Eu, Estudante

Viver de escrita

Professor explica por que literatura não é para amadores

Em entrevista o professor da PUCRS Luiz Antonio de Assis Brasil comenta sobre o trabalho em livrarias e aborda o tema de literatura no Brasil

Luiz Antonio de Assis Brasil é doutor em Letras, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), ministrante da Oficina de Criação Literária do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras da instituição desde 1985, romancista, ensaísta e cronista, além de autor do livro Escrever ficção, principal manual teórico de escrita criativa do Brasil. Para ele, a literatura não é para amadores e deve representar o melhor da capacidade intelectual e afetiva de quem a produz.



Como é viver de escrita no Brasil?
Viver de direitos autorais é uma quimera para 99%. Mas se somar algum emprego, oficinas, pareceres, cursos, palestras, é possível pensar em viver da escrita.

Como alguém pode se capacitar para trabalhar com escrita criativa?
Estudando, mas mais do que isso, ler, ler muito. E escrever. E ouvir os outros. E fazer um curso profissional de Escrita Criativa, que já existe como graduação, especialização, mestrado e doutorado.

Qual é o perfil ideal desses profissionais?
Trabalham com afinco e não se fascinam pelo sucesso.

Além da escrita, que outras áreas de atuação existem hoje no mercado editorial?
Existem, sim, mas, para isso, é preciso ter competência. Dar oficinas [hoje, todo escritor ministra uma oficina], dar pareceres para editoras ou trabalhar nelas, ministrar cursos, dar conferências pagas, dar aulas regulares de literatura. São campos que crescem em nosso país.

Que conselhos o senhor daria para quem quer ser escritor?
Ler, ler, ler. Escutar os outros. Escrever, escrever, escrever. Se possível, frequentar uma oficina literária e cursos acadêmicos. A literatura deve representar o melhor de sua capacidade intelectual e afetiva. Não é para amadores. O Brasil já está saturado de amadores – em todas as áreas.

E para quem quer trabalhar no mercado editorial como um todo?
Saber como ele funciona. Não pode ser ingênuo, pois o mercado editorial é um uma atividade econômica – embora, na essência, seus dirigentes tenham sensibilidade para a literatura.

 

Luiz Antonio de Assis Brasil | Docente da PUCRS