Carreira

Apagão de costureiras assombra o setor de confecções

Problema persiste há mais de uma década e se agravou nos últimos dois anos, de acordo com entidades do setor. Falta de mão de obra qualificada constitui o maior entrave

Jáder Rezende
postado em 13/03/2022 00:01
 (crédito: Ricardo Miorin/Divulgação)
(crédito: Ricardo Miorin/Divulgação)

A designer de modas Natália Viana,  33 anos, investiu na produção de vestidos de noiva e festa no início do ano passado com a intenção de contratar auxiliares para incrementar a produção. "Sinto, cada vez mais, a necessidade de ter pelo menos uma auxiliar para que eu me dedique à criação das peças", diz ela, observando que o segmento de moda noiva foi bastante afetado pela pandemia, mas com o processo de vacinação avançando, muitos casamentos que foram adiados agora estão sendo remarcados, assim como a demanda reprimida voltou a crescer. "Meu sonho é ter uma boa equipe e garantir uma produção que atenda à crescente demanda", confessa a estilista, engrossando o coro dos empresários que se ressentem da falta de costureiras no mercado.

Historicamente, a indústria têxtil de confecção se caracteriza por ser altamente empregadora de mão de obra feminina e também a segunda maior geradora de primeiro emprego. No entanto, o apagão de costureiras assombra o setor há, pelo menos, uma década, situação que vem se agravando nos últimos dois anos.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil de Confecção (Abit), entre 2010 e 2020, a redução de pessoal ocupado assalariado no setor de vestuário chegou a 32%, com perda de 228,8 mil postos de trabalho formais. Já entre 2019 e 2020, essa queda foi de 10%, com a eliminação de 53,9 mil empregos. Da mesma forma, o número de estabelecimentos amargou corte drástico nos dois períodos. Entre 2010 e 2020, a retração chegou a 23%, com 12,8 mil unidades fechadas e, entre 2019 e 2020, a 5%, com 2,2 mil fábricas a menos em operação.

Para o presidente da Abit, Fernando Pimentel, esse encontro de demandantes e ofertadores depende muito da região onde se está inserido. Segundo ele, em algumas áreas, há maior disponibilidade de pessoas para trabalhar em determinadas indústrias e, em outras, mais densamente povoadas e com muitas alternativas de ocupação, verifica-se uma intensa busca por empregados.

"Essa demanda recorrente e constante é porque essa agregação de valor é enorme", diz. "Nas capitais, a dificuldade de contratação é bem maior". Para contornar o problema, observa o empresário, empresas de grande porte mantêm programas recorrentes de treinamento, capacitação e recrutamento.

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