Ainda em desenvolvimento, o metaverso é visto como uma plataforma promissora para o surgimento de profissões do futuro, ao estreitar a distância entre o mundo "real" e virtual. Profissionais das áreas da tecnologia estão em constante evolução para acompanhar o ritmo deste universo, onde a conexão 5.0 é o principal personagem. Desenvolvedores, designers e programadores estão entre os cargos mais demandados do novo espaço digital.
Metaverso é a palavra utilizada para denominar um espaço virtual compartilhado, interativo e hiper-realista, que permite ao usuário uma experiência altamente imersiva por meio de avatares customizados em 3D. A estrutura que comporta o metaverso é o sistema de blockchain — rede segura, colaborativa, pública e descentralizada.
Segundo levantamento da Gartner, empresa estadunidense de consultoria, em um futuro próximo, 25% da população mundial deverá passar uma hora por dia no metaverso para trabalhar, fazer compras, educação, entretenimento e interações sociais. A previsão também aponta uma estabilidade do espaço virtual compartilhado daqui a quatro anos. Pesquisas afirmam que até 2026, 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços prontos para esse universo.
A Catho, marketplace de tecnologia, que faz a ponte entre empresas e candidatos, elenca as profissões com mais vagas na plataforma para aqueles que desejam trabalhar neste "novo mundo". Desenvolvedores, engenheiros de software e designers são os mais requisitados, somando com mais de 10 mil oportunidades de trabalho disponíveis.
A aprovação entre os funcionários da área da tecnologia é positiva. Segundo pesquisa realizada pela Lenovo, 44% dos colaboradores estão dispostos a trabalhar no metaverso e acreditam que o espaço pode proporcionar diversos benefícios, inclusive na produtividade dentro do local de trabalho. Mas 20% afirmam não estarem interessados no novo universo, contra 21% neutros e outros 15% que não têm certeza — o que pode ser consequência do metaverso ainda estar em fase de consolidação.
O diretor do Metaversando, primeira agência digital especializada em metaverso, João Ricardo Matta, 53 anos, avalia que estamos vivendo um cenário similar ao "boom" da internet ocorrido em meados dos anos 1990, época em que tudo era novidade e não existiam padrões fixos. Segundo ele, como nos primórdios da consolidação da internet no mundo, atualmente os diversos profissionais têm a oportunidade de desenvolver e perpetuar novas formas de conexão no espaço virtual.
Ele observa que muitas empresas estão "trocando o pneu com o carro andando", ou seja, ainda estão, simultaneamente, na fase de desenvolvimento, aprimoramento de tecnologias e dentro do metaverso.
Matta observa uma possível ramificação nas carreiras já existentes e a criação de profissões exclusivas para o metaverso. Entre as novidades, ele destaca o papel dos corretores do novo espaço digital, responsáveis por encontrar o nicho que atenda todas as necessidades da empresa que está ingressando nessa modalidade. "Existem mais de uma centena de metaversos, que estão cada vez maiores e, consequentemente, mais potencializados", afirma.
O especialista pontua que cada espaço no metaverso utiliza uma tecnologia específica. Ele lembra que esses modelos estão em constante evolução e que, até o momento, ainda não é possível prever uma interação entre diferentes metaversos. "Futuramente, por meio de algum avanço tecnológico, a integração desses universos podem ser inseridas", prevê.
Dicas para se candidatar
A corrida entre as empresas para garantir um espaço no metaverso está cada vez mais acirrada. Multinacionais e até mesmo lojas do segmento varejista estão à procura de profissionais para suprir a demanda no novo ambiente. Ainda segundo Matta, as pessoas que saem na frente dessa enxurrada de oportunidades são aqueles que dominam a mecânica de blockchain, base para compreender o metaverso.
O diretor aconselha os interessados em mergulhar de cabeça no universo virtual a criar um perfil profissional direcionado para o cargo desejado e, assim, mostrar as competências dominadas ou áreas de interesse.
A falta de conhecimento do metaverso, afirma Matta, pode ser um ponto negativo. Ele sugere que uma forma simples para conhecer o funcionamento das ferramentas e mecânicas do espaço é ter um perfil em algum metaverso para compreender as nuances de cada ambiente. "Quanto mais o profissional entender da plataforma ficará mais fácil o processo de 'vender' suas habilidades para empresas", afirma.
Outro passo para conseguir se candidatar às vagas, prossegue, é conhecer as empresas que estão "entrando na onda". "Atualmente, lojas de diversos segmentos estão investindo no metaverso e contratando cada vez mais profissionais especializados na área de tecnologia", diz.
Matta reforça que a contratação de profissionais de tecnologia e ligados ao público é fator indispensável "para fazer o carro andar". "Estamos todos aprendendo, mas as empresas precisam estar bem estruturadas no digital antes de adentrar no metaverso", conclui.
Profissões do presente para o futuro
De acordo com levantamento feito pela Adecco, empresa europeia de recursos humanos, até 2030, novas 11 profissões serão criadas dentro do metaverso, entre elas, designers de vestuário para avatares, caçadores de recompensa de dados — profissionais com conhecimento jurídico para assegurar a privacidade dos dados dentro do ambiente —, metamédicos — capazes de diagnosticar e oferecer tratamentos à distância —, além de arquiteto de metaverso e diretor de evento no metaverso.
Áreas mais procuradas pelas empresas
Desenvolvedor
Escreve e cria softwares que variam desde websites, programas de computadores pessoais ou empresariais, sistemas operacionais, redes sociais e aplicativos de celular, entre outros. No metaverso, são os responsáveis por desenvolver a conteúdos de realidade virtual.
Designer Gráfico
Atua na área de comunicação visual. No espaço virtual, esse profissional é responsável por toda criação artística desde skins para os avatares 3D até o desenho da identidade visual desse novo mundo, sempre pensando na experiência do usuário.
Engenheiro de software
Projeta e guia o desenvolvimento de sistemas, aplicativos e programas. Na plataforma, assume a função de pesquisar e criar programas e sistemas operacionais.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá