Todo começo de ano, as pessoas fazem promessas que não sabem se vão cumprir. Rodolfo Ribeiro, 36 anos, também fez planos que não conseguiu colocar em prática. No final de 2016, cansado de se prometer objetivos que não saberia se iria cumprir, teve a ideia de criar um aplicativo para gestão e planejamento. Foi assim que nasceu o 7Waves, fazendo referência aos sete desejos que as pessoas geralmente projetam e às sete ondas que devem ser puladas no mar toda virada de ano. Para o ano de 2022, Rodolfo diz que os brasileiros pretendem, antes de qualquer coisa, guardar dinheiro.
Segundo análises feitas por meio do aplicativo, o objetivo mais marcado para ser realizado em 2022, depois de guardar dinheiro (50,75%), é buscar novos conhecimentos (35,85%). Em seguida vem cuidar da saúde (30,9%), evoluir na carreira (26,7%), adquirir bens (20,8%), viajar (6,99%) e abrir o próprio negócio (5,81%).
E esse objetivo ainda se detalha. Do total, a parcela de 23,02% precisa quitar dívidas, 16,19% reduzir despesas, 9,92% guardar dinheiro na poupança, 4,45% fazer previdência. Com a recessão da economia, aumento do desemprego e a insegurança devido à pandemia de covid-19, as pessoas estão muito mais preocupadas em economizar dinheiro para que consigam ter um planejamento financeiro mais flexível em 2022, segundo Rodolfo.
No quarto objetivo, evoluir na carreira, os desejos específicos são ser promovido (10,58%), conseguir um emprego (8,13%) e prestar concurso público (2,18%).
O aplicativo é um organizador de metas. "A gente tem o hábito de fazer sete pedidos e pular sete ondas. O ano acaba passando, e a gente esquece. Estava insatisfeito com minha própria vida, com resultados que obtinha e tive essa ideia", conta.
Executivo de operadora de telefonia na época, Rodolfo vinha de uma carreira em grandes empresas. Na metade de 2017, ele decidiu, junto a outro sócio, largar seu emprego atual para trabalhar com essa nova tecnologia. A ideia deu certo, pois hoje o aplicativo é baixado em mais de 140 países, está disponível em português, inglês e espanhol e tem cerca de 400 mil downloads.
A pesquisa foi feita com 16.119 usuários ativos no app, com representatividade proporcional em todos os estados brasileiros, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. Foram considerados usuários da População Economicamente Ativa, ou seja, de 15 a 65 anos de idade. Assim, foram analisados 30.604 objetivos inseridos no aplicativo de 1 de janeiro de 2020 a 30 de novembro de 2021 que tenham expectativa de conclusão ao longo de 2022. É importante destacar que é possível ter mais de um objetivo.
O top 10 dos objetivos de 2021 foi muito diferente do deste ano no aplicativo 7 Waves. Guardar dinheiro não passou nem perto de ser a finalidade principal da população economicamente ativa em 2021. A meta ficou na oitava posição no ano passado.
Subir de cargo era a preocupação número 15 dos usuários do aplicativo em 2021. Nesse ano, a estabilidade financeira que um cargo mais alto pode dar a alguém subiu oito posições, ficando em 7º lugar.
Brasilienses querem aprender inglês e praticar atividades físicas
Em concordância com o resto do Brasil, os brasilienses também priorizam, para 2022, guardar dinheiro. Mas, em segundo lugar, diferentemente do top 10 Brasil, os residentes do Distrito Federal pretendem praticar atividade física.
Sem dúvidas, o mais inusitado fica em terceiro lugar — este não aparece nem no top 7 do Brasil. O brasiliense está focado em aprender inglês em 2022, o benefício pode ser ótimo para entrevistas de emprego, ou para quem pretende sair do país. Não só utilizado nos Estados Unidos ou países de língua inglesa, esse é um instrumento empresarial de altíssima importância.
Aprimorar conhecimentos
No ano passado, o maior objetivo de Glaucia Cristina Silva, 43 anos, era "sobreviver". Para esse ano, ela pretende ajudar ainda mais seus alunos, pois é coordenadora pedagógica de ensino médio do Colégio Sigma. Seu maior objetivo de carreira, portanto, é auxiliar os estudantes em suas consquistas.
Segundo ela, quanto mais ela desenvolve o trabalho com os alunos, mais fortalece a sua carreira. "Eu tinha uma meta que era dar uma acelerada no meu curso, até para eu formar esse ano", afirma. A professora faz psicologia, além do cargo que tem no colégio se desdobra para também ser uma estudante. Mas sua maior realização continua sendo seus alunos: "Consegui, no meu trabalho, fazer com que os meus alunos alcançassem o objetivo mais positivo, para que eles pudessem e que eu conseguisse auxiliar nisso".
O acompanhamento feito fez com que os alunos terminasse o ano felizes, saudáveis e realizados, de acordo com ela. "Ao final do processo, vi que a gente teve um um alcance muito grande. A efetividade do trabalho foi muito boa e que a gente terminou um ano com com muitos muitos retornos das famílias", explica.
Mesmo em um cenário pandêmico, os adolescentes conseguiram obter um aprendizado efetivo. Segundo ela, a entrega foi boa.
Além disso, Glaucia conta que sempre estabelece desafios a si mesma. "Relacionado sempre a alguma área de estudo", diz. Seu objetivo de todos os anos é, antes de qualquer coisa, seguir aprendendo e aprimorando o conhecimento que tem. Não é à toa que ela trabalhou em diversas escolas nos mais variados cargos.
