O Startup in School (SIS) é um programa estudantil que incentiva o empreendedorismo tecnológico entre os estudantes do 9º ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal, com apoio do Google e Ideias de Futuro. Após um mês fazendo um curso de inovação e empreendedorismo tecnológico, os 10 melhores grupos participaram de uma competição para seleção das startups que melhoram o dia a dia da cidade onde moram ou da região.
Procura-se DF foi o projeto mais pontuado da edição deste ano do Distrito Federal. Os vencedores foram os alunos do Centro de Ensino Médio de Sobradinho 01 Arthur Silva Pereira,15 anos; Carla Bianca, 16; Leandro Coelho,16; Nicolle Martins, 16; e Yorran Medeiros, 15. A startup do grupo criou um aplicativo para divulgar pessoas e animais desaparecidos.
Membro do Clube de Ciência da escola, Yorran, 15 anos, se inscreveu no SIS DF assim que soube da oportunidade. "Eu pensava que seria apenas um curso, não que iríamos desenvolver um aplicativo", lembra. Na primeira etapa do programa, os estudantes têm um mês de aula, na qual aprendem o básico sobre modelo de negócio e como desenvolver protótipos. Depois, participam da competição.
Foi Yorran que teve a ideia do aplicativo: "Eu estava indo para escola e vi que, nas paradas de ônibus de Sobradinho, vários anúncios de pessoas e animais desaparecidos, mas eles não atualizam quando encontram as pessoas porque é mais difícil. Então, chamei o grupo e falei que achava interessante abordar esse tema", conta o estudante. Quem desenvolveu o aplicativo foi o colega Leandro Coelho.
O prêmio de R$ 2 mil foi dividido entre os estudantes, mas eles pretendem investir em material escolar para as aulas virtuais. As professoras Ângela Maria Moraes Dantas,35, e Valéria Pereira Soares,34, que acompanharam o projeto, vão receber R$ 200, cada uma. A quantia será usada para reformar a sala do Clube de Ciência, que precisa ser pintada e organizada. Além do vale-presente para os alunos e professores, os estudantes terão quatro meses de mentorias especializadas para desenvolvimento e lançamento no mercado.
Este foi o quarto evento do SIS 100% digital de 30 edições presenciais. Oswaldo Cruz, um dos organizadores da ação, explica que as aulas on-line exigiram uma certa adaptação. "No ensino presencial, há contato e empatia entre os professores e os alunos de forma facilitada, o que permite engajar mais os estudantes. No on-line, a distância cria uma barreira para isso, e você precisa achar maneiras de desafiar os alunos e de fazer com que eles trabalhem em grupo', diz.
Fake news
O aplicativo Hermes, desenvolvido por cinco alunas do Centro de Ensino Médio 01 do Gama, ficou em segundo lugar na competição. Ana Gabrielly Ribeiro, 17 anos, Enzo Yãn Freiras, 17, Clara Santos, 17, Isabela Alves, 17, Melissa Miranda, 16, e Mylena Matos Rocha, 16, criaram um app para combater as notícias falsas. A principal funcionalidade do aplicativo é "informar, de modo claro e objetivo, apresentar oportunidades, incentivar o olhar holístico do jovem e promover o protagonismo voltado para o ensino médio", diz Isabela Alves. Em junho, as estudantes participaram de uma simulação de Havard e perceberam que o nível dos alunos de lá era muito alto. Por isso, resolveram criar o Clube de Debate na escola. Com encontros semanais sobre temas diversos, surgiu, também, o Jornal do Clube de Debate, em formato de site. O aplicativo foi uma extensão desse projeto.
"As fake news eram um problema recorrente na sala de aula. Por meio do jornal do clube de debate, tínhamos um conhecimento do que seria feito. Então, pensamos no app", explica a estudante. O dinheiro ganho da premiação (R$ 1 mil) será investido totalmente no aplicativo: 'É que precisamos de publicidade".
Agora, os dois grupos vão começar a mentoria com os dois patrocinadores do evento, o Google e o Ideias de Futuro, empresa que ajuda a criar projetos sociais de educação. "A gente gosta de dizer que quem ganha o prêmio ganha mais trabalho. Porque eles vão ter quatro meses de acompanhamento profissional para evoluir ainda mais a ideia e ter a chance de lançar um protótipo", afirma Oswaldo Cruz, engenheiro ambiental pela USP.
Isabela planeja os passos para os próximos meses: "Vamos instalar o aplicativo em várias escolas, principalmente nas públicas. E queremos ter um bom engajamento pelas redes sociais dos alunos."
Outras categorias
Um projeto de app para conectar consumidores de baixa renda e pequenos estabelecimentos de bairro (mercadinhos e farmácias), na busca de produtos mais baratos, conquistou a categoria Inovação. A startup Orange Bag foi desenvolvida pelos alunos Gustavo Henrique de Almeida, Maria Eduarda Araújo, Mayra Gomes Simão e Nycollas Pereira, do Centro de Ensino Fundamental 01 do Paranoá.
Na categoria Atitude Empreendedora, o projeto Virtual Designer venceu a competição. Trata-se de uma consultoria para digitalizar pequenos negócios, desenvolvido pelos alunos Paulo Rodrigo, Diego Santiago, Victor Hugo, do Instituto Federal de Brasília, câmpus São Sebastião. (MC)
*Estudante de jornalismo a UnB sob a supervisão e Ana Sá