreira. “Minhas expectativas são as melhores. Sei como funciona o militarismo. Vou dar o meu melhor de mim e tentar me destacar para ter uma boa carreira”, conta.
Fazer parte da Marinha não foi apenas a realização de um sonho de infância apoiado por seus pais e irmão, mas também a concretização de querer fazer parte da primeira turma de mulheres em uma Escola de aprendizes marinheiros. “É uma sensação incrível saber que sou da primeira turma de mulheres da EAM. Na verdade, eu já estava estudando com isso em mente, ficava pensando o tempo todo: vou ser da primeira turma. E aconteceu!”, comemora Carolina.
A mãe da jovem, Marta Ramos, conta que a expectativa é grande para o ingresso da filha, especialmente porque é um momento histórico. “Estamos muito felizes por ela ter conseguido passar neste concurso e por ser a primeira vez que as mulheres vão entrar na Marinha pela EAM. Por ser a primeira turma, é um momento histórico. Todas estão de parabéns”, disse.
Adaptações
O Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina, capitão de fragata André Luiz Vilela de Assis, explica quais foram as principais mudanças realizadas para receber as futuras alunas. “Eu e toda minha tripulação viemos nos preparando há quase um ano para que elas, as candidatas aprendizes, fossem recebidas com a melhor infraestrutura e apoio possíveis. Foram criados banheiros femininos no prédio principal e no laboratório de física e química; o alojamento feminino, que já existia, foi redimensionado para receber as alunas. Além disso, todas as normas internas foram revisadas a fim de adequar a rotina da escola a essa nova realidade”, disse.
O Comandante Luiz Vilela afirma, ainda, estar orgulhoso de dirigir a escola em um momento tão marcante. “É uma grande satisfação profissional e pessoal para mim, como Comandante da EAMSC, fazer parte deste processo que ficará registrado na história da Marinha do Brasil”, finalizou.
Expectativas
A expectativa para o ingresso e, especialmente, sobre a carreira naval, é grande por parte das aprovadas e de seus pais. Marisa de Melo, moradora de Criciúma (SC) e mãe das gêmeas Gabriela de Melo Gomes e Rafaela de Melo Gomes, aprovadas em 9º e 23º lugar, respectivamente, diz sentir-se muito orgulhosa pela conquista das filhas, mas confessa estar com o coração dividido. “Meu marido e eu estamos felizes e tristes ao mesmo tempo. É uma mistura de emoções, porque elas chegaram onde chegaram sozinhas. O mérito é todo delas. E triste porque sabemos que criamos os filhos para o mundo. Elas vão bater asas e esperamos que o voo delas seja longo”, disse.
As irmãs são muito unidas, tomam decisões juntas e foram aprovadas em um concurso público disputado por 4.530 candidatos. Elas estavam no último ano do ensino médio, com aulas pela manhã e à tarde, além de aulas de música e inglês. Quando tinham tempo para descansar, não paravam, aproveitavam para treinar para o teste de aptidão física e, especialmente, para imaginar como seria a carreira naval. “Todos os dias conversávamos sobre a carreira porque sempre tem alguma curiosidade ou novidade para compartilhar. A ideia de conhecer o mundo com outros olhos e adquirir aprendizados que vão te acompanhar para a vida toda é algo muito motivador”, destaca Rafaela Gomes.
Com informações da Agência Marinha de Notícias