Saiba o que levar em consideração na hora de escolher a carreira

(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)

A estudante Rebeca Cristina Reis, 18 anos, confessa que ainda fica perdida quando o assunto é definir a profissão a seguir. Com o ensino médio concluído no ano passado, ela conta que fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "atirando no escuro". "Optei por humanas, para qualquer área. Ainda não sei o que eu quero da vida. Nem mesmo o porquê dessa dúvida. Só sei que a área de exatas nunca foi o meu forte", diz.

A ansiedade de Rebeca é realidade entre a grande maioria dos adolescentes brasileiros. Estudo da plataforma de carreira CMOV revela que 82% dos jovens afirmam ter dúvida sobre a carreira a abraçar ou muito menos fazem ideia de qual profissão escolher. Mostra, ainda, que mais da metade deles gasta tempo e dinheiro com a escolha errada. As consequências dessa dúvida são encaradas mais cedo ou mais tarde. Na faculdade, o índice de troca de curso ou abandono chega a 56%.

Rebeca revela que fez vários testes vocacionais. Mesmo assim, a dúvida cruel persiste. "Nesses testes nenhuma área me interessou. Deu fisioterapia, medicina e até física. Fiquei ainda mais confusa, sem saber o que decidir", conta. Para ela, seria fundamental que as escolas de ensino médio oferecessem aos alunos algum tipo de teste vocacional, para facilitar a escolha da profissão. "Quando a gente tem ideia sobre áreas específicas, o que o mercado pode absorver, fica bem mais fácil", diz.

Ela, que sempre estudou em escola pública, observa que nem mesmo as vocações do pai, Valdeci, que está concluindo o curso de agroecologia, e da mãe, Isabel, que é professora, a influenciaram. "Essa parte de lidar com crianças é muito difícil para mim. Já a escolha do meu pai também nada tem a ver comigo", afirma.

Herança

A psicóloga organizacional e consultora de recursos humanos, Jéssica Santos de Souza, avalia que a opção por uma carreira, hoje, não tem relação direta sobre como realizar escolhas que soem determinantes, o que tira de foco o estereótipo de profissões tradicionais, como medicina, direito, odontologia e até mesmo as que representem herança familiar, carregada da fantasia de ter sucesso na vida profissional promissora.

"Hoje, a busca por ofícios que representem estilo de vida, visão de mundo, a busca pela essência, toma frente das decisões de carreira na busca pelo propósito e tira de cena a visão de que sucesso está apenas atrelado a retorno financeiro ou a status social, dando espaço a outras formas de realização profissional", afirma.

Ainda segundo ela, vivemos atualmente essa mudança de "mindset", ou seja, a característica da mente humana que determinará os nossos comportamentos, atitudes e pensamentos, até mesmo no campo profissional. "Logo, podemos pensar sobre a velocidade da informação, bem como o acesso à tecnologia no impacto direto nessas definições, visto que as referências de profissionais desses jovens já não estão restritas aos convívio familiar e a um rol limitada de amigos, sofrendo a influência das redes, oferecendo pluralidade de caminhos", afirma.