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Plataforma reúne e analisa dados raciais no país

Carmen Souza
postado em 18/12/2022 06:00 / atualizado em 18/12/2022 06:00
Wania Sant’Anna, integrante do Conselho Deliberativo do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais -  (crédito: Arquivo Pessoal )
Wania Sant’Anna, integrante do Conselho Deliberativo do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais - (crédito: Arquivo Pessoal )

O Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) acaba de lançar uma ferramenta que pretende melhorar o debate sobre a desigualdade no Brasil. Trata-se de uma plataforma gratuita que reúne dados oficiais e análises que podem ajudar as pessoas a refletirem sobre os aspectos sociais do racismo. Essa tem sido "uma tarefa longa e árdua do movimento negro", enfatiza Wania Sant'Anna, historiadora e pesquisadora de relações raciais e de gênero. Mas, segundo ela, não pode ser uma perspectiva limitada a um grupo de pessoas.

"É importante que saibamos o tamanho de nosso abismo na distribuição de bens, recursos e cidadania. A sociedade brasileira precisa se olhar sob essa dimensão, o das desigualdades raciais, e é por isso que nós lançamos essa iniciativa. A plataforma é para todos que querem um país livre do racismo e das situações de discriminação", enfatiza a também integrante do Conselho Deliberativo do Cedra.

Em um primeiro momento, os cruzamentos inéditos de dados trarão informações sobre renda, ocupação, domicílios e escolaridade, considerando os critério de cor/raça e sexo. Ao longo de 2023, serão inseridos dados sobre educação básica e superior, saúde e violência. Interessados devem acessar a plataforma aberta de dados raciais pelo site https://cedra.org.br/ .

FUTEBOL

Impasses da Copa

Em um dos maiores campeonatos esportivos da história surgiram dilemas que ultrapassaram as questões futebolísticas. Não faltaram críticas e juízos sobre gols perdidos, faltas não marcadas e erros táticos. Assim como também sobraram questionamentos que ilustram o quão desafiante é enfrentar o racismo, cujos tentáculos estão fincados nos mais diversos campos. Vejamos alguns dilemas:

É africana?

Marrocos será a primeira seleção africana a jogar uma semifinal de Copa do Mundo
Marrocos será a primeira seleção africana a jogar uma semifinal de Copa do Mundo (foto: Nelson Almeida/AFP)

Protagonista de uma trajetória inédita na Copa do Mundo, a seleção marroquina de futebol foi alvo de questionamentos sobre a sua origem. Possivelmente, porque os seus integrantes fogem do estereótipo que se tem do continente. O fato é que a equipe vitoriosa e de pele mais clara — o que não se espera de africanos — reconhece a sua origem. "O importante para as futuras gerações é que mostramos que uma seleção africana pode chegar a uma semifinal", disse o técnico Walid Regragui depois de desclassificar Portugal. Em tempo: Marrocos também é árabe e de maioria muçulmana.

É desrespeito?

Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e Neymar durante comemoração de gol do Brasil contra a Coreia
Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e Neymar durante comemoração de gol do Brasil contra a Coreia (foto: Manan Vatsyayana/AFP)

Os jogadores brasileiros são conhecidos por comemorarem os gols com dança. Houve quem não gostasse na Copa, alegando falta de respeito. O fato é que, além de cultural — a expressão de alegria, para os brasileiros, passa pelo bailar do corpo —, os passinhos eram uma resposta a ataques racistas sofridos por Vinicius Jr, jogador do Real Madrid, em um programa de TV. O atleta também foi vítima de cantos racistas proferidos pela torcida adversária. Em tempo: o Ministério Público espanhol arquivou o processo para investigar o caso alegando que a reação da torcida se deu "durante partida de máxima rivalidade" e por "alguns segundos", não configurando um crime.

Participe

Enegrecendo a toga

Estão abertas até 19 de janeiro as inscrições para o curso preparatório Enegrecendo a Toga, promovido pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra). A iniciativa tem
o objetivo de capacitar candidatos(as) em todas as fases do concurso para a magistratura, de modo a promover uma maior diversidade racial e social entre as juízas e os juízes. São 20 vagas, voltadas para candidatos de baixa renda, preferencialmente do gênero feminino. O curso será realizado no formato remoto, com início previsto para 6 de fevereiro. Mais informações no site www.anamatra.org.br/ enamatra/cursos.

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