As matrículas no Ensino Técnico podem ser motivadas por fatores como a busca por um emprego imediato, impulso para ingressar no ensino superior ou aprendizados importantes da vida em sociedade. Mas as oportunidades são inúmeras, e as visões de futuro de cada estudante únicas, como é o caso de Thiemy Lacerda, Ellen, e Pedro Henrique, estudantes do ensino médio no Serviço Social da Indústria (Sesi), no Gama. Eles complementam os estudos com o curso técnico de eletrotécnica no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).(AV)
Thiemy
Para Thiemy Lacerda, 16 anos, de Valparaíso (GO), o interesse pelo curso técnico se deu pela vontade de obter aprendizado prático sobre eletrotécnica e também para garantir maior preparo para seguir no ensino superior. Embora o curso técnico esteja distante da carreira que pretende seguir, uma vez que deseja cursar direito e se tornar delegada federal, Thiemy espera que essa modalidade seja de grande valia em sua vida profissional, principalmente por conta da prática de convivência e trabalho em equipe. "Como a gente trabalha muito manualmente, costumamos estudar em grupo. Isso gera uma interação e vivência com outras pessoas", diz.
Ela defende que o ensino técnico seja implementado em todas as escolas, fazendo com que os estudantes se preparem melhor para o mercado de trabalho, não só pelo aprendizado técnico profissionalizante, mas também pelo preparo psicológico que é oferecido, independentemente do curso escolhido. "Aqui, a gente se prepara muito para o futuro, de forma séria, com foco no trabalho. Existe uma diferença muito grande entre sair do Senai com um curso profissionalizante e concluir o ensino médio e ir direto para o mercado de trabalho", conta.
Ellen
Ellen Paula, 16, escolheu entrar no ensino técnico por influência de familiares, principalmente de sua tia, que, como ela, também optou por cursar eletrotécnica. Na escolha do curso, pesou também a questão financeira, não só para conquistar a tão sonhada independência, mas também para garantir seus estudos no futuro. Ellen conta que já tem um grande plano pela frente para sua carreira: estudar cinema no exterior e se tornar uma diretora e roteirista. Além disso, ela revela que foi motivada pela irmã caçula, Eloísa, de 4 anos, com a qual é muito unida e preocupada. "Eu quero que minha irmã tenha maior tranquilidade e oportunidades. Mais do que eu estou lutando para alcançar", declara.
Ellen reconhece que o ensino técnico representa uma grande possibilidade de futuro para quem não quer fazer faculdade ou deseja trabalhar antes de ingressar no ensino superior, como é o seu caso. Para ela, o ensino técnico está sendo um período de descobertas. "Desde o primeiro ano a gente aprende bastante coisa, seja sobre autoconhecimento ou administração, o que nos aguarda no mercado de trabalho", relata, afirmando que a atração pelo ensino técnico reside na possibilidade de aplicar na prática o que se aprende em sala de aula. "A gente entende o que está fazendo e o que está sendo ensinado. O curso técnico nos ajuda muito, no lado pessoal, intelectual e social, pois a gente consegue conversar melhor com as pessoas. E conhecer pessoas é uma das coisas que mais dão oportunidades para crescermos na carreira", diz.
Pedro Henrique
Pedro Henrique Alves, 16, de Santa Maria, também não vê na eletrotécnica seu principal objetivo. Contudo, ele afirma reconhecer a importância do ensino técnico não só para conquistar melhor qualificação profissional, como também para a vida cotidiana. Ele sonha em cursar odontologia, mas tem como segunda opção seguir a carreira de eletrotécnico. E confessa que a escolha pelo ensino técnico veio por influência de sua irmã, que seguiu no mesmo rumo, e pela visão de que esse modelo de ensino iria lhe ajudar no futuro de alguma forma.
Pedro diz que o ensino técnico ampliou seus horizontes, garantindo-lhe uma visão mais realista e amadurecimento para encarar o mercado de trabalho. "São grandes diferenciais, algo que não se aprende geralmente no ensino médio tradicional. Além disso, a gente aprende a viver em sociedade, a ter uma maneira de se comportar no mercado", relata. Para ele, a interatividade e a ajuda mútua entre os colegas também são pontos a ser valorizado no ensino técnico. Ele defende que essa modalidade de ensino seja acessível a mais pessoas, principalmente alunos de escola pública. "Deveria ser um ensino mais democrático, mais igualitário."