A pedagoga já foi professora regente, orientadora educacional e coordenadora. No cargo atual, trabalha de forma mais direta com os problemas e questões dos alunos. Para 2022, o plano continua o mesmo, aperfeiçoar o trabalho realizado na escola. Por meio dos estudos, ela consegue trazer conhecimento para melhorar os antendimentos feitos e a forma como trata os alunos. A psicologia, curso que pretende terminar este ano, conversa com a pedagogia, sendo assim, sua meta tem mais chances ainda de ser alcançada.
Estabelecer um plano é fundamental
Sobre a meta de abrir um próprio negócio, que aparece nos objetivos mais cobiçados para 2021, Kessy Martins, 35 anos, já conquistou isso em 2021. Mas acredita que 2022 "promete". Iniciando sua carreira como auxiliar de salão de beleza, a empreendedora esclarece que nessa época não trabalhava com clientes, mas arrumando e organizando o espaço.
Depois disso, foi manicure, depiladora e designer de sobrancelhas. Sua carreira foi crescendo: "Foi toda uma trajetória, né? Um caminho percorrido até aqui, e sempre trabalhando em espaços de beleza".
Ela diz ter vasta experiência nessa área. "São mais de 10 anos", diz. A profissional atua, também, na área de cabelos e micropigmentação. Atualmente, mantém o próprio espaço na Asa Norte e consegue trabalhar sozinha, pois antes dividia um local. Esse era um dos objetivos que ela havia estabelecido para ser realizado em 2021 e conseguiu alcançar.
Para o ano que começa agora, ela fez o compromisso consigo mesma de ser instrutora de curso na área da beleza. "Vai ser aqui no meu espaço, já que tenho local para isso. Estou providenciando todo o material para poder proporcionar às minhas alunas uma experiência incrível", conta.
Além disso, a profissional da beleza pretende ampliar sua equipe, seu engajamento nas redes sociais e aumentar o espaço. "Na verdade, há várias especializações e congressos vindo pela frente neste novo ano", relata.
Planejamento
Daphny Carlos trabalha na Tecnisys desde 2012, mas se tornou gerente financeira a partir de 2017. A jovem é graduada em ciências contábeis e pós-graduada em gestão financeira.
Sua carreira é planejada "desde muito cedo", quando ainda trabalhava como recepcionista no Correio Braziliense. "Sempre busquei conhecimento acadêmico com minha graduação em ciências contábeis e conhecimento prático na área financeira", conta. Quando parou de ser recepcionista, começou a trabalhar como estagiária na Controladoria do Hotel Royal Tulip.
Desde então, ela busca se aperfeiçoar em práticas financeiras, ao ler sobre assuntos voltados à sua rotina de trabalho, como leis tributárias, gestão pública, práticas contábeis e econômicas.
Ela ainda conta que procura se inteirar de assuntos como política, comércio internacional e tecnologia. "Como a Tecnisys é uma empresa que presta serviços ao governo, estou sempre me atualizando sobre leis de licitação e contratos", explica sobre sua rotina.
Sempre no fim de cada ano, ela faz sua programação para o ano seguinte. Destacando rotinas importantes e indispensáveis, ela busca novas ferramentas que possam facilitar seus costumes diários.
No último ano, ela se interessou em adquirir conhecimento para agregar nas atividades que ela faz. "Realizei curso sobre a Lei de Geral de Proteção de Dados — LGPD, curso sobre o novo modelo de licitação e a nova versão da lei de licitações, iniciei um curso sobre a ferramenta Microsoft Power BI.
Para o ano de 2022, Daphny tem como principal objetivo a conclusão desse curso e a utilização do conhecimento adquirido nas ferramentas de gestão da Tecnisys. "A minha meta é sempre obter conhecimento relevante sobre a minha formação", afirma.
Sucesso como empreendedor
Felipe Chaves, 30 anos, está se dando bem no empreendedorismo. “O planejamento ano a ano, de carreira e de vida é o que me fez ter esses resultados que estou tendo hoje”, afirma.
Como estrategista digital, sua meta para este ano é ganhar ainda mais clientes. O faturamento anual de sua empresa precisa chegar a R$ 200 mil, de acordo com Felipe. Dentro do marketing digital, ele pretende ensinar outras pessoas. Sua meta é impactar 100 mil indivíduos com o conhecimento que tem. Mas essa ideia é mais a longo prazo.
Para o YouTube, o jovem quer conquistar pelo menos 1 mil seguidores. Sua finalidade é dar palestras, escrever livros, ministrar aulas e vender cursos. “De todas as formas possíveis”, afirma. Mas o foco para este ano será lançar, no primeiro semestre, um livro.
Felipe lembra que não conquistou muito daquilo que projetou e estabeleceu para 2021, “muito por conta do momento que vivemos”. Em seu livro, ele quer falar de sua história de vida. “Quero contar sobre como decidi empreender, como me livrei do medo que eu tinha de entrar para o empreendedorismo”, diz.
Estudar para concurso
Longe do empreendedorismo está João Queiroz, 26 anos. Atualmente, ele se define como estudante e concurseiro. Formado em serviço social na Universidade de Brasília (UnB), o jovem atualmente está desempregado, mas trabalhou na iniciativa particular por algum tempo.
Ele estuda para concurso desde 2012, mas nunca levou a sério. Nesse tempo, graduou-se e fez mestrado em política social, também na UnB. Quando estudava para certames, era obrigado pelos pais. Por isso, nunca se firmou nesse tipo de estudo.
“Em 2019, quando terminava meu mestrado, tive experiências na área particular que me fizeram escolher o concurso público. Foi aí que decidi pegar firme mesmo. Isso aconteceu um pouco antes da pandemia”, explica.
Seu foco é no legislativo. Ele estuda para o Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas.