Pandemia dificultou o processo

Ana Luisa Araujo Malu Sousa*
postado em 31/10/2021 06:00 / atualizado em 31/10/2021 06:00
Jéssica Frota não colou grau ainda, mas já está empregada -  (crédito: Arquivo pessoal)
Jéssica Frota não colou grau ainda, mas já está empregada - (crédito: Arquivo pessoal)

Desempregada atualmente, Anna Luiza de Almeida, 23 anos, estagiou durante a graduação e foi voluntária por um mês na Defensoria Pública, ainda no segundo semestre do curso. No quarto semestre, foi estagiária no Palácio do Itamaraty por pouco mais de um ano. Depois, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ficou dois anos, até meados de 2020. Antes do fim do contrato, a bacharel em direito já tentou emprego ou vaga de estágio em escritórios de advocacia. Sem sucesso.

"Até hoje, mando diariamente currículo para várias vagas de empregos, mesmo fora da minha área, como auxiliar administrativa, secretária, recepcionista…", conta. Nem dentro do seguimento de formação, nem fora dele, Anna consegue ser contratada. "Está muito complicado", desabafa.

A jovem atribui a dificuldade ao fato de não ter carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Quando a gente se forma em direito como bacharelado, não consegue fazer quase nada da profissão", diz. Pessoas formadas em direito que não são habilitadas pela OAB só podem fazer consultoria ou assessoria jurídica. Anna fez a primeira e a segunda etapa do último certame, mas não passou e fará novamente a prova do Exame de Ordem em dezembro deste ano.

"Vou advogar por necessidade, no primeiro momento, mas quero ser defensora pública e professora universitária. Pretendo começar um mestrado no ano que vem", planeja. Por conta dessas condições, a jovem está limitada a procurar vagas de assistente/auxiliar na área do direito, ou outros cargos que aceitem qualquer formação.

Anna sente que a pandemia dificultou o processo para conseguir uma colocação. "Não ajudou muito, porque houve empresas que fecharam, que adotaram regime de home office, não contrataram mais gente ou reduziram pessoal. Muitas pessoas estão procurando emprego e não tem vaga para ser ofertada", relata.

A jovem vê a falta de experiência como empecilho para atuar fora do ramo jurídico. "Dificulta bastante, porque, às vezes, eu não tenho o que é necessário para ser contratada como vendedora, por exemplo. Não tenho experiência em vendas." Desde 2020, ela só foi chamada para três entrevistas, tendo passado em duas. A advogada não aceitou porque uma delas oferecia remuneração equivalente ao valor pago para estagiários de ensino médio, algo em torno de R$ 500. A outra chance era em uma empresa de venda de cursos que pagava por meio de comissão e, para ela, não valia a pena. 

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