Jovens com ensino técnico têm mais chance de colocação no mercado de trabalho formal, além de maior possibilidade de ascensão profissional em relação aos que cursaram o segundo grau convencional, revela a pesquisa "Inclusão produtiva de jovens com ensino médio e técnico-profissional: experiência de quem contrata". Além de mapear e entender a percepção das empresas quando o assunto é a inserção de jovens no mercado, o estudo mostra que a contratação de pessoas qualificadas na faixa etária de 18 a 27 anos está cada vez mais difícil. E chama atenção para a necessidade da valorização e ampliação da oferta de cursos técnicos no país.
A pesquisa indica que a taxa de empregabilidade de estudantes que cursaram o ensino médio e técnico é 81,1%, maior em relação aos que possuem somente o ensino médio (76,8%). Retrata ainda que os cargos de nível médio são mais ocupados pelos que têm ensino técnico, com taxa de ocupação de 24,8%, diferença considerável em relação aos estudantes que só têm o ensino médio (10,2%).
Além disso, o estudo mostra que metade dos jovens com ensino médio completo trabalha no comércio ou em ocupações de menor valor agregado, ou seja, a formação técnica possibilita, consideravelmente, a inserção em serviços mais "sofisticados", como na área de tecnologia. Nesse quesito, a chance de contratação para quem tem curso técnico é de 59% contra 51,4% para quem cursou o ensino médio.
Realizada pela Fundação Roberto Marinho, Itaú Educação e Trabalho e Arymax, a pesquisa constata que, no processo de contratação de grandes empresas, o diploma de curso técnico é o principal diferencial na avaliação do currículo para preenchimento de cargos de nível técnico ou médio. No entanto, levam-se em conta as habilidades comportamentais, mesmo que seja preciso melhorar o conhecimento específico para a função.
A permanência e evolução de jovens nas empresas são também fatores relacionados diretamente à apresentação de diploma de curso técnico, afirmaram 42% das entrevistadas, enquanto 61% delas afirmaram que detêm em seus quadros algum gestor com formação técnica em nível médio.
Embora a perspectiva no mundo do trabalho para os jovens com ensino técnico seja positiva, a contratação deses profissionais constitui ainda um grande desafio para as empresas. O estudo revela que 71% delas afirmaram que usam o mesmo tipo de processo seletivo para diferentes níveis de profissionais (ensino médio, técnico e superior).
A maioria das empresas (52%) também considera a experiência na função como fator preponderante na contratação. Não obstante, seis em cada dez empresas afirmaram que o curso técnico completo é um grande diferencial para a contratação de jovens e que a falta de qualificação técnica e de experiência constitui um dos maiores obstáculos para a contratação, depois de fatores socioe-mocionais.
Ainda de acordo com o estudo, a falta de profissionais com nível técnico leva 53% do setor produtivo a oferecer formação prática para alunos do ensino médio ou técnico, por meio de formação ou vagas de estágio. Já no momento da contratação, 45% das empresas afirmaram preferir "indicações" e 22% os "sites de vagas", fatores que representam um grande obstáculo para inserção de jovens com maior vulnerabilidade social.
De acordo com a assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho, Rosalina Soares, a taxa de ocupação de jovens com ensino técnico completo ser maior em relação aos que possuem somente o ensino médio tem relação direta com outras habilidades que fogem aos conhecimentos específicos da profissão. "O pessoal com formação técnica adquire habilidades comportamentais exigidas no mercado de trabalho, faz com que sejam aceitos mais rapidamente nele", explica.
Alerta ainda para o fato de que muitos jovens saem do ensino médio com conhecimentos inferiores aos que passam pelo ensino técnico, e que isso reflete na taxa de empregabilidade. Segundo Rosalina, a implementação do novo ensino médio foi fator decisivo para a execução da pesquisa. "Entre as mudanças estabelecidas no novo modelo, destaca-se a criação dos itinerários formativos, que permitem ao estudante que direcione seus estudos a uma área do conhecimento específica ou à formação técnica. Tivemos a preocupação de qualificar o debate sobre oportunidades de inclusão dos jovens no mercado, assim como dar mais informações sobre o mesmo". Outro fator apontado na pesquisa é a possibilidade de contribuição com a previdência social. Os que detêm ensino técnico apresentam 72,7% nesse quesito.